Indígenas aceitam diálogo, e Equador pode rever decreto do combustível

Prefeito de Quito diz que presidente se mostrou disposto a revisar medida que causou crise

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Quito

O movimento indígena que protesta no Equador anunciou neste sábado (12) que aceita dialogar com o presidente Lenín Moreno para negociar uma saída à crise deflagrada pelo aumento no preço dos combustíveis.

Por outro lado, prefeitos das principais cidades do país, reunidos com o presidente, afirmaram que este se mostrou “disposto a revisar o decreto que retira o subsídio aos combustíveis”, segundo declarações de Jorge Yunda, prefeito de Quito, a meios locais.

Os dirigentes municipais têm tido reuniões com Moreno ao longo da semana para tentar mediar o conflito com os indígenas. O governo nacional ainda não se pronunciou sobre o decreto.

"Depois de um processo de consulta com as comunidades, organizações, povos, nacionalidades e organizações sociais, decidimos participar do diálogo direto" com Moreno, afirmou a Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie), a principal organização indígena do país, em um comunicado divulgado em uma rede social.

Nas ruas de Quito, porém, o clima esteve dividido entre a festa e o conflito. Enquanto pessoas caminhavam soprando vuvuzelas e agitando bandeiras brancas e do Equador, nos acampamentos indígenas fogueiras foram acesas com cartolinas e pedaços de madeira.

Também foram montadas barricadas de pedra para impedir o avanço da polícia. 

Esta, do outro lado do parque, tentava impedir que os indígenas avançassem em direção à Assembleia Nacional e ao centro histórico atirando bombas de gás lacrimogêneo.

Muita gente se protegia com máscaras vendidas a US$ 0,50 ou com folhas de eucalipto, que amenizam o efeito nas vias respiratórias. 

O jogral de vozes distintas era completado por uma numerosa marcha de mulheres, que vinha se aproximando de mãos dadas e gritando “fora, FMI” ao acampamento indígena.

Os gritos de “renuncia, Lenín” e “o povo, unido, jamais será vencido” eram ouvidos das caminhonetes que traziam gente para a concentração, uma vez que neste sábado não circulou transporte público.


CRONOLOGIA DOS PROTESTOS

21.fev
Equador e FMI acordam pacote de R$ 17 bilhões; órgão exige que país adote medidas de austeridade

3.out
Governo põe fim a subsídios de combustíveis, e preços sobem até 123%. Protestos começam e Executivo declara estado de exceção

4.out 
Mais de 350 pessoas são presas e 21 policiais ficam feridos. Grupo de 47 militares fica retido em comunidade indígena

5.out 
Trabalhadores do setor de transporte anunciam fim da greve, mas indígenas e sindicatos seguem mobilizados. Presos já são 379, e agentes feridos, 59

6.out 
Vinte são presos por cobrar preços abusivos de alimentos. Um homem morre após ambulância ficar bloqueada em estrada
 
7.out 
Presidente transfere sede do governo para Guayaquil e acusa seu antecessor, Rafael Correa, de tentar um golpe de Estado

9.out 
Indígenas lideram greve geral no país

12.out 
Indígenas aceitam dialogar com presidente 

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