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Academias e itens para ginastas vivem boom com Olimpíadas e 'efeito Rebeca'

Jogos motivaram alunos a ir malhar e podem explicar alta de 182% nas vendas de collants e meias-calças

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São Paulo

As Olimpíadas de Paris têm levado mais do que só entretenimento ao público brasileiro. Para algumas pessoas, os Jogos serviram de motivação para frequentar mais a academia, se matricular em um novo esporte ou até comprar um collant inspirado em Rebeca Andrade.

Do lado das empresas, a percepção é de que a edição deste ano provocou um boom nos negócios, com academias de musculação cheias e escolas de ginástica artística estudando aumentar o número de turmas para dar conta de tanta procura.

Homem faz musculação na academia Red Fitness, em São Paulo. Setor diz que Jogos Olímpicos aumentaram o interesse por esportes, provocando alta nas matrículas e na frequência de alunos - Folhapress

Um levantamento da rede de academias Smart Fit, feito com exclusividade para a Folha, indicou que a maioria dos alunos entrevistados sentiu mais vontade de ir malhar por causa das Olimpíadas.

A pesquisa, que teve 505 respondentes, questionou se os Jogos davam motivação para fazer musculação. Os resultados mostram que 55,4% concordaram com a afirmação, 39,8% disseram ser indiferentes e 4,8% discordaram.

Para Patrícia Martins Correa, gerente de growth da Smart Fit, foi perceptível como o evento animou as pessoas a saírem de casa para treinar "Depois que começaram as Olimpíadas, nós identificamos um aumento de 20% nos acessos à academia", diz.

A empresa, que tem 708 unidades pelo Brasil e mais de 1 milhão de alunos, é patrocinadora do COB (Comitê Olímpico Brasileiro). Segundo Dafne Corletto, gerente de marca e comunicação da Smart Fit, a preocupação com a saúde vem crescendo nos últimos anos, mas eventos esportivos sempre acabam dando um incentivo a mais.

"As Olimpíadas trazem alguma coisa de 'uau', um pico, mas acho que a preocupação física é algo que vai se manter", afirma.

Pessoas fazem exercício na academia Red Fitness, em São Paulo, enquanto Olimpíadas é transmitida na TV - Folhapress

Outra empresa do setor que notou o impulso dos Jogos foi a Red Fitness, academia do modelo low cost (baixo custo) que atua em São Paulo.

Julho, que costuma ser um mês de baixa para o negócio, acabou se tornando forte por causa do evento. "Sentimos um aumento de 25% nas vendas de planos em relação ao ano passado", diz Ronaldo Godoi, sócio e fundador da Red Fitness.

Só na última semana de julho, ele diz, foram 300 novos planos nas seis unidades da Red Fitness, algo considerado atípico para a época.

"Era para ter vendido no máximo 30 planos por unidade. Pode, sim, ter sido um movimento por conta das Olimpíadas, porque foi bem diferente do ano passado", afirma.

O efeito dos Jogos não ficou restrito às novas matrículas. Segundo Ronaldo, as academias da rede estão mais cheias também, com maior fluxo de alunos que chegam por meio de aplicativos corporativos, como o WellHub, antigo Gympass.

O sócio da Red Fitness Ronaldo Godoi, 43, diz ter notado um aumento de 25% na venda de planos em relação ao ano passado - Folhapress

Quem também ganhou fôlego durante as Olimpíadas foi o e-commerce de itens esportivos, especificamente aqueles ligados a itens como ginástica artística, balé e dança.

A pedido da Folha, a Neotrust, empresa de soluções de inteligência para o varejo online brasileiro, fez um levantamento preliminar para entender o comportamento do consumidor antes e durante os Jogos.

O principal destaque foi para itens como colants e meias-calças, cujas vendas cresceram 182% entre os dias 26 de julho e 5 de agosto, na comparação com igual período do mês anterior.

Segundo a Neotrust, um possível fator foi a boa campanha de Rebeca Andrade, que se tornou a maior medalhista da história do Brasil após bater Simone Biles na disputa do solo.

O 'efeito Rebeca', aliás, também foi sentido pelas academias de ginástica artística. Na rede Bodytech, que além de musculação oferece aulas de 15 atividades olímpicas, esse foi o núcleo que ganhou maior força nos últimos dias.

Segundo Eduardo Neto, diretor da Bodytech, metade das crianças que estão matriculadas nas academias da rede fazem ginástica artística, número que está aumentando cada vez mais.

"É um fenômeno muito interessante. Novas crianças entram, porque têm os exemplos dos atletas em destaque [nas Olimpíadas] e sonham em um dia ser uma Rebeca. Mas as atuais crianças também começam a treinar muito mais, assim como os adultos. Acho que fica todo mundo animado e isso tem um efeito positivo grande para nós que vivemos nesse setor", diz.

Ele conta que a academia praticamente parava para assistir à TV quando o Brasil estava disputando algo.

"Esse boom que todo mundo espera realmente acontece. Nós ainda não chegamos a 100% do potencial que vamos receber, porque as Olimpíadas ainda não acabaram. Acho que o pós vai ser melhor ainda", afirma o executivo.

Segundo ele, houve um aumento intenso na procura por vagas e a rede está aumentando a quantidade de turmas. Só de matrículas infantis, foi uma alta de quase 10%.

A avaliação é a mesma de Cláudia Alcântara, dona da academia de ginástica artística Equipe C.A., em São Paulo.

A empresária diz ter visto um aumento de 40% na procura por aulas.

"Na primeira semana de Olimpíadas, antes de a Rebeca ganhar a última medalha, tivemos mais ou menos 130 contatos. Depois que ela ganhou, em dois dias tivemos mais 170 contatos. Foi bastante", afirma.

A academia tem hoje 500 alunos, com turmas infantis e para adultos. Com a perspectiva de mais matrículas, ela já considera aumentar o número de turmas. "Temos um projeto de uma terceira unidade no ano que vem. Vamos crescendo conforme a demanda", diz.

Cláudia também notou uma motivação a mais nos alunos durante os Jogos, que reavivaram o sonho de muita criança. Na palavras dela, a Rebeca é muito mais do que uma unanimidade entre seus alunos. "É Deus aqui na academia".

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