Descrição de chapéu Eletrobras

Em Portugal, Lula volta a atacar privatização da Eletrobras

Presidente do Brasil criticou também remuneração dos conselheiros da companhia

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Lisboa

Em discurso para empresários portugueses e brasileiros reunidos em Portugal, o presidente Luíz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar as privatizações realizadas por seus antecessores, com destaque para a venda da Eletrobras.

Depois de afirmar que nos últimos seis anos o país vendeu patrimônio "simplesmente para pagar juros da dívida pública", o petista criticou o aumento salarial da administração da antiga estatal.

"Quando essa empresa foi vendida, a primeira coisa que a diretoria fez foi aumentar seus salários, de R$ 60 mil para R$ 360 mil por mês", disse.

O presidente também atacou a remuneração dos conselheiros da companhia e classificou a situação como desfaçatez ocorrida em anos de obscurantismo.

Presidente Lula faz discurso em fórum empresarial em Matosinhos, Portugal - Miguel Riopa/AFP

"Se você quiser ver apenas um absurdo, eu agora tenho de indicar um conselheiro para essa empresa. Um conselheiro dessa empresa, para trabalhar uma vez por mês, ganha R$ 200 mil."

As declarações foram feitas na manhã desta segunda-feira (24), no Fórum Empresarial Portugal-Brasil, realizado em Matosinhos, no Norte do país ibérico. O evento contou ainda com a presença do primeiro-ministro luso, António Costa.

O presidente brasileiro aproveitou a ocasião para repetir para a plateia, composta por mais de 150 empresários de ambos os países, as queixas sobre a taxa de juros determinada pelo Banco Central.

"A nossa taxa de juros é muito alta. No Brasil, a taxa Selic, que é a taxa referencial, está em 13,75%. Ninguém toma dinheiro emprestado a 13,75%. Ninguém. Não existe mais dinheiro barato", afirmou. "A verdade é que um país capitalista precisa de dinheiro, e esse dinheiro tem de circular. Não apenas na mão de poucos, mas na mão de todos."

Lula exaltou ainda a parceria entre Portugal e Brasil e a reaproximação entre as nações.

Por sua vez, o premiê António Costa reafirmou que seu país está disponível para auxiliar o Brasil a destravar o acordo entre o Mercosul e União Europeia.

"O Brasil pode sempre contar com Portugal como verdadeiro ponta de lança para trabalharmos par a conclusão, tão rápida quanto possível, do acordo centre a União Europeia com Mercosul", disse.

Coube ao português também o elogio à parceria de Portugal com Embraer, com destaque para o projeto do KC-390 Millennium. Em 2019, o governo luso encomendou cinco dessas aeronaves de carga produzidas no Brasil.

O primeiro avião foi entregue a Portugal recentemente e irá transportar Lula, Costa e a comitiva de volta à região de Lisboa, onde os dois chefes de governo visitam as instalações da OGMA, empresa aeronáutica com participação acionária da Embraer.

"O KC-390 é só um exemplo do muito que podemos fazer em conjunto. Por isso quando aterrissarmos, vamos testemunhar a assinatura de um novo protocolo, agora para a adaptação de uma outra aeronave da Embraer aos padrões da Otan, com o projeto A-29 Super Tucano", disse Costa.

Com a adequação da produção do caça aos exigentes padrões da aliança militar, a empresa brasileira quer exportar a aeronave para outros países europeus.

Depois da agenda econômica, Lula participa ainda da entrega do prêmio Camões de Literatura a Chico Buarque.

O último compromisso oficial do petista em Portugal é um discurso no Parlamento, na manhã de terça-feira (25), feriado nacional que assinala a Revolução dos Cravos. O presidente embarca em seguida para Madri, onde tem encontros marcados com o rei e o primeiro-ministro.

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