A United Airlines está prometendo reviver a era da aviação civil supersônica quase 20 anos depois que esta chegou ao fim, com a aposentadoria do jato Concorde.
A companhia americana encomendou 15 aeronaves capazes de voar mais rápido que o som, da startup Boom Supersonic, baseada em Denver (Colorado), com o objetivo de transportar passageiros em 2029.
O acordo é condicionado a que a aeronave cumpra "os padrões de segurança, operação e sustentabilidade" da United, avisou a empresa.
Caso tenha sucesso, o chamado Overture será capaz de voar em velocidade Mach 1.7, ou 1,7 vez a velocidade do som.
Isso poderá permitir que o avião reduza pela metade o tempo das viagens, fazendo percursos entre Londres e Newark, na costa leste dos EUA, em apenas três horas e meia, ou entre San Francisco e Tóquio em seis horas.
A Boom disse que o preço de cada aeronave Overture é US$ 200 milhões (R$ 1 milhão), e acrescentou que "nenhuma de nossas encomendas ou pré-encomendas inclui desconto".
O avião também poderá usar combustível de aviação sustentável, disseram as duas companhias.
O Overture poderá transportar entre 65 e 88 passageiros e terá um alcance de 4.250 milhas náuticas, segundo Boom.
O objetivo da aeronave é tentar seu primeiro voo em 2026, com passageiros sendo transportados já em 2029. Sob os termos do acordo, a United tem a opção de comprar mais 35 aeronaves.
Embora os termos completos do negócio não tenham sido revelados, é de todo modo um voto de confiança na Boom, que foi fundada em 2014 e levantou US$ 270 milhões (R$ 1,3 bilhão) de firmas de capital de risco e outros investidores.
A companhia ainda não construiu um avião que tenha voado. A Boom disse que um avião protótipo, o XB-1, deverá voar no final deste ano ou início do próximo.
Um dos muitos desafios que a companhia enfrenta é conseguir a aprovação da Administração Federal de Aviação e de reguladores de outros países para o jato. A Boom disse que projeta o Overture para ser "75% menos caro que o Concorde para as companhias aéreas operarem e rentável com tarifas semelhantes às da classe executiva".
A aposta supersônica da United ocorre apenas algumas semanas depois que a Aerion Supersonic, baseada em Nevada, anunciou que está encerrando suas operações.
A companhia, que contava com a Boeing entre seus apoiadores e tinha contratado a General Electric para fornecer seus motores, disse no mês passado que não conseguiu dinheiro suficiente para começar a fabricar seu planejado jato particular AS2, apesar de ter encomendas significativas.
A era da aviação comercial supersônica teve um fim abrupto em 2003, com a aposentadoria do Concorde.
Um acidente fatal em julho de 2000, quando um Concorde se incendiou pouco depois de decolar do Aeroporto Charles de Gaulle em Paris, matando 113 pessoas, levou à suspensão de todos os aviões desse tipo durante quase um ano.
Os atentados terroristas de 11 de Setembro no ano seguinte, que causaram uma redução acentuada das viagens, foram o golpe final no programa, levando a British Airways e a Air France a fecharem a fábrica.
Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves
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