Lula desiste de Mantega na Vale e ações da mineradora sobem

Papéis da mineradora chegaram a ter alta de pouco mais de 2% nesta sexta (26)

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São Paulo

As ações da Vale aceleraram o movimento de alta nesta sexta-feira (26) com a notícia de que o presidente Luiz Inácio Lula de Silva (PT) desistiu de emplacar o seu ex-ministro Guido Mantega na presidência da mineradora.

Os papéis da mineradora chegaram a subir pouco mais de 2%, a R$ 69,81cada um, durante o pregão, mas fecharam com ganho de 1,66%, a R$ 69,50.

Impulsionado pelo movimento da Vale, o Ibovespa também ampliou os ganhos e encerrou a sessão em alta de 0,62%, a 128.967 pontos.

Ex-presidente Dilma Rousseff, presidente Luiz Inacio Lula da Silva e o então ministro Guido Mantega no Palácio do Planalto durante cerimônia de Registro do Balanço de Governo, em 2010.
Ex-presidente Dilma Rousseff, presidente Luiz Inacio Lula da Silva e o então ministro Guido Mantega no Palácio do Planalto durante cerimônia de Registro do Balanço de Governo, em 2010. - Alan Marques/Folhapress

Segundo a coluna Painel, da Folha, Mantega vai divulgar uma carta ainda nesta sexta afirmando que abre mão de ocupar um cargo na Vale, em um movimento articulado junto com o presidente Lula e com o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia).

A ideia do governo é que isso seja interpretado como uma sinalização para a mineradora privada escolher um outro nome para o cargo de presidente, sem reconduzir Eduardo Bartolomeo, que ocupa o posto atualmente.

"A entrada de Mantega na Vale era improvável, já que o governo tem uma participação muito pequena e indireta na companhia via Previ. E esse nome enfrenta resistência muito grande na empresa. Por isso, o mercado reage bem e aliviado", diz Leonardo Piovesan, analista da casa de análise Quantzed.

Segundo Felipe Moura, analista da Finacap Investimento, o temor de investidores de que Mantega voltasse pressionou o papel da mineradora nas últimas semanas. "Naturalmente afugentou os investidores. O histórico desse tipo de intervenção nunca é positivo. O mercado naturalmente enxergava essa indicação de cunho político como um retrocesso na governança da companhia", diz Moura.

A pressão vendedora nas ações da companhia no primeiro mês do ano já a fez perder cerca de R$ 40 bilhões em valor de mercado. No mês, até véspera, as ações da Vale acumulavam uma queda de 11,45%.

"Essa é uma indicação totalmente arbitrária, o Mantega tem basicamente uma carreira política. O governo realmente queria demonstrar força política tendo a presidência de uma das companhias mais importantes do país", afirma Moura.

De acordo com o analista, os investidores da Vale querem uma continuidade do trabalho que vem sendo feito nos últimos anos, com Bartolomeo.

"Caso a indicação de Mantega fosse confirmada após a pressão do governo, um perigoso precedente seria aberto. A Vale é uma empresa privada e interferências deste tipo não são bem vistas pelo mercado", afirma Nilson Marcelo, analista da CM Capital.

Segundo Marcelo, a nomeação também poderia acarretar processos por parte de investidores, inclusive nos Estados Unidos, onde as ações da empresa também são negociadas. Na Bolsa de Nova York, os ADRs (recibos de ações) da Vale fecharam em alta de 2,31%, a US$ 14,17, nesta sexta.

Ainda no radar, está a decisão da Justiça federal de Minas Gerais de quinta (25), que contribuiu para a queda de 2,20% das ações da mineradora no pregão passado. A Justiça condenou Vale, BHP e Samarco a pagarem R$ 47,6 bilhões como indenização por danos morais coletivos provocados à população pelo rompimento da barragem de Fundão, no município de Mariana, em 2015. Cabe recurso.

Na China, o contrato futuro de minério de ferro mais negociado na fechou com declínio de 0,1%, a US$ 137,82 a tonelada, nesta sexta, mas acumulou na semana uma elevação de 4,3%, o maior ganho semanal desde novembro de 2023.

A mineradora privada começou a debater nesta semana sobre o comando da companhia nos próximos três anos, com a avaliação de comitê interno sobre a possível recondução do presidente atual.

Nas últimas semanas, membros do governo e aliados do petista fizeram uma ofensiva em defesa do nome de Mantega, enquanto os principais acionistas da companhia, como Bradesco, resistiam à indicação.

O ministro Silveira negou que o presidente Lula tenha tratado sobre sucessão na Vale e afirmou que o presidente "nunca" se disporia a fazer interferência em uma empresa com capital aberto.

Com informações da Reuters

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