Descrição de chapéu Coronavírus

EUA podem ter mortes e sofrimento desnecessários com reabertura precoce, diz conselheiro de Trump

Audiência acontece após presidente barrar fala do epidemiologista na Câmara dos Deputados

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Washington | Reuters e AFP

Anthony Fauci, principal conselheiro do presidente Donald Trump para o combate à pandemia de Covid-19, disse em audiência no Senado americano nesta terça-feira (12) que o relaxamento prematuro das medidas de isolamento social pode levar o país a registrar novos surtos da doença.

Para o membro da força-tarefa da Casa Branca contra o coronavírus, os estados americanos deveriam seguir as recomendações de especialistas e esperar as condições ideais para a retomada econômica, que incluem o declínio no número de novas infecções.

"As consequências [da reabertura] podem ser muito sérias", afirmou Fauci. “Há um risco real de que a reabertura provoque surtos incontroláveis, o que, paradoxalmente, faria o país regredir [no combate à doença], causando sofrimento desnecessário, mas também atrasaria a recuperação econômica.”

Fauci aparece em frame de vídeo,em uma sala com estantes com livros
Anthony Fauci discursa em audiência do Senado sobre a pandemia de Covid-19 nos EUA, por videoconferência - U.S. Senate Committee for Health, Education, Labor, and Pensions Committee - 12.mai.20/ Reuters

O epidemiologista afirmou ainda que o número de mortos pode ser maior que o oficial, já que muitas pessoas estão morrendo em casa, sem serem testadas.

Durante a audiência, realizada com a maioria dos políticos em videoconferência, os senadores democratas enfatizaram o perigo da reabertura prematura, enquanto congressistas republicanos minimizaram os riscos, afirmando que uma quarentena prolongada poderia ter sérios impactos na economia.

“Americanos precisam de liderança, de um plano e de honestidade, antes de reabrirmos”, disse a democrata Patty Muray.

Na direção contrária dos colegas de partido, o senador republicano Lamar Alexander afirmou na abertura da sessão que os EUA haviam feito um número impressionante de testes, mas ainda insuficiente.

A audiência no Senado americano acontece após Trump ter impedido Fauci de testemunhar, na semana passada, diante da Câmara dos Deputados. A Casa Branca alegou que o testemunho do conselheiro seria “contraproducente”.

Enquanto a Câmara dos Deputados é controlada pelos democratas, a maioria do Senado é do Partido Republicano, o mesmo de Trump.

Os EUA já registraram mais de 1,3 milhão de casos de Covid-19 e mais de 80 mil mortes em decorrência da doença.

O presidente tem alegado que os estados americanos possuem testes suficientes para controlar a disseminação do vírus e que, portanto, deveriam abrir rapidamente suas economias.

Faz parte da estratégia de Trump para as próximas eleições, marcadas para novembro, o discurso de que sua administração fortaleceu a economia americana.

Grupos conservadores também têm protestado em vários pontos do país pelo fim da quarentena. Alguns estados, como Texas e Geórgia, afrouxaram as medidas de isolamento social, mas outros resistem a acatar o desejo de Trump.

Na semana passada, o jornal New York Times publicou reportagem na qual mostra que a administração Trump planejava enfraquecer gradualmente a força-tarefa da Casa Branca contra o vírus, da qual Fauci faz parte.

A informação se confirmou no dia seguinte, quando o governo anunciou que as ações do grupo passariam a focar a reabertura econômica do país, além de vacinas e terapias.

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