Para ex-ministro da Venezuela, é cedo para comemorar saída de Maduro
Em Davos, Moisés Naím avalia que é ilusório sobrevalorizar o apoio dado por diversos países a Juan Guaidó
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A situação da Venezuela após o presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamar presidente interino, está longe de resolvida, e entre os principais atores que irão definir o futuro do país estão Cuba e as Forças Armadas venezuelanas, afirmou o ex-ministro da Indústria e do Comércio da Venezuela Moisés Naím.
Em um painel para discutir a estabilidade da Venezuela no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, Naím advertiu contra expectativas antecipadas sobre o fim do regime Nicolás Maduro: "tempos difíceis estão adiante".
"Saberemos mais nas próximas horas, dias, semanas. Ontem [quarta, 24] foi um dia importante; para alguns, um dia feliz, mas temos de ser cuidadosos e não criar expectativa de que acabou", afirmou.
Para Naím, que já foi editor da revista Foreign Policy, é uma ilusão sobrevalorizar o apoio dado até agora a diversos países a Guaidó.
"A comunidade internacional não é composta apenas por aqueles que não gostam de maduro. Ela inclui Rússia, Cuba, China e Irã. Esses são atores muito importantes. Quando você pensa na comunidade internacional, é muito fácil pensar num grupo de países e dizer 'esses são os caras bons', os democratas, os regimes liberais. Pode ser, mas regimes não liberais ainda estão com Maduro", afirmou.
Preocupada com o risco de perder sua cabeça de ponte estratégica no quintal dos EUA, a Rússia advertiu os americanos a não intervir militarmente na Venezuela e previu que o impasse atual no país pode acabar em um “banho de sangue”.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia manteve o reconhecimento de Maduro e advertiu que o estabelecimento de um governo paralelo liderado por Guiadó é uma via para a “anarquia e o banho de sangue”.
Para Naím, Cuba também terá um papel essencial na definição da situação venezuelana.
"Cuba transferiu com sucesso para a Venezuela sua tecnologia de repressão e de controle social. E se você é um ditador, a primeia coisa que você quer controlar são as Forças Armadas. Se você é um regime autoritário, a única ameaça contra você, a ameaça mais imediata, é dos 'caras com armas'. E você os controla."
Nesta quinta, o ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino, disse que Maduro é o “presidente legítimo” do país e que a oposição está dando um golpe de Estado.
Padrino disse que os Estados Unidos e outros governos estão efetuando uma guerra econômica contra a Venezuela, nação com as maiores reservas de petróleo do mundo.
"Os militares estão sob um controle rígido. São monitorados, são punidos, são promovidos se forem entusiastas do regime. Mas isso está mudando, e não há dúvida de que uma parte das Forças Armadas está muito descontente."
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