Siga a folha

Descrição de chapéu

Reunião começa em clima de lavagem pública de roupa suja entre parceiros

EUA de Trump abandonaram decididamente o multilateralismo que estava no DNA do conglomerado

Bandeiras dos integrantes do G7 tremulam em mastros no hotel Fairmont Le Manoir Richelie, em Québec, no Canadá, onde acontece a reunião do G7 - Alice Chiche - 1.jun.18/AFP

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

A cúpula do G7 que começa nesta sexta-feira (8), no Canadá, é a mais tempestuosa do grupo, que já foi chamado de a "diretoria do mundo", por ser formado pelos sete países mais ricos do planeta (antes que a China se tornasse a segunda maior economia).

Desta vez, no entanto, a cooperação entre os grandes países capitalistas está tão ameaçada que já há jornais falando em G6+1. Na verdade, o certo seria dizer G7-1, porque os Estados Unidos de Trump abandonaram decididamente o multilateralismo que estava no DNA do conglomerado.

O cisma fica evidente, por exemplo, em um comunicado emitido na semana passada por uma reunião de ministros do Comércio dos membros da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), da qual fazem parte todos os parceiros do G7. "Houve um consenso entre os membros, menos um", assinala o texto.

O consenso, habitual tanto na OCDE como no G7 pré-Trump, gira em torno do multilateralismo e do livre-comércio. Acontece que o presidente americano, nas vésperas da cúpula no Canadá, impôs tarifas adicionais para a importação de produtos não só de um notório adversário econômico-comercial, como a China, mas também de seus aliados.

Era inevitável que, na reunião de ministros das Finanças que tradicionalmente antecede as cúpulas do G7, o sentimento de "consenso menos um" fosse explicitado.

Os seis ministros (de Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá) expressaram a seu colega americano, Steve Mnuchin, a frustração com a imposição de tarifas.

Texto do presidente do grupo diz: "Foram manifestadas preocupações com o fato de que as tarifas impostas pelos EUA a amigos e aliados [...] minam o livre-comércio e a confiança na economia global".

A manifestação dos parceiros caiu no vazio, a julgar pelo triunfalismo de Larry Kudlow, diretor do Conselho Nacional de Economia de Trump, em entrevista nesta quinta-feira (7) na qual classificou Trump de "o mais vigoroso reformador do comércio em 20 anos".

Kudlow não se incomodou com o mal-estar dos parceiros, até porque acha que "o sistema comercial global está quebrado".

A reunião do Canadá começa, portanto, com fraturas publicamente expostas pelos países participantes. Mesmo o ministro do país anfitrião, o Canadá, que tradicionalmente trata de acolchoar divergências, ataca agora os EUA:

"O G7 pode produzir progressos em itens importantes para nossos cidadãos e ajudar nossas economias a crescer para o benefício de todos. Mas esse progresso só é possível quando trabalhamos juntos. Infelizmente, as ações dos Estados Unidos nesta semana trazem o risco de minar os valores que tradicionalmente nos uniram", disse Bill Morneau, ministro canadense de Finanças.

O presidente francês Emmanuel Macron até insinuou tirar o 1 (os EUA) do G7-1, ao afirmar que os seis parceiros dos americanos no grupo "não devem se dividir, pois representam um mercado maior do que o americano".

Jamais se viu a suposta "diretoria do mundo" tão dividida.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas