Descrição de chapéu chuva

Falta de chuva na Espanha eleva preços do azeite a níveis recordes

Condições contínuas de seca deixam traders e analistas preocupados com a produção deste ano

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George Steer
Londres | Financial Times

A falta de chuvas na Espanha elevou os preços do azeite a níveis recordes, com analistas alertando que um verão particularmente seco poderá gerar colheitas ainda menores no final deste ano.

Os preços do azeite subiram quase 60% desde junho, para cerca de 5,4 libras (R$ 33) por quilo, devido a uma forte seca na Europa que no ano passado arruinou as safras de azeitona em todo o continente.

A Espanha, maior produtor de azeite, foi particularmente atingida. Os agricultores do país normalmente produzem metade do azeite do mundo, embora a oferta anual tenha caído pela metade, para cerca de 780 mil toneladas, nos últimos 12 meses.

"Em 20 anos no setor, nunca vi esses preços", disse Vito Martinelli, analista de grãos e oleaginosas do Rabobank. O ano passado "foi um desastre" para a Espanha, e a colheita na Itália "também foi má, assim como em outros países do Mediterrâneo".

Garrafas de azeite alinhadas em uma fábrica, em Dos Hermanas (Espanha) - Marcelo del Pozo -21.set.12/Reuters

O ano de 2022 foi o mais seco na Itália desde 1800, disse a empresa de análises de dados Centro Studi Divulga.

As prolongadas condições de seca na Espanha estão lançando dúvidas sobre uma recuperação da produção este ano. O mês passado foi o segundo março mais quente da Espanha neste século e o segundo mais seco, de acordo com a agência meteorológica do país.

Abril deverá ser o mais seco já registrado, segundo previsões. O meteorologista espanhol disse esta semana que "nem uma única gota" de chuva caiu em mais da metade do país nos primeiros 17 dias de abril, com chuvas 23% abaixo do normal desde o início do ano hidrológico, em outubro.

O clima excepcionalmente seco neste verão pode manter os preços elevados. "Acredita-se que as chuvas esporádicas na Andaluzia e na Espanha em geral não sejam suficientes", disse Kyle Holland, analista de oleaginosas e óleos vegetais da Mintec, empresa de dados de commodities.

O azeite é colhido na zona mediterrânica entre outubro e fevereiro, e por isso, "se não chover logo, vamos ter novamente uma colheita ruim", acrescentou Holland. "A oferta de azeite de boa qualidade também está diminuindo, pois não há muito por aí e os compradores naturalmente querem boa qualidade. Nesse ritmo, os agentes do mercado estão dizendo que teremos sorte se houver bons azeites no resto da temporada."

Outros estão menos preocupados. "O aumento dos preços, principalmente na Espanha, é uma boa notícia porque finalmente, talvez, tenha acabado a corrida ao fundo do poço que prejudicou todos os produtores europeus e deprimiu todo o mercado", disse David Granieri, presidente do Sindicato Nacional dos Produtores de Azeitonas.

"Nestas condições, acreditamos que os produtores que nos últimos anos multiplicaram seus esforços para proteger a biodiversidade e produzir azeites de alta qualidade poderão finalmente ser valorizados como merecem."

*Colaborou Emiko Terazono, em Londres

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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