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Mantega diz que governo não sinalizou sobre cargo na Braskem e elogia Galípolo

Ex-ministro afirma também que não tem interesse em assumir presidência da Vale

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Brasília | Reuters

O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega mantém sua atuação informal como consultor econômico do governo Luiz Inácio Lula da Silva e afirmou, em entrevista à agência de notícias Reuters, que a intenção do presidente de indicá-lo a uma vaga no conselho da Braskem não avançou.

"Não sei o que está acontecendo, não recebi mais nenhuma informação a respeito", afirmou Mantega na segunda-feira (5). Em junho, o ex-ministro disse que tinha sido sondado pela Casa Civil e que havia se colocado à disposição.

Ex-ministro Guido Mantega foi sondado para assumir vaga no conselho da Braskem, mas indicação não prosperou - Folhapress

Em outra frente, Lula atuou no início do ano para emplacar Mantega em um cargo na cúpula da mineradora Vale, mas o plano também não prosperou. "Nenhuma possibilidade, mesmo porque eu não tenho nenhuma vontade de ir para lá", disse o ex-ministro.

Com o mercado reagindo negativamente quando essas sondagens foram divulgadas, Mantega disse que não vê essa relação direta.

"Se você vai lá olhar as ações, vai ver que elas estão mais baixas do que quando eu poderia ir para a Vale. Quando se cogitava que eu pudesse ir, as ações estavam em R$ 75, hoje elas estão em R$ 62. Vai dizer que é por minha causa? Não é por minha causa. E da Braskem, bobagem, não tem nada a ver", afirmou.

O ex-ministro, que já comandou a Fazenda, o Planejamento e o BNDES, disse estar se dedicando a escrever um livro sobre suas experiências no governo, argumentando que buscará combater "visões totalmente deturpadas".

Mantega esteve à frente da Fazenda nos governos Lula e Dilma Rousseff, de 2006 ao início de 2015, e atos de sua gestão foram usados pelo Congresso como base para aprovar o impeachment de Dilma.

Sob Mantega, foi implementada a chamada nova matriz econômica, que buscava acelerar o crescimento por meio de desonerações, redução de juros e fortalecimento da infraestrutura. O modelo foi alvo de críticas de analistas, que atribuem à política os efeitos inflacionários e de deterioração das contas públicas que provocaram uma crise.

"Não teve nenhum ministro da Fazenda que ajudou tanto o setor empresarial quanto eu. Eu fiz desonerações, crédito barato, estímulo às empresas, estímulo à exportação, nós fizemos coisas muito boas", afirmou o ex-ministro.

EX-MINISTRO DEFENDE GALÍPOLO PARA PRESIDIR BC

Mantega defendeu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indique o nome de Gabriel Galípolo para suceder Roberto Campos Neto, cujo mandato acaba em dezembro.

O ex-ministro defendeu que o próximo presidente do BC seja técnico, experiente e entenda profundamente de macroeconomia, além de ter proximidade e a confiança de Lula. "O Gabriel Galípolo tem esse perfil, é um sujeito equilibrado, que já escreveu livros, é experiente, passou cinco ou seis anos numa instituição financeira e tem esse equilíbrio, não vai obedecer à ala política do partido ou algo do tipo. Ele reúne essas qualidades", afirmou.

Lula fez elogios públicos a Galípolo, que atualmente ocupa a diretoria da Política Monetária do BC, mesmo após ele se unir ao restante dos diretores da autarquia e votar em junho pela interrupção nos cortes da taxa básica de juros, atualmente em 10,50% ao ano. Na semana passada, ele também se alinhou a uma visão mais dura, com a diretoria afirmando de maneira unânime que não hesitará em elevar a Selic se necessário.

"O presidente tem confiança no Galípolo, e isso é importante", avaliou Mantega, que foi um dos economistas ouvidos por Lula em reunião em São Paulo no fim de junho que marcou uma mudança de comportamento do presidente, interrompendo uma onda de ataques não apenas ao patamar dos juros, mas à autonomia do BC e a Campos Neto.

"Estava havendo um excesso de ruído em função das críticas, então eu achava que tinha que parar esse tipo de coisa e se reestabelecer a tranquilidade... O mercado estava usando isso contra o governo, dizendo que o presidente era responsável pela desvalorização maior (do real), o pessoal estava se aproveitando", disse Mantega.

Para o ex-ministro, o BC errou na dose da política monetária, pecou ao não atuar ativamente para atenuar volatilidades no câmbio e forçou uma piora das expectativas de mercado quando abandonou as indicações futuras de cortes de juros. Ele avaliou que Campos Neto atua politicamente ao demonstrar proximidade com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), mas ponderou que Lula fez bem ao amenizar o tom.

"A decisão (de interromper as críticas) foi acertada, porque aí a responsabilidade fica claramente com o BC, não fica mais com quem criticou. É o BC que está com a faca e o queijo na mão, a responsabilidade é dele e do que ele está fazendo", afirmou.

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