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Descrição de chapéu carro elétrico

Governo prepara programa para ter mais carregadores de carro elétrico pelo país

Projeto, que pode ser incluído no PAC, busca enfrentar uma das principais barreiras para a expansão da frota

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São Paulo

O governo federal está desenvolvendo um programa dedicado à melhoria da infraestrutura para veículos elétricos no Brasil. Conforme adiantado à Folha, o projeto deve se chamar "Corredores Sustentáveis", e a expectativa é que fique pronto no começo de 2024.

Um dos focos será a expansão da rede de pontos de recarga pelo país. A escassez de estações de abastecimento nas estradas e cidades é uma das principais preocupações do consumidor que deseja comprar um carro elétrico, o que inibe a expansão da frota e freia o interesse de montadoras em trazer seus modelos para o mercado nacional.

Por esse motivo, o setor vinha demandando formas de amadurecer a parte de infraestrutura.

Veículo em São Paulo recebe carga - Karime Xavier - 19.abr.23/Folhapress

A Folha apurou que empresários e representantes do setor foram informados pelo Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) de que o programa Corredores Sustentáveis está em construção, mas não entrará na segunda fase do Rota 2030, que deve se chamar Mobilidade Verde e é destinado a aumentar a eficiência do setor automotivo.

O ministério vai levar à Casa Civil uma proposta para que o programa seja incluído no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), já que tem relação com infraestrura. No entanto, por ora trata-se apenas de uma proposta.

Com a entrada no PAC, o projeto ganharia prioridade e poderia contar com recursos da União.

No entanto, Ricardo Bastos, presidente da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), diz que a participação do governo deve ser menos em termos financeiros e mais no sentido de dar previsibilidade aos investimentos que já estão sendo feitos por empresas privadas nesse setor.

"Acho que as empresas vão ter mais segurança jurídica e mais compromissos também de que esses corredores que atravessam cidades e estados vão ter segurança jurídica sobre a cobrança de tarifas, tributação, instalação."

Procurado, o Mdic confirmou, por meio de sua assessoria, que o programa está em construção, mas que ainda não há detalhes de como vai funcionar.

Apesar das barreiras de infraestrutura, a frota de veículos eletrificados vem crescendo no Brasil. Segundo Bastos, a ABVE começou o ano com a previsão de que 70 mil unidades seriam vendidas em 2023. Agora, a previsão é de 10 mil veículos a mais.

"E quase um terço dessas 80 mil unidades já [são] produzidas no Brasil. Isso é muito importante, a eletrificação está crescendo, mas também está crescendo a produção nacional", afirma.

Presidente da Frente Parlamentar pela Eletromobilidade, o senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL) diz ter conversado com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que também é ministro do Mdic, sobre o assunto e que ele teria demonstrado interesse em expandir a infraestrutura necessária para desenvolver a eletromobilidade no Brasil.

"Ainda é necessário que se crie condições para que se tenha uma infraestrutura maior, e aí sim se justifique as empresas se instalarem aqui no país", afirma.

Segundo Cunha, o governo federal está trabalhando no programa para criar essa infraestrutura —que passa principalmente pelos pontos de recarga— com o objetivo de atrair novos consumidores de carros elétricos.

"A necessidade de se ter hoje no Brasil mais postos de recarga é um dos assuntos mais mencionados por quem está pensando em comprar um automóvel [elétrico]."

Rafael Rebello, diretor de power mobility da Raízen, diz que empresas do setor vêm mantendo diálogo com o governo federal sobre o projeto, a fim de dar contribuições.

A companhia é controlada pela Shell, multinacional de petróleo que também é uma das maiores do mundo em recarga rápida de veículos elétricos, com forte atuação na China, Europa e EUA.

No Brasil, a Raízen opera o programa Shell Recharge, que instala pontos de recarga em algumas regiões. Hoje, são 25 estações prontas e outras 35 em obra. A expectativa é chegar, até março de 2024, a cem pontos de recarga rápida —que abastecem um veículo em cerca de 35 minutos.

Para ele, o Brasil tem um potencial enorme nesse mercado de elétricos, mas a rede de recarga será fundamental.

"A gente acredita que ele [programa] é um passo superimportante para colocar o Brasil nesse cenário de energia renovável e descarbonização, como também de fomento à indústria automobilística no país", afirma.

O diretor cita algumas formas que o governo pode atuar nesse programa de expansão da infraestrutura. Legislação dedicada à instalação de redes de recarga, incentivos a distribuidoras de energia para priorização de projetos do tipo e disponibilização de espaços públicos são alguns exemplos.

"A gente pensa sempre em incentivo financeiro, mas existem incentivos não-financeiros também", diz.

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