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Detentos tentam se infectar com coronavírus para sair da cadeia nos EUA

Presos compartilharam garrafa de água e máscara para pegar doença e pedir liberdade

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Los Angeles | AFP

Um grupo de detentos nos Estados Unidos tentou se infectar com o novo coronavírus para sair de uma cadeia de Los Angeles, no estado da Califórnia, como mostram imagens do circuito interno de câmeras de segurança da prisão.

No vídeo, divulgado pela polícia de Los Angeles, é possível ver que os presos beberam água de uma mesma garrafa e esfregaram uma máscara de proteção no rosto antes de a passarem uns aos outros.

O condado registrou 357 casos de coronavírus na população carcerária. A tentativa de conseguir a liberdade, entretanto, não vai funcionar, de acordo com as autoridades municipais.

Detentos limpam celas em centro de detenção em Santee, na Califórnia - Sandy Huffaker - 22.abr.20/AFP

"É triste pensar que alguém deliberadamente tentou se expor à Covid-19", disse o delegado Alex Villanueva durante uma entrevista coletiva.

"De alguma forma, havia uma crença equivocada entre a população de presos de que, se eles tivessem um resultado positivo [para coronavírus], haveria uma maneira de nos forçar a libertar mais presos. Isso não vai acontecer."

De acordo com Villanueva, a estratégia perigosa foi responsável por pelo menos 21 novos casos de coronavírus confirmados no Centro Penitenciário de North County.

Reportagem do jornal americano Washington Post mostrou que, em março, o condado de Los Angeles anunciou a libertação de presos com menos de 30 dias restantes de suas penas para tentar minimizar a propagação do vírus.

A contaminação ocorreu depois que um grupo de cerca de 20 presos compartilharam uma única garrafa de água. A prática levantou suspeitas porque, segundo o delegado, é comum que os detentos sejam muito cuidadosos com suas garrafas individuais.

A garrafa compartilhada estava cheia de água quente, geralmente utilizada para cozinhar macarrão instantâneo ou fazer café. Segundo Villanueva, os presos tentavam elevar as próprias temperaturas corporais antes de serem examinados por uma enfermeira da prisão.

Em outro vídeo, também do mês de abril, quatro presos dividem uma única máscara de proteção. Eles a levam ao rosto e respiram profundamente antes de passá-la uns aos outros.

"Não é algo que eles compartilhem de pessoa para pessoa, e quem pratica higiene básica não faz isso de qualquer maneira", disse Villanueva na entrevista coletiva. "Então, nesse ambiente, e considerando o fato de que os 21 tiveram testes positivos nesse módulo, a intenção deles fica evidente."

Na segunda-feira (11), cerca de 4.600 presos continuavam em quarentena por precaução, segundo Villanueva, com quase 2.000 deles localizados na prisão onde os vídeos foram gravados no final de abril.

Mas críticos como a ONG JusticeLA consideram que não é suficiente.

"O delegado deve libertar mais pessoas detidas", disse sua porta-voz, Patrisse Cullors, em nota enviada à agência de notícias AFP. "Não temos ideia de até onde a doença está se espalhando nas prisões."

"O que tenho ouvido de presos é que não há sabão e água quente suficientes, que seus oficiais debocham das pessoas que estão dentro, tossindo, dizendo-lhes que vão morrer de Covid-19", acrescentou.

A pandemia impôs severas restrições ao funcionamento dos sistemas judiciários em boa parte do mundo.

Além da soltura de presos considerados não violentos e que estavam próximos do fim de suas penas, nos EUA, país que concentra o maior número de casos e mortes por Covid-19, houve a suspensão de execuções de presos condenados à morte.

Até esta quarta-feira (13), os EUA haviam registrado mais de 1,3 milhão de casos e 82 mil mortes por coronavírus, de acordo com dados da universidade Johns Hopkins.

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