Biden nega novas acusações de assédio sexual pela primeira vez
Candidato à Presidência dos EUA passou semanas em silêncio após acusação de ex-assessora
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O ex-vice-presidente e atual candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos, Joe Biden, negou pela primeira vez, após semanas de silêncio, as acusações de assédio sexual feitas por sua ex-assessora no Senado Tara Reade.
"Reconheço minha responsabilidade de ser uma voz, um defensor e um líder da mudança na cultura que começou, mas que está longe de terminar. Então, quero abordar as acusações de uma ex-funcionária de que tive uma má conduta há 27 anos. Elas não são verdadeiras. Isso nunca aconteceu", escreveu Biden em um artigo publicado nesta sexta-feira (1º) na plataforma Medium.
Segundo a ex-assessora, em 1993, Biden a encostou contra uma parede em um prédio do Senado, enfiou a mão sob suas roupas e a penetrou com os dedos.
No ano passado, Reade e outras sete mulheres foram a público acusar Biden de tê-las beijado, abraçado ou tocado de maneiras que as deixaram incomodadas.
Na ocasião, Biden se defendeu dizendo que é um "político tátil" que gosta de interagir com o público e que nunca pensou que havia agido de maneira inapropriada.
"A política para mim sempre teve a ver com conectar-se, mas estarei mais atento quanto a respeitar o espaço pessoal no futuro. É minha responsabilidade, e a cumprirei."
Desta vez, Biden recorreu ao jornalismo para se defender das novas acusações.
"Organizações de notícias responsáveis devem examinar e avaliar o histórico completo e crescente de inconsistências na história dela [de Reade], que mudou repetidamente de maneiras pequenas e grandes."
Os jornais New York Times e o Washington Post entrevistaram Reade e várias pessoas citadas por ela que trabalharam para Biden quando ele era senador. Mas os repórteres não descobriram nenhum padrão de conduta sexual inapropriada por parte de Biden.
A outra novidade foi o depoimento de uma ex-vizinha ao Business Insider —ela afirma que Reade contou a história para ela no meio dos anos 1990.
Reade disse ao Washington Post que, depois do assédio, ela falou sobre o caso com a mãe, o irmão e uma amiga, mas não mencionou a vizinha.
"Embora os detalhes dessas alegações de assédio sexual sejam complicados, duas coisas não são complicadas. Uma é que as mulheres merecem ser tratadas com dignidade e respeito e, quando dão um passo à frente, devem ser ouvidas, não silenciadas. A segunda é que suas histórias devem estar sujeitas a investigação e escrutínio apropriados", escreve o candidato.
Biden também falou sobre o que ele já havia escrito em seu artigo em relação à inexistência de registros da denúncia.
Reade disse que entrou com uma queixa em um escritório do Congresso que detalha o assédio sexual por Biden quando ela trabalhava em seu escritório. A documentação, entretanto, não foi localizada, e a ex-assessora disse que não tem uma cópia.
Em seu texto, Biden sugere que o Senado solicite uma busca no Arquivo Nacional, onde estaria registrada a denúncia de Reade feita à época, e, caso algo seja encontrado, que seja apresentado à imprensa.
"Estou confiante de que não há nada", disse à MSNBC. "Eu não estou preocupado com isso. Isso é um livro aberto, eu não tenho nada a esconder."
A demora em se manifestar publicamente, entretanto, causou desconforto entre apoiadores. O silêncio de Biden levantou questões entre alguns democratas sobre a agilidade da operação de sua campanha e sobre sua capacidade de enfrentar uma disputa dura contra o atual presidente Donald Trump.
Além disso, um grupo de defensoras dos direitos das mulheres chegou a escrever uma carta aberta cobrando uma resposta do democrata.
"O vice-presidente Biden tem a oportunidade, neste momento, de ser um modelo de como levar a sério as acusações sérias. O peso de nossas expectativas corresponde à magnitude do cargo que ele quer ocupar", dizia o documento.
Outras lideranças femininas, inclusive mulheres que são cotadas para compôr a chapa de Biden e ocuparem a vice-presidência, defenderam o candidato. Foi o caso, por exemplo, das senadoras Amy Klobuchar e Kamala Harris.
A defesa mais enfática veio de Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Deputados dos EUA.
"Quero remover todas as dúvidas da mente de qualquer pessoa: tenho um grande nível de conforto com a situação como a vejo, com todo o respeito do mundo por qualquer mulher que se apresente e com o maior respeito por Joe Biden", disse Pelosi quando questionada sobre as acusações.
Até mesmo Trump levantou a possibilidade de que as acusações de Reade sejam falsas.
"Acho que ele [Biden] deveria responder. Podem ser acusações falsas. Eu sei tudo sobre acusações falsas, fui falsamente acusado várias vezes."
Trump foi acusado de agressão sexual e erro de conduta sexual por mais de uma dúzia de mulheres, que descreveram um padrão de comportamento que ultrapassa em muito as acusações feitas a Biden.
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