As enquetes de Musk no Twitter, os negócios entre big techs e Bolsas e o que importa no mercado
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Musk quer que você decida o futuro dele no Twitter
Desde que comprou o Twitter em outubro por US$ 44 bilhões, o bilionário Elon Musk tem tomado algumas decisões sobre a plataforma com base no resultado de enquetes. Neste domingo, o negócio tomou outra proporção.
O dono da plataforma perguntou aos usuários se ele deveria deixar o comando da rede social. A pesquisa fica no ar até a manhã desta segunda (19). Em pouco mais de quatro horas de votação, obteve 10 milhões de votos, e o "sim" ganhava com 56,3%.
No sábado, outra enquete: quando as contas que "mostravam a localização" de Musk em tempo real deveriam deixar de ser suspensas, em sete dias ou ao fim da votação.
- O "agora" venceu com 58,7%, e contas de vários jornalistas de veículos como New York Times, CNN e Washington Post foram reativadas.
- Segundo Musk, esses usuários supostamente compartilharam dados públicos da localização do empresário. O banimento dos perfis foi criticado por entidades de liberdade de imprensa e de expressão.
- O bilionário justificou a decisão dizendo que o carro com um de seus filhos teria sido seguido como suposto resultado de uma conta que mostravam sua localização. A polícia diz não ver relação entre as duas coisas, relata o Washington Post.
- O perfil automatizado ElonJet, que rastreava o avião particular de Musk usando informações públicas e que deu origem à polêmica, ainda não havia sido reativado até a noite deste domingo.
Na sexta, Musk promoveu uma discussão sobre o assunto no Spaces, ferramenta do Twitter, que contou com a participação de jornalistas que foram banidos. O Spaces ainda saiu do ar logo após a transmissão, mas voltou horas depois.
Também neste domingo, o Twitter informou que vai remover contas criadas exclusivamente para promover outras plataformas. As plataformas citadas são Facebook, Instagram, Mastodon, Truth Social, Tribel, Nostr e Post.
- No fim da noite, porém, os tuítes que anunciavam essa nova política foram excluídos.
Startup da Semana: NotCo
O quadro traz às segundas o raio-x de uma startup que recebeu aporte recentemente.
A startup: fundada em 2015 em Santiago, no Chile, ela desenvolve hambúrgueres, leite, sorvete e maionese a partir de plantas.
Em números: a NotCo anunciou na última semana uma extensão de US$ 70 milhões (quase R$ 370 milhões) em sua rodada série D, iniciada em julho do ano passado com uma captação de US$ 235 milhões (R$ 1,240 bilhão), que a avaliou em US$ 1,5 bilhão (R$7,92 bilhão).
Quem investiu: o aporte atual foi liderado pelo Princeville Capital, mas a rodada teve como investidores os fundos Tiger Global DFJ Growth Fund e também contou com nomes conhecidos, como Jeff Bezos, fundador da Amazon, Lewis Hamilton, piloto de Fórmula 1, o tenista Roger Federer e Jack Dorsey, fundador do Twitter.
Que problema resolve: a startup usa IA (inteligência artificial) e uma base de dados de plantas para criar receitas que simulam alimentos de origem animal.
- Boa parte do aporte recebido nessa extensão irá para a ferramenta de IA da startup, nomeada de Giuseppe.
Por que é destaque: a NotCo registrou o maior aporte anunciado por startups latinoamericanas na semana passada e atua no mercado de alimentos à base de plantas, que deve movimentar entre US$ 100 bilhões e US$ 370 bilhões até 2035, segundo a The Good Food Institute.
- A empresa ainda tem parcerias com gigantes do segmento de alimentação, como a joint venture com a Kraft Heinz.
A semana em resumo
Foram 32 rodadas de captação na América Latina, com US$ 243,6 milhões (R$ 1,286 bilhão) em investimentos.
Os dados foram fornecidos pela plataforma Sling Hub.
O que as big techs querem com as Bolsas
O negócio envolvendo a Microsoft e a LSEG (Bolsa de Valores de Londres), em que a big tech gastou US$ 2 bilhões para comprar 4% de participação na companhia britânica, confirma a tendência da entrada das gigantes no mercado de capitais.
- No ano passado, também deram esse passo o Google, que comprou uma parte da CME, Bolsa de Chicago, por US$ 1 bilhão, e a Amazon, que fechou um negócio com a Nasdaq.
O que explica? Todas as transações envolvem um mesmo tipo de acordo: um contrato de computação em nuvem dos sistemas das big techs com as Bolsas.
- A aposta é numa digitalização cada vez mais intensa no mercado, que deve seguir dando o tom das transações e municiar dados financeiros para inteligência artificial.
No Brasil, a B3, que toca a Bolsa brasileira, também se movimenta nesse sentido. Em novembro, anunciou a compra da Neurotech, de inteligência artificial, por até R$ 1,1 bilhão, e no ano passado adquiriu a Neoway, de big data, por R$ 1,8 bilhão.
O que cada um ganha com esses negócios?
- As Bolsas levam sua infraestrutura para a nuvem, o que dá para elas maior poder de processamento e permite que agreguem seus dados com maior rapidez e flexibilidade.
- As big techs miram o retorno financeiro. A Microsoft espera gerar US$ 5 bilhões (R$ 26,4 bilhões) em receita por meio da parceria de dez anos. Tem também a aproximação com outras empresas financeiras que podem virar clientes.
Os serviços de computação em nuvem da Amazon, Microsoft e Google tiveram uma participação de mercado combinada de 66% globalmente no terceiro trimestre deste ano, segundo o Synergy Research Group.
De parceiro a rival? A aproximação e o estilo agressivo da tática de negócio das big techs levam alguns especialistas a imaginar que, no futuro, elas possam sair do papel de fornecedor amigável para se tornar uma grande ameaça, competindo no mesmo mercado.
Renda fixa cada vez mais ‘variável’
A partir de 2 de janeiro de 2023, os investidores com títulos privados de renda fixa passarão a perceber uma diferença nos extratos de bancos e corretoras.
Papéis como debêntures e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e do Agronegócio (CRA) terão de seguir uma regra conhecida no jargão como marcação a mercado.
Entenda: ela atualiza periodicamente os preços dos títulos de renda fixa de acordo com determinados riscos. Pode ser o da empresa emissora do papel (risco de crédito), ou por alteração no cenário macroeconômico (risco de mercado).
- Quando a aversão ao risco aumenta e o mercado passa a precificar alta de juros, os preços dos papéis caem automaticamente, considerado o valor que o investidor pagou pelo ativo.
- Caso o título seja carregado até o vencimento, o investidor recebe a taxa prometida.
Como (ainda) é: os títulos emitidos pelas empresas são marcados na curva, modalidade em que a volatilidade dos papéis não aparece nos extratos dos investidores. Há apenas a indicação do valor projetado a ser recebido no vencimento do papel.
- A partir de janeiro, os títulos privados, portanto, seguirão no mesmo formato dos papéis do governo negociados no Tesouro Direto.
De um lado, o investidor conseguirá saber quanto vale seu título caso queira negociá-lo. Do outro, a volatilidade diária pode assustar investidores desacostumados com o sobe e desce na renda fixa.
Mais sobre mercado financeiro:
- Um ano depois do IPO na Bolsa de Nova York, ações do Nubank acumulam queda de quase 60% em relação ao preço de estreia.
- Política fiscal vai ditar ritmo da Bolsa brasileira em 2023, dizem analistas, enquanto estrangeiros estão mais otimistas com o Ibovespa.
- Descubra no blog De Grão em Grão se vale aproveitar a contribuição em PGBL ainda neste ano.
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