Siga a folha

Descrição de chapéu América Latina

FMI vê crescimento econômico do Brasil de mais de 2% em 2023

Estimativa foi revisada devido ao aumento na produção agrícola no primeiro trimestre e seus efeitos sobre os serviços

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Camila Moreira Andrea Shalal
São Paulo e Washington | Reuters

O Fundo Monetário Internacional melhorou sua estimativa para o crescimento da economia do Brasil neste ano depois do forte desempenho no primeiro trimestre, mas rebaixou a perspectiva para 2024 em relatório divulgado nesta terça-feira.

Na atualização de seu relatório Perspectiva Econômica Global, o FMI passou a ver uma expansão do Produto Interno Bruto do Brasil de 2,1% em 2023, um aumento de 1,2 ponto percentual em relação à estimativa de abril. No entanto, para 2024 a projeção do FMI foi reduzida em 0,3 ponto percentual, para 1,2%.

Segundo o FMI, a revisão para cima na estimativa deste ano se deve "ao aumento na produção agrícola no primeiro trimestre de 2023, com repercussões positivas na atividade em serviços".

Fachada do escritório do Fundo Monetário Mundial em Washington, DC - Yuri Gripas-4.set.18/Folhapress

A economia brasileira superou as expectativas no primeiro trimestre com uma taxa de crescimento de 1,9%, refletindo o desempenho mais forte do setor agrícola em quase três décadas. Mas a política monetária restritiva ainda deve pesar com mais intensidade sobre a atividade à frente, contendo a expansão.

Após esse resultado do PIB as projeções do FMI feitas em abril foram criticadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disse desejar provar que o Fundo estava errado sobre sua perspectiva para o crescimento do país.

Mas mesmo com a revisão, a estimativa do FMI para 2023 ainda é um pouco mais pessimista do que a do Ministério da Fazenda, que este mês passou a calcular um crescimento de 2,5% para o PIB deste ano, contra previsão de 1,9% feita em maio. Para 2024, a pasta apresentou estimativa de alta de 2,3%, a mesma de maio.

América Latina

O desempenho melhor esperado do Brasil foi um dos motivos por trás da melhora de 0,3 ponto na estimativa para o crescimento da América Latina e Caribe, para 1,9%, em 2023.

Reflete também um crescimento mais forte esperado para o México, com aumento de 0,8 ponto percentual na estimativa, a 2,6%, o que representa portanto um desempenho melhor do que o do Brasil, devido à recuperação pós-pandemia em serviços e em meio à resiliência da demanda dos Estados Unidos.

Para 2024, a previsão para a região da América Latina e Caribe permaneceu em expansão 2,2%.

Já para o grupo de Mercados Emergentes e Economias em Desenvolvimento, do qual o Brasil faz parte, o FMI melhorou sua projeção de expansão em 2023 em 0,1 ponto percentual, mas piorou a de 2024 pela mesma magnitude, a, respectivamente 4,0% e 4,1%.

Órgão eleva previsão de crescimento global e vê desafios persistentes

O FMI elevou suas estimativas de crescimento global para 2023 devido à resiliência da atividade econômica no primeiro trimestre, mas alertou que desafios persistentes estão prejudicando as perspectivas de médio prazo.

O fundo disse que a inflação está caindo e que o estresse agudo no setor bancário diminuiu, mas o balanço de riscos enfrentados pela economia global permanece inclinado para baixo e o crédito está apertado.

O credor global disse que agora projeta um crescimento real do PIB global de 3,0% em 2023, um aumento de 0,2 ponto percentual em relação à previsão de abril, mas deixou sua perspectiva para 2024 inalterada, também em 3,0%.

A previsão de crescimento para 2023-2024 permanece fraca para os padrões históricos, bem abaixo da média anual de 3,8% observada em 2000-2019, em grande parte devido ao enfraquecimento da manufatura nas economias avançadas, e pode permanecer nesse nível por anos.

"Estamos no caminho certo, mas não estamos fora de perigo", disse o economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, à Reuters em entrevista, observando que a atualização foi impulsionada em grande parte pelos resultados do primeiro trimestre.

"O que estamos vendo quando olhamos daqui a cinco anos é, na verdade, perto de 3,0%, talvez um pouco acima de 3,0%. Esta é uma desaceleração significativa em comparação com o que tínhamos antes da Covid."

Isso também está relacionado ao envelhecimento da população global, especialmente em países como China, Alemanha e Japão, disse ele. Novas tecnologias podem aumentar a produtividade nos próximos anos, mas isso, por sua vez, pode prejudicar os mercados de trabalho.

A perspectiva é "amplamente estável" nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento para 2023-2024, com crescimento de 4,0% esperado em 2023 e 4,1% em 2024, disse o FMI. Mas observou que a disponibilidade de crédito é restrita e que existe o risco de que o sobreendividamento se espalhe para um grupo mais amplo de economias.

O mundo está em um lugar melhor agora, disse o FMI, observando a decisão da Organização Mundial da Saúde de encerrar a emergência de saúde global em torno da Covid-19, e com os custos de envio e prazos de entrega agora de volta aos níveis pré-pandemia.

"Mas as forças que afetaram o crescimento em 2022 persistem", disse o FMI, citando a inflação ainda alta que está corroendo o poder de compra das famílias, taxas de juros mais altas que elevaram o custo dos empréstimos e acesso mais restrito ao crédito como resultado das tensões bancárias que surgiram em março.

"O comércio internacional e os indicadores de demanda e produção na manufatura apontam para uma fraqueza ainda maior", disse o FMI, observando que o excesso de poupança acumulado durante a pandemia está diminuindo nas economias avançadas, especialmente nos Estados Unidos, o que implica "uma reserva mais estreita para proteção contra choques".

Embora as preocupações imediatas sobre a saúde do setor bancário - que eram mais agudas em abril - tenham diminuído, a turbulência do setor financeiro pode ser retomada à medida que os mercados se ajustam ao aperto monetário adicional dos bancos centrais, afirmou.

O impacto das taxas de juros mais altas foi especialmente evidente nos países mais pobres, elevando os custos da dívida e limitando o espaço para investimentos prioritários. Como resultado, as perdas de produção em comparação com as previsões pré-pandemia permanecem grandes, especialmente para as nações mais pobres do mundo, disse o FMI.

Inflação baixa

O FMI projetou que a inflação global cairá para 6,8% em 2023, de 8,7% em 2022, indo a 5,2% em 2024. Mas o núcleo da inflação deve cair mais gradualmente, atingindo 6,0% em 2023 de 6,5% em 2022 e caindo para 4,7% em 2024.

Gourinchas disse à Reuters que pode levar até o final de 2024 ou início de 2025 para que a inflação caia para as metas dos bancos centrais e o atual ciclo de aperto monetário termine.

O FMI alertou que a inflação pode aumentar se a guerra na Ucrânia se intensificar, citando a preocupação com a retirada da Rússia da iniciativa de grãos do Mar Negro, ou se aumentos mais extremos de temperatura causados pelo padrão climático El Niño elevarem os preços das commodities. Isso, por sua vez, poderia desencadear novos aumentos de juros.

O FMI disse que o crescimento do comércio mundial está diminuindo e chegará a apenas 2,0% em 2023, antes de subir para 3,7% em 2024, mas ambas as taxas de crescimento estão bem abaixo dos 5,2% registrados em 2022.

O FMI elevou suas perspectivas para os Estados Unidos, a maior economia do mundo, prevendo crescimento de 1,8% em 2023, contra 1,6% em abril, com o mercado de trabalho permanecendo forte.

O Fundo deixou sua previsão de crescimento na China, a segunda maior economia do mundo, inalterada em 5,2% em 2023 e 4,5% em 2024. Mas alertou que a recuperação da China está tendo baixo desempenho e uma contração mais profunda no setor imobiliário continua sendo um risco.

Os países da zona do euro devem crescer 0,9% em 2023 e 1,5% em 2024, ambos com alta de 0,1 ponto percentual em relação a abril.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas