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Dólar sobe mais de 1% nesta terça; Bolsa patina após recorde

Investidores aguardam discurso de presidente do Fed na sexta-feira

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São Paulo

O dólar opera em alta ante o real nesta terça-feira (20), seguindo a recuperação da divisa norte-americana no mercado internacional. Às 14h33, a moeda subia 1,40%, a R$ 5,4897.

Investidores repercutem a entrevista de Roberto Campos Neto, presidente do banco Central, ao jornal O Globo. Nela, o economista diz que a decisão do próximo Copom está indefinida e que o comitê ainda não sabe ao certo se o risco de alta ou queda da inflação são equivalentes

"Há opiniões divergentes no grupo sobre o balanço de riscos, se são simétricos ou não. A gente vai decidir no próximo Copom", disse Campos Neto.

Dólar vem se recuperando em relação a outras divisas, enquanto investidores aguardam encontro do Fed na sexta-feira - Reuters

O mercado ainda reflete a expectativa do discurso do presidente do Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA), Jerome Powell, no simpósio de Jackson Hole na sexta-feira (23).

Na segunda-feira (19), o dólar caiu 0,99%, cotado a R$ 5,413, e a Bolsa avançou 1,36%, aos 135.777 pontos —o maior patamar da história do mercado acionário brasileiro.

No início do pregão desta terça, o Ibovespa operou em leve alta, mas passou a cair e, operava perto da estabilidade, a 135.918 pontos.

Na véspera, foi a primeira vez que o Ibovespa, principal índice de ações do país, ficou acima dos 135 mil pontos. No ponto alto do dia, ainda bateu 136.179 pontos, também renovando a máxima histórica já registrada durante o período de negociações.

Antes, a maior cifra do fechamento era 134.193 pontos, atingida no dia 27 de dezembro de 2023.

A tônica dos mercados tem sido a perspectiva cada vez mais consolidada de que os juros dos Estados Unidos poderão cair já na próxima reunião do Fed, marcada para setembro.

"A perspectiva é de recuperação dos ativos de maior risco devido a indicadores que serviram de suporte para espantar por hora os temores de recessão global", disse Marcio Riauba, gerente da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio.

"O conjunto de dados mostra que o ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos pode ser iniciado sem que haja necessidade de uma redução mais agressiva."

Com os temores de uma recessão, um corte de 0,50 ponto percentual na taxa de juros —atualmente na faixa de 5,25% e 5,50%— era a aposta majoritária, com especulações até de uma reunião extraordinária do Fed para adiantar o ciclo de afrouxamento.

Agora, uma redução inicial de 0,25 ponto se tornou a de maior probabilidade, com endosso de 77,5% dos investidores, segundo a ferramenta CME FedWatch.

O dólar costuma se depreciar à medida que o Fed reduz os juros. Em tese, a moeda americana se torna comparativamente menos atrativa em relação a outras divisas quando os rendimentos dos títulos ligados ao Tesouro dos EUA, chamados de treasuries, caem.

A mesma lógica se aplica à Bolsa brasileira e a outros mercados acionários. Quando há queda nos treasuries, considerados os ativos mais seguros do mundo, os investidores se voltam aos de maior risco. Isso explica, em grande parte, a atual disparada do Ibovespa.

Com esse pano de fundo, os agentes financeiros agora olham para o calendário da semana. Na quarta-feira, será divulgada a ata da última reunião do Fed, e, entre quinta e sábado, ocorre o encontro de autoridades de bancos centrais em Jackson Hole, no estado de Wyoming.

O destaque do simpósio será o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, na sexta-feira, com expectativa por sinais sobre a trajetória dos juros. Roberto Campos Neto, chefe do BC (Banco Central), dará palestra no sábado.

Na cena doméstica, o foco é possibilidade de um novo ciclo de altas na taxa Selic. A XP Investimentos elevou a projeção para a taxa básica de juros ao final deste ano para 11,75%. Antes, a expectativa era de manutenção do atual patamar de 10,50%.

"Há um consenso no mercado financeiro brasileiro de que o BC irá aumentar a Selic na próxima reunião", afirma André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online. O Copom (Comitê de Política Monetária) se encontra nas mesmas datas que o Fed, nos dias 17 e 18 de setembro.

"Embora ainda haja dúvidas com relação à magnitude, o mercado aguarda que inicie-se um ciclo de aperto monetário que poderá durar até o começo de 2025."

Galhardo afirma que essa percepção é corroborada pela comunicação mais dura adotada por membros do BC, sobretudo Gabriel Galípolo, diretor de política monetária e favorito à presidência da autarquia ao término do mandato de Roberto Campos Neto.

Em evento na segunda, Galípolo reforçou que o Banco Central vai aguardar as próximas quatro semanas até a reunião do Copom para obter "o máximo de dados" e "estar aberto" à decisão sobre a taxa básica Selic, reforçando que todas as opções estão na mesa.

Ele ainda disse que nunca foi pressionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a tomar qualquer decisão na diretoria do BC.

A fala trouxe alívio aos investidores por afastar suspeitas de interferência política na autarquia. O presidente Lula tem sido um crítico vocal do atual patamar da taxa Selic e, principalmente, de Roberto Campos Neto, a quem já se referiu como "cidadão" em mais de uma ocasião.

A diminuição de ruídos —inclusive sobre a cena fiscal— tem trazido investidores de volta à Bolsa, na leitura de Jennie Li, estrategista de ações da XP.

"A temperatura tem abaixado sobre isso nas últimas semanas. Tanto é que vemos uma queda nos juros da ponta longa, pela diminuição dos riscos fiscais", aponta ela.

Já no cenário corporativo, o Ibovespa ainda foi endossado pelo otimismo de Wall Street e pelo avanço firme de papéis da Vale e do Bradesco, responsáveis pelas principais contribuições positivas no índice.

Com Reuters

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