Democratas agendam depoimentos e impõem ritmo forte ao impeachment
Testemunhas ignoram veto do governo americano, enquanto Trump tenta minimizar inquérito
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Kurt Volker, ex-enviado especial americano à Ucrânia, testemunhará aos deputados a portas fechadas nesta quinta (3). Já Marie Yovanovitch prestará depoimento na sexta (11).
A ex-embaixadora dos EUA na Ucrânia foi alvo de críticas durante o telefonema no qual Trump pressionou o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, a investigar o democrata Joe Biden, possível rival do republicano na corrida eleitora de 2020.
O episódio, que alimenta acusações de interferência externa no pleito presidencial americano, detonou o processo de impeachment.
Os deputados também se preparam para receber informações de Steven Linick, inspetor-geral do Departamento de Estado —uma espécie de corregedor independente responsável por investigar abusos e erros de gestão da pasta.
O ocupante desse cargo não precisa da autorização do secretário de Estado para colaborar com o Congresso, principalmente quando os materiais envolvidos não são classificados como sigilosos.
Não está claro que tipo de informações Linick apresentará. Ele se ofereceu para compartilhar documentos que considera relevantes para a investigação de impeachment.
Inspetores-gerais normalmente fornecem informações ao Congresso, mas deputados e outros servidores familiarizados com a prática afirmam que a iniciativa de Linick é bastante atípica, principalmente considerando a intensa pressão a que o Departamento de Estado foi submetido desde o início do inquérito.
Parlamentares democratas também afirmaram nesta quarta (2) que planejam intimar a Casa Branca caso o governo americano se recuse a fornecer documentos relacionados aos contatos do presidente com o ucraniano.
O deputado Elijah Cummings, presidente do Comitê de Supervisão e Reforma, disse que a Casa Branca tem ignorado os pedidos para entrega voluntária do material.
Segundo a legislação americana, a Câmara dos Representantes, o Senado e os comitês das duas casas têm a prerrogativa de emitir intimações a outros órgãos e autoridades do Estado. Esses requerimentos são obrigatórios e equivalem a ordens judiciais.
A ameaça do representante ocorreu horas depois de o presidente fazer fortes críticas aos democratas, chamando-os de “pessoas desonestas” que só davam atenção a “merdas” para tentar reverter o resultados das eleições de 2016.
Nesta quarta, durante entrevista junto ao presidente da Finlândia, Sauli Niinisto, Trump afirmou que os democratas eram “culpados para caramba” de corromper o último pleito presidencial, e que Biden “é corrupto”.
O mandatário americano também aproveitou a ocasião para fazer duras críticas ao democrata Adam B. Schiff, presidente do Comitê de Inteligência da Câmara. Trump chamou o deputado de delinquente, falso e desonesto.
O The New York Times revelou nesta quarta que Schiff teve conhecimento das principais queixas do informante anônimo antes de ele registrar a denúncia formal.
Preocupado com a forma que sua delação seria tratada dentro da agência, ele procurou um dos assessores do Comitê de Inteligência e explicou, de forma vaga, os pontos essenciais da conversa.
O assessor, agindo de acordo com as regras do Comitê, orientou o informante a contratar um advogado e se reunir com um inspetor-geral para registrar formalmente a denúncia.
Em um segundo momento, o assessor comunicou o fato a Schiff, assim como algumas das queixas do denunciante, mas não revelou a identidade dele.
Outro membro do governo que deve testemunhar no Congresso é Pompeo, que confirmou nesta quarta, durante viagem a Roma, ter participado como ouvinte da ligação entre Trump e Zelenski.
O fato reforça as evidências de que o secretário fez parte dos esforços do presidente para obter vantagens políticas utilizando o Departamento de Estado americano para pressionar líderes estrangeiros.
Eliot Engel, chefe da comissão de Relações Exteriores da Câmara, já havia alertado que, caso a participação de Pompeo fosse confirmada, ele também seria convocado ao Congresso como testemunha.
Em entrevista coletiva, o secretário de Estado defendeu que a conversa foi legítima e focada nas prioridades políticas dos Estados Unidos.
Os comentários feitos por Trump durante o telefonema, defendeu ele, enquadram-se no contexto da formulação de políticas contra a corrupção no país do leste europeu.
Segundo o secretário de Estado, as ações do presidente americano pretendiam impulsionar a economia ucraniana e eliminar “a ameaça que a Rússia representa”.
Pompeo, que se reunirá com o papa Francisco nesta quinta, não respondeu se, enquanto escutava a ligação, notou algo que o tenha alarmado.
Nesta terça, ele enviou uma carta à Câmara dos Representantes se opondo à convocação de cinco funcionários ligados à sua pasta para depor.
O secretário acusou os congressistas democratas de bullying e intimidação.
“Existem prerrogativas constitucionais importantes que o Poder Executivo deve ter para que possamos proteger informações e para que nossos parceiros confiem que o que eles fornecem ao Departamento de Estado será protegido”, disse Pompeo nesta quarta ao justificar sua ação.
Com New York Times
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