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Descrição de chapéu Coronavírus Governo Trump

Essenciais para reabertura, testes viram nova etapa de rixa entre Trump e governadores

Presidente americano quer que líderes de estados se responsabilizem por realização de exames

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Atual epicentro da pandemia de coronavírus, os EUA enfrentam, além da doença que já matou mais de 41 mil pessoas no país e mais de 168 mil em todo o mundo, um embate político entre presidente e governadores.

O mais recente episódio da crise diz respeito à medida que, sob consenso de especialistas e autoridades de saúde, é fundamental para definir o presente e o futuro da gestão de qualquer país frente à pandemia: os exames de detecção da Covid-19.

A realização de testes em massa está entre as estratégias essenciais de países relativamente bem-sucedidos contra o coronavírus, mas, sem recursos, planejamento e articulação com outras políticas de contenção do contágio, pode fracassar.

O presidente Donald Trump segura um swab, tipo de cotonete para coletar amostras pare testes de coronavírus, durante entrevista coletiva na Casa Branca - Jim Watson - 19.abr.20/AFP

Neste domingo (19), durante entrevista coletiva na Casa Branca, o presidente Donald Trump apontou o que enxerga como uma contradição dos governadores, deixando no colo dos estados a responsabilidade pelos exames.

"Os governadores queriam ter controle total sobre a abertura dos seus estados. Mas agora eles querem que nós, o governo federal, façamos os testes. Testagem é local. Você não pode ter os dois lados. Testagem é uma coisa local. É muito importante, é ótima, mas é uma coisa local."

A reação foi rápida. O governador republicano Larry Hogan, de Maryland, em entrevista à emissora americana CNN, respondeu que "tentar empurrar isso para dizer que os governadores já têm muitos testes, e que eles devem começar a trabalhar na testagem, [como se] de alguma forma não estivéssemos fazendo nosso trabalho, é absolutamente falso".

A governadora de Michigan, a democrata Gretchen Whitmer, afirmou que seu estado tem a capacidade de dobrar ou triplicar o número de testes que estão fazendo, mas a escassez de suprimentos inviabiliza o processo.

Na semana passada, dez governadores —nove deles da oposição— liderados por Andrew Cuomo, de Nova York, firmaram uma aliança para discutir a suspensão das restrições e definir o próprio cronograma de reabertura.

Irritado, Trump chegou a dizer que somente ele tinha autoridade para decidir o calendário de retomada da economia, apesar de o sistema federativo americano conferir poderes a cada estado para decidir esse tipo de questão.

Depois, voltou atrás e deixou a decisão de reabertura econômica nas mãos dos governadores.

Da mesma forma, no domingo, horas depois de vários governadores culparem o presidente por não fazer o suficiente para ajudar na realização de testes, o líder republicano disse que está trabalhando bem com os estados e que o governo federal está intensificando esforços para obter os suprimentos necessários para os testes de coronavírus, como swabs (um tipo de cotonete usado para coletar amostras) e reagentes.

Nesta segunda (20), a Casa Branca e o Congresso tentaram chegar a um novo pacote financeiro para conter os impactos do coronavírus. Os lados estão costurando um acordo de US$ 500 bilhões (R$ 2,6 tri), dos quais US$ 25 bi (R$ 132,9 bi) seriam destinados para testes e US$ 75 bi (R$ 398,7 bi) a hospitais. O restante será para socorrer pequenas empresas.

Trump elogiou o acordo emergencial e disse que espera o voto de aprovação do Senado nesta terça (21).

Além da demanda extraordinária, parte da escassez dos suprimentos para os testes de coronavírus é explicada pela também deficitária produção nacional desses materiais.

Como tentativa de preencher a lacuna, o FDA (agência reguladora de alimentos e medicamentos nos EUA) permitiu, em caráter emergencial, que cerca de 90 empresas, a maioria baseada na China, vendam testes rápidos de coronavírus ao governo americano sem a tradicional verificação da agência.

Especialistas, entretanto, questionam a eficácia da medida. O principal argumento contra a decisão do FDA é que os testes rápidos, apesar de mais fáceis de serem administrados, são também os menos confiáveis, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) não recomenda o seu uso.

É consenso entre especialistas que a testagem ampla e confiável é fundamental para a definição das diretrizes adotadas na gestão da pandemia. O alerta serve, inclusive, a outros governos que elegeram os testes como prioridade.

O embate entre Trump e os governadores, aliado à pressão popular, esquenta os humores na política americana em ano de eleições.

Especulada como possível candidata à vice-presidência na chapa do democrata Joe Biden, Whitmer, de Michigan, viu milhares de manifestantes na capital do estado, Lansing, na semana passada, protestando contra seu governo e pedindo o fim das restrições impostas para tentar conter o coronavírus.

O próprio Trump fez uma série de postagens no Twitter na sexta-feira (17) encorajando manifestantes a pedir a reabertura de estados governados por líderes do Partido Democrata.

O resultado foi visto em várias capitais estaduais com milhares de pessoas pressionando os governadores a colocarem um fim nos bloqueios, ao mesmo tempo em que desrespeitavam as orientações de evitar aglomerações e de manter o distanciamento social.

Autoridades e especialistas em saúde na linha de frente do combate à pandemia alertam que os EUA poderão enfrentar uma segunda onda de infecções, ainda mais letal, se os bloqueios forem encerrados prematuramente.

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