Descrição de chapéu Banco Central copom Selic

Galípolo diz que previsão de economistas é desconfortável e que Copom obterá máximo de dados

Diretor do BC avalia que expectativa de inflação maior gera incômodo significativo

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Belo Horizonte | Reuters

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira (19) que a instituição vai aguardar as próximas quatro semanas até o encontro do Copom (Comitê de Política Monetária) de setembro para obter "o máximo de dados" e "estar aberto" à decisão sobre a taxa básica Selic, reforçando que todas as opções estão na mesa.

Durante o evento Conexão Empresarial, promovido pela VB Comunicação, em Belo Horizonte, Galípolo afirmou que o cenário é ainda mais desconfortável para a condução da política monetária, com o mercado projetando juros mais elevados à frente, além de uma inflação acima da meta, o que "gera incômodo bastante significativo".

Gabriel Galípolo, diretor do Banco Central, é um homem com cabelo escuro e liso, vestindo um terno escuro e uma gravata vermelha, está falando em um microfone. Ele parece estar em um ambiente formal, com um fundo desfocado que sugere um evento ou conferência.
Gabriel Galípolo, diretor do Banco Central, fala em cenário desconfortável após economistas elevarem previsão da inflação neste ano - Gabriela Biló/Folhapress

"Essa combinação é mais desconfortável do que antes", disse. Nesta segunda-feira, o boletim Focus apontou que economistas aumentaram a previsão da inflação deste ano pela quinta semana consecutiva e também a da taxa Selic para 2025.

Galípolo reforçou a ideia de que o BC está dependente de dados e que até sua próxima decisão de política monetária vai observar indicadores como IPCA, Caged e Pnad, além de números da economia norte-americana e falas do presidente do Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA), Jerome Powell, que estão previstas para esta semana.

O próximo encontro do Copom do BC ocorrerá em 17 e 18 de setembro. A Selic está atualmente em 10,5% ao ano e o mercado tem precificado elevação da taxa básica já no próximo mês, em função do avanço do dólar ante o real e da desancoragem das expectativas de inflação diante de um mercado de trabalho aquecido.

Em sua fala desta segunda-feira, porém, Galípolo pontuou que ainda não é possível identificar o "pass through" (transmissão) do mercado de trabalho para os preços. Também reafirmou que não há relação mecânica entre o patamar do câmbio e a política monetária.

O diretor também voltou a afirmar que o BC não forneceu nenhum tipo de "guidance" (indicação) para o próximo encontro do Copom. Ao mesmo tempo, disse que está satisfeito com a compreensão do mercado sobre a comunicação do BC até o momento.

Na apresentação, ele reafirmou que considera o balanço de riscos para a inflação à frente no país assimétrico, com mais riscos de alta, enfatizando que esse posicionamento não representa orientação futura para a condução dos juros.

Em relação a uma melhora recente em indicadores de mercado, ele avaliou que o movimento pode ser atribuído a uma percepção de que a economia norte-americana caminha para um "pouso suave", o que favorece países emergentes, além de uma mudança no entendimento em relação à capacidade do BC brasileiro subir juros se necessário.

Nesse sentido, ele voltou a destacar que todos os diretores da autarquia estão dispostos a elevar a Selic "sempre que necessário" para levar a inflação à meta de 3%.

LIBERDADE E AUTONOMIA

Tido como candidato a suceder Roberto Campos Neto na presidência do BC a partir de 2025, Galípolo afirmou que esse é um "não assunto" para diretores da autarquia e que a prerrogativa para a decisão é do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo ele, Lula deu um sinal importante ao dizer que não apenas os atuais diretores, mas os próximos indicados para as diretorias do BC poderão trabalhar dentro da normalidade institucional, o que gerou uma melhora na percepção de risco pelo mercado.

"Jamais me senti pressionado a ter qualquer tipo de atitude a partir da minha indicação no BC, o presidente tem tido uma atitude republicana", disse. "Eu não sinto qualquer tipo de pressão, pelo contrário, todas as vezes é renovada a liberdade e autonomia."

Com reportagem adicional de Fabrício de Castro

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