José Manuel Diogo: A festa do mundo
Se o planeta tivesse apenas cem pessoas, seria mais fácil de entendê-lo
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Se o mundo só tivesse cem pessoas era tudo mais fácil de compreender. Um número redondo ajuda sempre. Convidei todos para uma festa aqui em casa e ficou assim a guest list!
Metade dos cem convidados são homens e outra metade mulheres. Justo e perfeito! Se a gente não estragar nada o futuro está assegurado. Tem muito amor para acontecer.
As companhias aéreas seriam muito beneficiadas. Mais de metade (60) vivem na Ásia. Da América do sul viriam 9, acho que conheço quase todas, das terras do tio Sam e do Canadá 4, da África 14 e por via terrestre apenas 11 europeus. O oriente leva muita vantagem. Será que o mundo vai ser todo chinês?
Mandei 75 convites mandei por celular, mas como só 30 tinham internet, foi SMS para uns e WhatsApp para outros. Para os 25 restantes enviei carta. Tomara que chegue a tempo; e que a saibam ler.
Os nossos convidados fazem muita coisa diferente. Mas sobretudo vivem vidas muito desiguais. O mundo não é bom para todos.
Como no gênero, também se dividem a meio no lugar onde escolheram, ou têm, de viver. 51 em cidades e 49 no campo; e também a meio no dinheiro que têm para gastar. 49 têm menos de dois dólares por dia. 1,77 euros, menos de 8 reais. Ainda assim, 21 são gordos, 15 comem menos do que é preciso e há um que está esfomeado. Vou organizar o cardápio do jantar para responder a isso.
Tanta diferença é mais fácil de entender se soubermos como foi a infância de cada um. Embora 83 saibam ler e escrever, 17 não saberiam entender o endereço cá de casa.
Apenas 7 acabaram a universidade, mas nem todos saberiam falar entre eles. A maior diferença nos nossos convidados é a língua. Vejam só: 12 falam chinês, 5 espanhol e outros 5 inglês. Há quatro grupos de 3. Os falantes de português, árabe, hindi e bengali. Dois falam russo, outros dois japonês. Os outros sessenta e três falam cada um a sua língua! Babel! Je comprend rien.
Para fazer o cardápio e as mesas tomei em conta a religião. Há 33 cristãos que comem de tudo, 22 muçulmanos que não bebem álcool, 14 hindus que não comem vaca, 7 budistas que são vegetarianos e 12 sem religião nenhuma que se sentam onde quiserem.
No final, quando agradeci por terem vindo, desejei um bom regresso a casa. Mas 23 ainda não foram embora porque não têm um teto para morar.
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