Executiva da Baidu pede demissão após dizer que não se importa com vida pessoal da equipe

Vídeos postados no TikTok da China reacenderam debate sobre cultura de trabalho do setor de tecnologia do país

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Zheping Huang
Bloomberg

A chefe de relações públicas da empresa chinesa Baidu renunciou ao cargo após postar uma série de vídeos endossando um regime de trabalho exaustivo e fazendo pouco caso do bem-estar dos funcionários, reacendendo o debate sobre a cultura "996" implacável da indústria de tecnologia chinesa.

Qu Jing pediu demissão nesta quinta-feira (9), de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto, após postar pelo menos quatro vídeos nos quais falava sobre manter seu celular ligado 24 horas por dia e advertia subordinados a seguirem as regras.

"Eu não sou sua mãe", disse em um dos vídeos postados no Douyin, versão chinesa do TikTok.

Qu Jing, chefe de comunicação da Baidu - Qu Jing no Douyin

Os comentários da executiva repercutiram nas redes sociais na China, onde há um debate sobre as exigências que a indústria de tecnologia impõe à sua força de trabalho, em grande parte jovem.

Apelidada de "996" por causa da tendência de exigir que os funcionários trabalhem das 9h às 21h seis dias por semana, a prática foi questionada após mortes inexplicadas de vários funcionários do setor ganharem manchetes.

"Posso te deixar desempregado nesta indústria", disse a executiva em um dos vídeos. Ela acrescentou que precisava de funcionários dedicados o suficiente para fazer 50 dias seguidos de viagens de negócios ao seu lado e não se importava se isso afetasse suas vidas pessoais. "Não sou sua mãe", disse. "Eu só me importo com os resultados."

Qu também disse que era tão dedicada à Baidu que não sabia em que ano escolar estava seu filho.

A executiva postou os vídeos no Douyin com a intenção de que os clipes servissem como exemplos para sua equipe sobre como usar as redes sociais para promover a Baidu. Ela posteriormente se desculpou, dizendo que aquelas eram suas opiniões pessoais e não da empresa.

Procurado por mensagem, um porta-voz da Baidu não respondeu a pedido de comentário.

Pequim alertou as empresas sobre o trabalho excessivo durante uma ampla repressão ao setor que começou em 2020, embora a prática tenha persistido —especialmente com as vagas de empregos diminuindo em meio a uma desaceleração econômica.

Embora Qu tenha recebido uma infinidade de respostas indignadas, alguns comentaristas nas redes sociais disseram que ela estava apenas falando a verdade sobre um setor que agora está lutando para crescer.

Até a noite desta quinta-feira (manhã de sexta na China), a executiva havia excluído seus vídeos e seu perfil continha apenas seu pedido de desculpas.

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