Milhares de manifestantes de Hong Kong se uniram nesta sexta (23) para formar uma corrente humana que se estendia pelos dois lados do porto da cidade, em um protesto pacífico e com pouca presença policial.
Ativistas, famílias e algumas pessoas mascaradas deram as mãos em distritos diferentes enquanto outras seguravam faixas agradecendo aos países estrangeiros pelo apoio à "liberdade e democracia" em Hong Kong. Muitos erguiam seus celulares com luzes acesas.
Os protestos, inicialmente em repúdio a um projeto de lei hoje suspenso que permitiria extradições à China, mergulharam a ex-colônia britânica em sua pior crise desde que foi devolvida à China, em 1997, e representam um grande desafio aos líderes do Partido Comunista em Pequim.
Com o tempo, as manifestações se tornaram apelos por mais liberdade, estimulados por temores de uma erosão de direitos garantidos pela fórmula "um país, dois sistemas" adotada após a devolução do território pelo Reino Unido à China, como um Judiciário independente e o direito de protestar.
A ação desta sexta remete a um protesto semelhante ocorrido em 23 de agosto de 1989, quando cerca de 2 milhões de pessoas deram os braços nos países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia), em uma manifestação contra o domínio soviético que ficou conhecida como "Corrente Báltica".
O cordão humano se estendeu por 600 km, atravessando o território das três nações.
No caso de Hong Kong, os organizadores do protesto queriam que a fila (única) se estendesse por 50 km, mas não há confirmação do tamanho real alcançado.
"Entrei para a Corrente de Hong Kong porque é pacífica", disse o manifestante Peter Cheung, 27. "Este é o 30º aniversário do Báltico. Espero que haja uma chance maior de fazer barulho internacional."
Os manifestantes estão planejando novos protestos anti-governo no aeroporto internacional do território neste fim de semana.
O aeroporto foi obrigado a fechar na semana passada, quando manifestantes, que bloquearam passagens com carrinhos de bagagem, barreiras de metal e outros objetos, entraram em confronto com a polícia.
O escritório chinês de assuntos de Hong Kong criticou os tumultos, que qualificou com "atos quase terroristas".
A Autoridade Aeroportuária publicou um anúncio de meia página em jornais fazendo um apelo aos jovens que "amam Hong Kong" e disse se opor a atos que interditem o local, acrescentando que continuará trabalhando para operar normalmente.
A alta corte de Hong Kong prorrogou uma ordem que limita protestos no aeroporto. Alguns ativistas se desculparam pelos transtornos da semana passada no aeroporto.
As manifestações estão afetando a economia e o turismo da cidade, e a região administrativa especial está à beira de sua primeira recessão em uma década.
O secretário dos Transportes, Frank Chan, disse que o volume de passageiros no aeroporto recuou 11% entre 1º e 21 de agosto na comparação com o mesmo período do ano passado, e o volume de cargas diminuiu 14%.
O secretário do Comércio, Edward Yau, disse que a chegada de visitantes começou a cair em meados de julho. Entre 15 e 20 de agosto, elas recuaram 49,6% na comparação com o mesmo período de 2018.
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