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Ativistas e deputados são presos em Hong Kong na véspera de protesto proibido

Para contornar veto, manifestantes planejam ações alternativas, como partida de futebol ou ato religioso

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Hong Kong | Reuters

Várias figuras importantes do movimento pró-democracia de Hong Kong foram detidas nesta sexta-feira (30), incluindo três deputados.

A operação foi denunciada por associações como uma tentativa da China de amordaçar a oposição após a proibição de uma nova grande manifestação programada para sábado (31).

Entre os detidos estão uma série de ativistas pró-democracia e ao menos três legisladores locais —trata-se da primeira vez que deputados são presos desde o início da atual onda de protestos.  

Segundo assessores, foram detidos os deputados Cheng Chung-tai, Au Nok-hin e Jeremy Tam, todos críticos a Pequim. 

 
Dois líderes do Movimento dos Guarda-Chuvas (pró-democracia), Joshua Wong e Anges Chow, muito populares nos protestos das últimas semanas, também foram detidos nesta sexta-feira, acusados de "incitar a participação em uma concentração proibida".

Os dois foram indiciados em uma audiência durante a tarde e colocados em liberdade após o pagamento de fiança. "Continuaremos o combate, não vamos nos render", prometeu Wong fora do tribunal.

O ativista pró-democracia Joshua Wong fala fora do Parlamento de Hong Kong em 22 de julho - Jorge Silva/Reuters

Wong, 23, tornou-se um ícone de manifestações a favor da democracia em atos ocorridos há cinco anos, e reapareceu nos protestos de 2019. 

O grupo ativista do qual ele é um dos líderes, Demosisto, publicou em uma rede social que Wong foi detido por volta das 7h30 no horário local (noite de quinta no Brasil) enquanto caminhava em direção a uma estação de metrô.

O ativista teria sido empurrado para dentro de uma van. 

Não é a primeira vez que ele é preso neste ano. Wong passou cinco semanas detido pela atuação nas manifestações de 2014 e foi solto em junho, mês em que os atuais protestos ganharam força 

Wong ganhou proeminência com o Movimento dos Guarda-Chuvas de 2014. Naquele ano, mais de 100 mil pessoas ocuparam o distrito financeiro de Hong Kong em um movimento que pedia eleições livres.

Os manifestantes reivindicavam a escolha do chefe-executivo local no pleito de 2017 por meio de votação direta —atualmente os eleitores só podem escolher entre candidatos previamente aprovados por Pequim. 

A ocupação durou 79 dias e foi pacífica, mas se tornou violenta perto do fim, quando ativistas e policiais entraram em confronto. 

Nesta sexta, outro ativista, Andy Chan, foi detido no aeroporto. Ele é fundador do Partido Nacional (HKNP), pequena legenda que defende a independência do território e foi proibida pelas autoridades em 2018. 

Rick Hui, membro do conselho do bairro popular de Sha Tin, também foi detido nesta sexta, assim como o ex-líder estudantil Atlhea Suen.

A Anistia Internacional condenou as detenções de Wong e Chow, classificando-as de "ataques escandalosos contra a liberdade de expressão e de reunião" e "táticas com o objetivo de espalhar o medo, retiradas dos manuais chineses".

A polícia negou, no entanto, uma tentativa de sufocar as manifestações. "É totalmente falso", declarou John Tse, porta-voz da força de segurança.

A polícia decidiu proibir a manifestação de sábado alegando razões de segurança, uma medida drástica que pode ter o efeito contrário e provocar novos confrontos com ativistas radicais.

A manifestação foi convocada pela Frente Civil de Direitos Humanos (FCDH), um movimento pacífico que liderou as maiores passeatas dos últimos meses, em particular a de 18 de agosto, que reuniu 1,7 milhão de pessoas, segundo os organizadores, e terminou sem incidentes.

Uma das líderes da Frente, Bonnie Lang, afirmou que a FCDH "não tem outra opção a não ser cancelar a manifestação de sábado", depois que o recurso apresentado contra a proibição foi rejeitado.

Mas outras iniciativas estão sendo planejadas. Alguns ativistas pró-democracia propõem uma partida de futebol, uma saída em massa para compras ou uma concentração religiosa improvisada.

É provável que a ala radical, integrada em sua maioria por estudantes muito jovens, ignore o pedido de calma, o que poderia provocar novos distúrbios.

"A polícia acredita que existem líderes no movimento e que sua decisão de proibir a manifestação vai nos deter", afirmou à agência de notícias AFP uma manifestante que se identificou como Kelly.

"Somos nossos próprios líderes e vamos continuar nas ruas. O governo não consegue entender", completou.

Mais de 900 pessoas foram detidas desde o início dos protestos. 

A agitação no território começou em meados de junho devido a um projeto de lei de extradição —agora suspenso— que permitiria que pessoas fossem enviadas à China continental para julgamento em tribunais controlados pelo Partido Comunista. Desde então, evoluiu para apelos por mais democracia.

 
Na quinta-feira (29), a China enviou novas tropas para Hong Kong no que descreveu como uma rotação rotineira de vigilância da região.
 
Mas o jornal China Daily disse que os soldados de Pequim podem agir se a situação se complicar nos próximos dias.

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