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Descrição de chapéu Itamaraty

Lula diz a empresários espanhóis que Brasil será canteiro de obras

Presidente ataca juros brasileiros, porém, e sugere a ibéricos que procurem empréstimos mais baratos

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Madri

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse a empresários espanhóis nesta terça (25) que vai transformar um Brasil num canteiro de obras, O discurso aconteceu no Encontro Empresarial Espanha-Brasil, realizado no centro de Madri. Ele chegou à capital espanhola, vindo de visita a Portugal, no meio da tarde.

"Queremos atrair uma nova leva de investimentos espanhóis. Vamos transformar o Brasil em um canteiro de obras, trabalhando em portos aeroportos, rodovias, ferrovias e hidrovias", afirmou Lula, acrescentando que há um projeto de infraestrutura a ser lançado em maio.

Também agradeceu aos empresários espanhóis que investem no Brasil, mas voltou a reclamar da taxa Selic. "É impossível fazer investimento com uma taxa de juros de 13,75%. É impossível", afirmou. E arrancou risadas da plateia ao dizer "eu espero que a Espanha coloque dinheiro para emprestar mais barato para a gente poder ter empresário que vem aqui buscar dinheiro emprestado".

O presidente Lula e a ministra espanhola Nadia Calviño em evento para empresários nesta terça (25) em Madri - Juan Medina/Reuters

O presidente repetiu ainda que espera que o acordo do Mercosul com a União Europeia (UE) seja finalizado ainda neste ano. Embora o texto ainda esteja em revisão jurídica, bem longe de ser submetido às diversas aprovações necessárias nos blocos e nos países-membros, o presidente brasileiro disse estar otimista: "Eu acho que a Espanha na presidência da UE ajudará muito para que esse acordo aconteça. Um acordo que eu esperava ter assinado quando nos meus primeiros mandatos."

O evento para cerca de 150 empresários terminou por volta das 19h15 (14h15 em Brasília) e teve o encerramento feito por Lula e pela ministra espanhola de Assuntos Econômicos e Transformação Digital, Nadia Calviño. Não houve sessão de perguntas da imprensa com Lula.

"Nos últimos anos, se passou de tudo. Uma pandemia, uma guerra com consequências humanitárias, energéticas e de segurança. E atenção aos falsos dilemas. De que não se pode crescer ao mesmo tempo em que se diminui a desigualdade. Ou de fazer a transição ao mesmo tempo da crise energética", disse Calviño.

"Uma prioridade do governo espanhol é o fechamento do acordo entre a União Europeia e o Mercosul", afirmou, recebendo aplausos da plateia.

Antes, falaram o ministro espanhol da Indústria, Comércio e Turismo, Héctor Gómez, e o brasileiro Márcio Elias Rosa, secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Os temas abordados variaram entre aumentar a parceria no âmbito comercial e atrair investimento brasileiro para a Espanha, assim como levar mais investimento espanhol ao Brasil.

De acordo com o governo brasileiro, o estoque de investimentos espanhóis no Brasil é de US$ 63 bilhões (R$ 320 bilhões), com uma média de ingressos de US$ 4 bilhões (R$ 20 bilhões) por ano nos últimos dez anos.

Houve ainda uma mesa-redonda com executivos de empresas espanholas com casos de sucesso no Brasil, como Telefónica, Latam e Mapfre. Todas as falas foram breves e o evento todo durou cerca de uma hora e meia.

Segundo o secretário geral do departamento de Assuntos Econômicos e G20, Manuel de la Rocha, a Espanha também tem interesse em investir em grandes projetos no Brasil. "Queremos conhecer melhor os programas de infraestrutura e conseguir contratos no Brasil. Água, saneamento e energia renovável, por exemplo", disse De la Rocha.

Essa intenção, no entanto, deve esbarrar nas ideias mais estatizantes de Lula e do PT. Na segunda, por exemplo, ele voltou a criticar a privatização da Eletrobras em evento em Lisboa, que dividiu com o primeiro-ministro português, António Costa

Outras falas de Lula no evento foram a respeito da Guerra da Ucrânia, assunto no qual fez declarações mal recebidas pela comunidade internacional e depois se retratou. "Uma guerra insana. Guerra que eu compreendo perfeitamente bem como meus amigos europeus a veem. Não se pode aceitar que um país invada outro. Mas ninguém está falando em paz. Falei com Scholz, Macron, Biden, Jinping (líderes da Alemanha, França, EUA e China). O que pode evitar uma guerra mundial é encontrar um denominador comum que possa encontrar a paz e estamos empenhados."

"Lamentavelmente houve um retrocesso. O Brasil se afastou do mundo. É com muita tristeza que fico sabendo que sou o último presidente a vir aqui. E que há seis anos nenhum governante brasileiro visitou a Europa", disse.

"É obsessão recuperar a credibilidade do Brasil diante do mundo. Sobretudo na questão climática e também no crescimento econômico e na Guerra da Ucrânia. Todo mundo sabe que o Brasil tem potencial extraordinária e vamos usar isso para melhorar a vida do povo brasileiro, que hoje tem 33 milhões de pessoas passando fome", finalizou, após cerca de meia hora de discurso.

Lula veio à Espanha para dois dias de compromissos oficiais após sua passagem por Portugal. O primeiro foi esse encontro empresarial. Na quarta, ele será recebido pelo premiê espanhol Pedro Sánchez, às 10h (horário de Madri), no Palácio de Moncloa, sede do governo.

Em seguida, participará de um almoço com o rei Felipe 6° no Palácio Real, evento sem acesso para a imprensa. O presidente deve voltar a Brasil ainda na quarta.

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