Jogos foram os mais femininos da história

Paridade não foi atingida por 0,9%, mas esforço para dar visibilidade às mulheres deu frutos

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Saint-Denis

No discurso oficial de propaganda dos Jogos de Paris, muita ênfase foi dada pelos organizadores à paridade entre homens e mulheres. Sob vários pontos de vista, foram as Olimpíadas mais femininas da história.

Do ponto de vista matemático, porém, ainda não foi desta vez que se alcançou a sonhada igualdade de gênero. Pelos números finais divulgados no site oficial dos Jogos Olímpicos, participaram desta edição 5.655 homens e 5.455 mulheres. A diferença de 0,9% é pequena, mas real. Deve-se, sobretudo, ao torneio de futebol, em que havia mais seleções masculinas (16) que femininas (12).

Por conta desse ligeiro descompasso, os dirigentes adotaram formulações sutis para não renunciar à narrativa. "Foram os primeiros Jogos com uma agenda plena de paridade", disse o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach.

A imagem apresenta quatro atletas em um formato de colagem. A primeira atleta à esquerda está sorrindo e segurando uma medalha de ouro. A segunda atleta, com cabelo preso, está vestindo um uniforme azul e tem uma expressão séria. A terceira atleta, também em uniforme azul, está olhando para frente com uma expressão concentrada. A quarta atleta, à direita, tem cabelo longo e liso, e está com uma expressão neutra.
Beatriz Souza, Rafaela Silva, Rebeca Andrade e Tatiana Weston-Web, medalhistas olímpicas do Brasil em Paris - Xinhua/Reuters

De fato, números absolutos à parte, é inegável o êxito da boa intenção de propiciar às mulheres a visibilidade olímpica que os homens sempre tiveram. Foram criadas novas competições mistas, como o revezamento no triatlo. Em alguns esportes, entre eles o futebol, a final feminina foi disputada depois da masculina, invertendo uma ordem "tradicional" de fundo machista.

A cerimônia de abertura dos Jogos também teve um aceno a um episódio quase desconhecido até recentemente, e resgatada graças ao esforço de revisão da história oficial do esporte. Em 1922, a francesa Alice Milliat (1899-1938) organizou as primeiras Olimpíadas Femininas, enfrentando preconceito e falta de apoio oficial.

O diretor da festa de abertura de Paris, Thomas Jolly, fez questão de exibir uma estátua de Milliat em um "quadro" sobre dez mulheres injustiçadas pela história. O sucesso foi tanto que a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, quer instalar as estátuas em definitivo em um parque da capital francesa.

No caso da participação brasileira, ocorreu pela primeira vez uma predominância das mulheres, tanto no número de atletas quanto nos resultados.

O COB (Comitê Olímpico do Brasil), sem um novo recorde de medalhas e lamentando "variáveis" que teriam impedido mais ouros, como o mar sem ondas do Taiti na final de Gabriel Medina, pegou carona na crescente participação feminina na delegação.

Festejou ter tido quatro multimedalhistas, sendo que três foram mulheres (Rebeca Andrade, com quatro, e Beatriz Souza e Larissa Pimenta, com duas cada). Todos os ouros brasileiros, este ano, foram conquistados por mulheres.

As medalhistas de ouro Rebeca, Beatriz, Ana Patrícia e Duda enfatizaram nas entrevistas a importância de suas conquistas para a visibilidade das mulheres no esporte. O êxito das mulheres negras foi exaltado pelas atletas e pela mídia.

Segundo o COB, o time brasileiro participou de 51% dos eventos de Paris-2024, ou um total de 167 competições. A participação em eventos femininos (52% do total) foi maior que nos masculinos (47%). E chegou a 83% nas chamadas competições "abertas", onde a participação não depende do gênero, e a 64% nas mistas.

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