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Universidade Columbia suspende alunos após prazo para fim de protesto

Dezenas de manifestantes se recusam a desmontar acampamento, e reitoria começa a aplicar punições

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Nova York | Reuters

Os estudantes da Universidade Columbia, em Nova York, mantiveram os protestos pró-Palestina no campus nesta segunda-feira (29) e não cumpriram o prazo estabelecido pela instituição para que desmontassem o acampamento erguido no local. Como medida adicional, a reitoria começou a suspender os estudantes que continuaram no protesto.

A punição parece ser uma tentativa de encontrar uma forma de reprimir os atos sem a necessidade de atuação de forças de segurança e detenções, como ocorrido na semana retrasada no campus —o que espalhou a fagulha dos protestos por outras instituições do país.

Mais cedo a reitora da Universidade Columbia, Nemat Minouche Shafik, havia admitido que as negociações com os manifestantes fracassaram. Os ativistas tinham recebido o prazo máximo das 15h (de Brasília; 14h locais) desta segunda para encerrarem o protesto.

Barracas de manifestantes pró-Palestina montadas em campus da Universidade Columbia, em Nova York
Barracas de manifestantes pró-Palestina montadas em campus da Universidade Columbia, em Nova York - Graham Hughes/AFP

A universidade enviou uma carta aos manifestantes avisando que os alunos que não desocupassem o acampamento e assinassem um formulário reconhecendo sua participação seriam suspensos. Com isso, se tornariam inelegíveis para concluir o semestre.

Conforme o comunicado, mesmo os alunos que assinassem o formulário e deixassem a área ainda estariam em "liberdade condicional disciplinar" até junho de 2025 ou até a formatura, o que ocorresse primeiro.

"Fomos solicitados a dispersar, mas isso é contra a vontade dos estudantes", disse Sueda Polat, uma das organizadoras do acampamento. "Não nos submetemos às pressões da universidade. Agimos com base na vontade dos estudantes."

Há três exigências principais dos manifestantes: que a universidade se desconecte de empresas que apoiam as Forças Armadas de Israel, transparência nas finanças da universidade e anistia para os estudantes e professores punidos por sua participação nos protestos.

"Essas táticas de intimidação repulsivas não significam nada em comparação com as mortes de mais de 34 mil palestinos. Não nos moveremos até que Columbia atenda às nossas exigências ou sejamos movidos pela força", disse a coalizão Columbia Student Apartheid Divest, em um comunicado conjunto antes de o prazo terminar.

Em comunicado, a reitora afirmou que a Columbia não reduziria investimentos de ativos ou companhias que apoiam as Forças Armadas de Israel. Por outro lado, ela se ofereceu para investir em saúde e educação em Gaza e para tornar mais transparentes os investimentos diretos da instituição.

Mais de 900 manifestantes, incluindo professores, foram detidos em quase duas semanas de protestos que ocorrem em universidades de todo o país, segundo levantamento feito pelo jornal americano The Washington Post publicado no domingo (28). Apesar da repressão, novos acampamentos em solidariedade aos palestinos continuam a surgir nos campi.

Os protestos vêm causando tumultos e confrontos em várias instituições. Enquanto estudantes reivindicam o direito de se manifestar e defendem o fim dos ataques de Israel contra os territórios palestinos, parte dos alunos judeus afirma que os atos se transformaram em antissemitismo.

As respostas de cada instituição têm sido diferentes, até porque os próprios atos de alunos variam de acampamentos pacíficos a confrontos mais abertos contra manifestantes pró-Israel.

Em alguns campi, as autoridades policiais advertem diversas vezes os participantes do ato e realizam detenções ordenadas e cordiais, segundo o Washington Post. Em outros, há confrontos físicos, e policiais empregam táticas usadas para reprimir tumultos e manifestações maiores, como por ocasião do assassinato de George Floyd.

Vídeos publicados nas redes sociais mostram policiais conduzindo manifestantes com as mãos atadas, na semana passada, na Universidade de Princeton, uma das mais prestigiadas do país, em Nova Jersey.

As imagens nas redes mostram também policiais dispersando ativistas com bombas de efeito moral. Testemunhas também relataram o uso de spray de pimenta e de balas de borracha contra estudantes. Em uma das gravações, três agentes imobilizam um homem negro, que aparece no chão e com as mãos atadas, enquanto um dos policiais pressiona uma arma de choque contra seu corpo. O caso teria ocorrido na Universidade de Atlanta, na Geórgia, e não há informações sobre o estado de saúde do manifestante.

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