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Descrição de chapéu Governo Trump

Democratas agendam depoimentos e impõem ritmo forte ao impeachment

Testemunhas ignoram veto do governo americano, enquanto Trump tenta minimizar inquérito

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Roma e São Paulo | Reuters
Enquanto a Casa Branca passou os últimos dias tentando minimizar o inquérito de impeachment contra o presidente Donald Trump, democratas concentraram esforços para que o processo avance. 
 
Duas das cinco pessoas ligadas ao Departamento de Estado convocadas a depor nos comitês da Câmara dos Representantes agendaram as datas de suas audiências, ignorando a oposição do secretário de Estado, Mike Pompeo.

Kurt Volker, ex-enviado especial americano à Ucrânia, testemunhará aos deputados a portas fechadas nesta quinta (3). Já Marie Yovanovitch prestará depoimento na sexta (11). 

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, durante entrevista coletiva em Roma, na Itália - Alberto Lingria/Reuters

A ex-embaixadora dos EUA na Ucrânia foi alvo de críticas durante o telefonema no qual Trump pressionou o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, a investigar o democrata Joe Biden, possível rival do republicano na corrida eleitora de 2020. 

O episódio, que alimenta acusações de interferência externa no pleito presidencial americano, detonou o processo de impeachment.

Os deputados também se preparam para receber informações de Steven Linick, inspetor-geral do Departamento de Estado —uma espécie de corregedor independente responsável por investigar abusos e erros de gestão da pasta. 

O ocupante desse cargo não precisa da autorização do secretário de Estado para colaborar com o Congresso, principalmente quando os materiais envolvidos não são classificados como sigilosos.

Não está claro que tipo de informações Linick apresentará. Ele se ofereceu para compartilhar documentos que considera relevantes para a investigação de impeachment.

Inspetores-gerais normalmente fornecem informações ao Congresso, mas deputados e outros servidores familiarizados com a prática afirmam que a iniciativa de Linick é bastante atípica, principalmente considerando a intensa pressão a que o Departamento de Estado foi submetido desde o início do inquérito. 

Parlamentares democratas também afirmaram nesta quarta (2) que planejam intimar a Casa Branca caso o governo americano se recuse a fornecer documentos relacionados aos contatos do presidente com o ucraniano.

O deputado Elijah Cummings, presidente do Comitê de Supervisão e Reforma, disse que a Casa Branca tem ignorado os pedidos para entrega voluntária do material.

Segundo a legislação americana, a Câmara dos Representantes, o Senado e os comitês das duas casas têm a prerrogativa de emitir intimações a outros órgãos e autoridades do Estado. Esses requerimentos são obrigatórios e equivalem a ordens judiciais. 

A ameaça do representante ocorreu horas depois de o presidente fazer fortes críticas aos democratas, chamando-os de “pessoas desonestas” que só davam atenção a “merdas” para tentar reverter o resultados das eleições de 2016. 

Nesta quarta, durante entrevista junto ao presidente da Finlândia, Sauli Niinisto, Trump afirmou que os democratas eram “culpados para caramba” de corromper o último pleito presidencial, e que Biden “é corrupto”. 

O mandatário americano também aproveitou a ocasião para fazer duras críticas ao democrata Adam B. Schiff, presidente do Comitê de Inteligência da Câmara. Trump chamou o deputado de delinquente, falso e desonesto. 

 

O The New York Times revelou nesta quarta que Schiff teve conhecimento das principais queixas do informante anônimo antes de ele registrar a denúncia formal. 

Preocupado com a forma que sua delação seria tratada dentro da agência, ele procurou um dos assessores do Comitê de Inteligência e explicou, de forma vaga, os pontos essenciais da conversa.

O assessor, agindo de acordo com as regras do Comitê, orientou o informante a contratar um advogado e se reunir com um inspetor-geral para registrar formalmente a denúncia.

Em um segundo momento, o assessor comunicou o fato a Schiff, assim como algumas das queixas do denunciante, mas não revelou a identidade dele. 

Outro membro do governo que deve testemunhar no Congresso é Pompeo, que confirmou nesta quarta, durante viagem a Roma, ter participado como ouvinte da ligação entre Trump e Zelenski.

O fato reforça as evidências de que o secretário fez parte dos esforços do presidente para obter vantagens políticas utilizando o Departamento de Estado americano para pressionar líderes estrangeiros.

Eliot Engel, chefe da comissão de Relações Exteriores da Câmara, já havia alertado que, caso a participação de Pompeo fosse confirmada, ele também seria convocado ao Congresso como testemunha. 

Em entrevista coletiva, o secretário de Estado defendeu que a conversa foi legítima e focada nas prioridades políticas dos Estados Unidos.

Os comentários feitos por Trump durante o telefonema, defendeu ele, enquadram-se no contexto da formulação de políticas contra a corrupção no país do leste europeu.

Segundo o secretário de Estado, as ações do presidente americano pretendiam impulsionar a economia ucraniana e eliminar “a ameaça que a Rússia representa”.

Pompeo, que se reunirá com o papa Francisco nesta quinta, não respondeu se, enquanto escutava a ligação, notou algo que o tenha alarmado.

Nesta terça, ele enviou uma carta à Câmara dos Representantes se opondo à convocação de cinco funcionários ligados à sua pasta para depor.

O secretário acusou os congressistas democratas de bullying e intimidação.

“Existem prerrogativas constitucionais importantes que o Poder Executivo deve ter para que possamos proteger informações e para que nossos parceiros confiem que o que eles fornecem ao Departamento de Estado será protegido”, disse Pompeo nesta quarta ao justificar sua ação.

Com New York Times

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