Descrição de chapéu Energia Limpa

Zepelins inflados voltarão a singrar os ares da Europa

Fabricante inglesa vai fornecer pelos menos 23 dirigíveis a empresas espanhola, francesa e sueca

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Madri

A companhia aérea de baixo custo Air Nostrum, uma subsidiária da espanhola Iberia, pretende iniciar linhas regulares de voos com vinte aeronaves semelhantes aos antigos zepelins alemães, que singraram os ares do mundo entre 1900 e 1940. O primeiro voo na Espanha está programado para 2026.

Voo teste do Airlander 10, em Cardington, no Reino Unido, em 2016 - AFP

A Air Nostrum, baseada em Valencia, assinou um acordo com a empresa britânica Hybrid Air Vehicles (HAV) para adquirir 20 aeronaves Airlander 10, "um dirigível ecológico e versátil", com o qual pretende ligar cidades da Espanha, como Valencia e Palma de Mallorca, e outros locais do Mediterrâneo, como a ilha de Malta. Tudo isso com mais energia limpa e menos pegada de carbono.

O primeiro acordo, de 2022, previa a aquisição de dez modelos, mas há seis meses a Air Nostrum fechou a compra de outros dez. Segundo a HAV, os aparelhos serão entregues pelos próximos quatro anos. A empresa tem mais unidades encomendadas, algumas pela agência francesa de turismo ecológica e exploratória Grands Espaces, outras pela empresa sueca OceanSky Cruises.

"Exploramos todos os caminhos que nos são apresentados para reduzir a nossa pegada de carbono. É algo que fazemos há muitos anos", diz o presidente da Air Nostrum, Carlos Bertomeu. "O Airlander 10 reduzirá drasticamente as emissões e é por isso que chegamos a este acordo com a HAV. A sustentabilidade, felizmente para todos, já é um fato incontornável no dia a dia da aviação comercial e acordos como este são uma forma eficaz de atingir os objetivos de descarbonização."

O Airlander 10, cujos voo teste começaram em 2016, é uma aeronave que pode transportar cem pessoas ou dez toneladas —assim como um mix dessas duas cargas, como 70 pessoas e três toneladas. O veículo transita numa altura de 6,1 km (20 mil pés), ou seja, a metade do que os aviões podem alcançar quanto estão na velocidade de cruzeiro, e pode ser direcionado para os lados por "impulso rotativo".

Ele pode passar cinco dias no ar e tem um alcance de até 7.200 km se estiver vazio, o que seria suficiente para ligar a Europa até o Nordeste —não há, contudo, planos para linhas transatlânticas por ora. A velocidade máxima do dirigível é de 148 km/h.

"O Airlander 10 proporciona uma experiência totalmente diferente ao passageiro, com mais espaço e menos vibração e ruído, e um melhor ambiente para trabalhar ou relaxar. Melhorando ainda mais a experiência, as janelas do chão ao teto oferecem mais luz natural e melhores vistas. O Airlander 10 também pode ser modificado para viagens de luxo, que podem incluir um bar e quartos a bordo", informou à Folha a HAV.

Projeção do interior do Airlander 10, da empresa britânica HAV - Divulgação

Após o Airlander 10, a empresa pretende lançar o Airlander 50, que poderá levar 50 toneladas e até 200 passageiros. Para o fabricante, "será o futuro do transporte de cargas pesadas". Com carga máxima, o Airlander 50 poderá viajar até 2.200 km, o que cobre toda a Europa —a distância entre Londres e Kiev, na Ucrânia, por exemplo, é de 2.133 km.

Os novos dirigíveis utilizam uma combinação de tecnologias para flutuar e se mover. Têm um casco inflável não rígido e usam o hélio como gás para elevação.

Voo teste do Airlander 10, em Cardington, no Reino Unido, em 2017 - Divulgação

"Usar a sustentação flutuante do hélio reduz o consumo de combustível necessário para manter a aeronave no ar —a maior parte do peso da fuselagem é compensada pela flutuabilidade do hélio. Com quatro motores de combustão, o Airlander 10 padrão proporcionará redução de 75% ou mais nas emissões em relação a aeronaves comparáveis", afirma a empresa.

Posteriormente, será introduzido um Airlander 10 híbrido-elétrico, substituindo dois motores de combustão por dois elétricos. Isso proporcionará uma redução de até 90% nas emissões.

"Com o tempo", diz a HAV, "todos os quatro motores do Airlander 10 serão totalmente eletrificados. Isso dará aos futuros clientes a opção nas suas escolhas de linha de produção, dependendo de como e onde utilizam o Airlander, para uma aeronave com emissões zero, em serviço até 2030."

Apesar das semelhanças, a HAV evita chamar suas aeronaves de dirigíveis ou zepelins (Zeppelin é o sobrenome do inventor alemão que o concebeu). "O Airlander é uma forma inteiramente nova de aeronave e, como tal, requer um novo nome –uma aeronave híbrida. A comparação é mais comum com dirigíveis, no entanto, isso é apenas visual."

"Os dirigíveis normalmente operavam em modo mais leve que o ar —quase com flutuabilidade neutra. O Airlander é uma aeronave híbrida, que utiliza uma combinação de tecnologias aeroespaciais comprovadas. Isso inclui o casco e seu tecido, combinados com a sustentação aerodinâmica semelhante à de um avião, proveniente do formato de asa e do impulso vetorial do Airlander", explica a empresa.

"O Airlander, no entanto, é uma aeronave mais pesada que o ar que usa o empuxo e a forma aerodinâmica de seus motores para obter a sustentação que transporta grande parte do peso juntamente com o casco cheio de gás mais leve que o ar, que levanta o peso fixo da aeronave."

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