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Equador decreta toque de recolher e envio de mais militares a Quito

Em dia marcado por passeatas, movimento indígena aceita dialogar com presidente Lenín Moreno

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Quito

O presidente equatoriano, Lenín Moreno, decretou toque de recolher em Quito, neste sábado (12), a partir das 15h locais (17h em Brasília) e o envio de mais militares à capital do país para “assegurar a paz e o retorno do país à normalidade”.

O anúncio foi feito de Guayaquil, cidade costeira para onde transferiu temporariamente a capital administrativa do país.

Num dia marcado por passeatas e enfrentamentos no centro da capital, com o resto da cidade às moscas, sem comércio nem transporte público, o movimento indígena que vem protestando no Equador há dez dias aceitou dialogar com Moreno, com o objetivo de negociar uma saída para a crise deflagrada pelo aumento no preço dos combustíveis.

Manifestantes sobem na escultura "Esfera de Movimientos Oscilantes" em protesto no parque del Arbolito, em Quito, neste sábado (12) - Martin Bernetti/AFP

Por outro lado, prefeitos das principais cidades do país, reunidos com o presidente, afirmaram que este se mostrou “disposto a revisar o decreto que retira o subsídio aos combustíveis”, segundo declarações de Jorge Yunda, prefeito de Quito, a meios locais.

Os indígenas haviam imposto a retirada da regra como item essencial para iniciar o diálogo, mas o governo nacional vinha se recusando.

Os dirigentes municipais têm tido reuniões com Moreno ao longo da semana para tentar mediar o conflito com os indígenas. O governo nacional, porém, ainda não se pronunciou sobre o decreto.

A Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie), principal organização indígena do país, em um comunicado divulgado em uma rede social, afirmou que, "depois de um processo de consulta com as comunidades, organizações, povos, nacionalidades e organizações sociais, decidimos participar do diálogo direto com o presidente”.

Nas ruas de Quito, no começo da tarde, o clima esteve dividido entre a festa e o conflito.

Enquanto pessoas caminhavam soprando vuvuzelas e agitando bandeiras do Equador e bandeiras brancas, celebrando o início dos diálogos, nos acampamentos indígenas uma série de fogueiras foram acesas usando cartolinas e pedaços de madeira.

Também foram levantadas barricadas de pedra para impedir o avanço da polícia. 

A principal concentração ocorreu no parque del Arbolito, no bairro de El Ejido, onde está o principal acampamento indígena.

A polícia, posicionada nas entradas do parque, tentava impedir que os indígenas avançassem em direção à Assembleia Nacional e ao centro histórico atirando bombas de gás lacrimogêneo.

Muita gente se protegia com máscaras vendidas a US$ 0,50 ou com folhas de eucalipto, que amenizam o efeito nas vias respiratórias. 

Pouco antes da declaração do toque de recolher, um grupo de manifestantes encapuzados incendiou um veículo que estava estacionado dentro do edifício sede da emissora Teleamazonas.

O edifício onde fica a Redação do jornal El Comercio também foi atacado. Os manifestantes têm acusado os meios de comunicação de não relatar o que vem ocorrendo nas ruas.

De fato, isso vem ocorrendo: as TVs abertas praticamente não mostram imagens das manifestações. Outros atos de vandalismo foram registrados, como o incêndio parcial do edifício da Controladoria Pública.

O jogral de vozes distintas era completado por uma numerosa marcha de mulheres, que vinha se aproximando de mãos dadas e gritando “fora, FMI” ao acampamento indígena.

Elas caminhavam de forma pacífica e cantavam.

Os gritos de “renuncia, Lenín” e “o povo unido jamais será vencido” eram ouvidos das caminhonetes que traziam gente para a concentração, uma vez que neste sábado não circulou transporte público.

A reportagem da Folha teve de caminhar por mais de uma hora para ir e outra para voltar do local onde ocorriam os protestos.

Lojas e restaurantes estavam fechados. Não havia sequer onde comprar água. Dos edifícios, alguns habitantes jogavam ovos nos caminhões com manifestantes indígenas e gritavam: "Índios de merda, voltem para as suas comunidades".

Por volta das 16h (18h em Brasília), a concentração de manifestantes começava a se dissipar, e muita gente caminhava nas ruas, para voltar a suas casas.

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