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Macron inicia reformulação do governo ao colocar 'senhor desconfinamento' como premiê

Jean Castex coordenou estratégia de reabertura da França durante crise do coronavírus

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Paris | AFP e Reuters

O presidente da França, Emmanuel Macron, nomeou Jean Castex como seu novo primeiro-ministro nesta sexta-feira (3).

Castex, 55, prefeito conservador da pequena cidade de Prades, no sudoeste, tornou-se conhecido pelos franceses em abril, quando assumiu a coordenação da estratégia de reabertura do país na tentativa de se recuperar da crise provocada pelo novo coronavírus.

A missão rendeu a ele o apelido de "senhor desconfinamento". Autoridades do Palácio do Eliseu, residência oficial e sede da Presidência francesa, atribuem a Castex o "sucesso do desconfinamento" da França.

O agora ex-premiê Édouard Philippe apresentou sua renúncia a Macron também nesta sexta. Após discussões "calorosas e amigáveis", Macron e Philippe "concordaram sobre a necessidade de formar um novo governo para encarnar uma nova etapa, um novo rumo", de acordo com assessores do presidente.

Jean Castex, novo primeiro-ministro da França, recebeu o apelido de 'senhor desconfinamento' após coordenar a reabertura do país - Gonzalo Fuentes - 19.mai.20/Reuters

A mudança no gabinete era considerada iminente desde a derrota sofrida pelo partido de Macron, a República em Marcha (LREM), nas eleições municipais do último domingo (28).

Marcadas por um índice de abstenção histórico, as votações consolidaram o avanço do Partido Verde, de oposição ao governo. O partido de Macron perdeu em quase todas as grandes cidades francesas.

O próprio Philippe venceu o pleito em seu reduto eleitoral, Le Havre, no norte da França. Analistas políticos avaliam que o ex-premiê é mais popular que o presidente e pode emergir como rival de Macron nas próximas eleições presidenciais, em 2022.

O Executivo francês enfrenta um período complicado, com o movimento dos "coletes amarelos", a greve contra a reforma da Previdência e o descontentamento dos profissionais da saúde.

A reformulação do governo, iniciada pela nomeação de Castex, é uma tentativa de Macron de reinventar sua Presidência e reconquistar os eleitores.

A gestão de Bruno Le Maire, ministro das Finanças, por exemplo, está sendo observada de perto diante da pressão de investidores franceses. O país enfrenta a mais profunda depressão econômica desde a Segunda Guerra Mundial, com queda da economia estimada em cerca de 11% neste ano.

Apesar de estar longe de ser uma figura política proeminente, o novo premiê conhece bem os bastidores do governo. Castex atuou como consultor de assuntos sociais do ex-presidente Nicolas Sarkozy e acabou se tornando um dos principais tecnocratas do governo.

"Ele é um alto funcionário público, completo e versátil, que se dedicará a reformar o Estado e a conduzir um diálogo pacífico com os territórios", explicou o Palácio do Eliseu.

Ele também foi chefe de gabinete do ministro da Saúde de Sarkozy, Xavier Bertand, e coordenou a estratégia da França para organizar as Olimpíadas de Paris, em 2024.

Como prefeito de Prades, teve avaliação positiva e conquistou a reeleição no pleito do último domingo. Isso pode ajudar Macron a se reconectar com eleitores descontentes na França rural e suburbana.

O chefe de gabinete de Castex será Nicolas Revel, próximo a Macron. A nomeação, de acordo com opositores, mostra que o presidente deseja manter um controle firme sobre seu novo primeiro-ministro.

"O presidente da República confirma sem surpresa sua direção. O dia seguinte será de direita, como o dia anterior", afirmou o líder do Partido Socialista, Olivier Faure.

A composição completa do novo governo deverá ser revelada até quarta-feira (8), data prevista para a próxima reunião de gabinete.

"Para esse governo de combate, teremos poucas prioridades: reviver a economia, continuar a reconstruir nossa previdência social e o meio ambiente, restabelecer uma ordem republicana justa, defender a soberania europeia", disse Macron à imprensa, antes de afirmar que "novos rostos, novos talentos e personalidades de diferentes origens serão necessários".

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