O conservador Partido Popular (OVP), do ex-premiê Sebastian Kurz, venceu as eleições legislativas realizadas na Áustria no domingo (29).

Quatro meses depois de ser destituído devido a um escândalo, Kurz, 33, viu sua sigla obter cerca de 38% dos votos, sete pontos percentuais a mais do que no pleito de 2017. 

O resultado pode levá-lo de volta ao cargo, mas ele vai precisar de uma coalizão para formar um governo estável. Isso em um cenário marcado pela queda da extrema-direita e pelo retorno dos Verdes.

O Partido Social-Democrata (SPO) ficou em segundo lugar, com 21,5%, seguido por Partido da Liberdade (FPO), de extrema-direita, (17%), Verdes (12%), e Neos (7%).

A popularidade de Kurz não diminuiu após a queda de seu governo, em maio, formado com o FPO.

Essa união, alcançada em dezembro de 2017 e apresentada como modelo para a Europa diante da ascensão do nacionalismo, implodiu depois de 18 meses.

A aliança terminou após um vídeo mostrar o então chefe do FPO e número dois do governo, Heinz-Christian Strache, em negociações suspeitas. O caso ficou conhecido como “Ibizagate”.

Nas imagens, Strache propõe participações em mercados públicos a uma pessoa ligada a um oligarca russo. Em troca, pede apoio financeiro.

Strache teve que renunciar, e Kurz expulsou o FPO de seu governo. Alguns dias depois, o próprio Kurz foi destituído como chefe do Executivo por uma moção de censura.

O escândalo teve impacto no desempenho do FPO. A sigla perdeu cerca de dez pontos percentuais em relação ao alcançado em 2017.

Kurz disse que pretende conversar com todas as siglas. É quase consenso entre políticos e analistas que, passada a votação, começará um longo período de negociações para se chegar a uma coalizão.

O ex-premiê pode buscar uma nova aliança com o FPO ou com os Verdes e o Neos, juntos. Um acordo de centro, incluindo os social-democratas, também é possível, mas menos provável.

Os Verdes dizem estar dispostos a discutir uma aliança, mas devem pedir inúmeras concessões, especialmente no meio ambiente e na imigração, cenário que deixa muitos observadores céticos.

Quem é quem na política da Áustria

Partido Popular (OVP) Fundado em 1945 por conservadores, defende a “tradição ocidental cristã e humanista”. Suas principais propostas são redução de impostos e investimento em energia limpa. Seu líder é Sebastian Kurz, 33, que foi destituído do cargo de primeiro-ministro em maio deste ano, na esteira de um escândalo de corrupção envolvendo a liderança do Partido da Liberdade da Áustria (FPO), que formava uma coalizão com o OVP.

Partido Social-Democrata (SPO) Criado no fim do século 19, a partir da junção de diversas alas do movimento operário. Atualmente, é liderado pela médica Pamela Rendi-Wagner, ex-ministra da Saúde e da Mulher.  

Partido da Liberdade (FPO) Abalado pelo escândalo conhecido como “Ibizagate”, que envolveu diretamente seu então número um, Heinz-Christian Strache. De extrema-direita, opõe-se à imigração em massa e defende a deportação de estrangeiros inadimplentes. É a favor da proteção do meio ambiente sem ‘histeria climática’. É comandado por Norbert Hofer, ex-ministro do Transporte, Inovação e Tecnologia.

Verdes Saiu do pleito como a quarta força na política austríaca. O crescimento é reflexo da preocupação dos eleitores com o meio ambiente. É chefiado pelo economista Werner Kogler.