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Coreia do Sul teme 3ª onda 'irrefreável' de Covid-19 e recomenda Natal online

País registra menos infecções diárias do que a cidade de São Paulo, mas considera alta preocupante

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Seul | Reuters

Classificando o aumento de casos diários de coronavírus como "uma crise terrível", autoridades de saúde da Coreia do Sul recomendaram que a população cancele as festas presenciais de Natal e Ano Novo para evitar um agravamento da pandemia no país.

"Por favor, façam celebrações online, especialmente no Natal, em eventos religiosos e em festivais do nascer do sol no Ano Novo, se possível, e pedimos que não façam nenhuma festa ou evento em hotéis", pediu Yoon Tae-ho, funcionário do Ministério da Saúde sul-coreano, durante entrevista coletiva nesta sexta-feira (4).

De acordo com os dados da Universidade Johns Hopkins, a Coreia do Sul registrou 629 novos casos na quinta-feira (3). Em relação ao tamanho de sua população —51,7 milhões de pessoas, segundo o Banco Mundial—, o número é relativamente baixo.

A cidade de São Paulo, para comparação, tem 12,3 milhões de habitantes, segundo o IBGE —menos de um quarto da população da Coreia do Sul. As 2.320 novas infecções confirmadas nesta quinta-feira na capital paulista, entretanto, foram quase quatro vezes o número registrado no país asiático.

Comerciante espera por clientes de braços cruzados em loja de decorações de Natal em Seul, na Coreia do Sul - Kim Hong-ji - 26.nov.20/Reuters

Ainda assim, os novos casos na Coreia do Sul representam um agravamento da pandemia no país. Antes desta quinta, as autoridades registraram um número maior de infecções diárias em apenas duas ocasiões, em fevereiro e março, meses de pico da Covid-19 entre os sul-coreanos.

A quantidade de óbitos segue relativamente baixa. Foram sete mortes por coronavírus confirmadas nesta quinta —em São Paulo, para comparação, foram 181 na mesma data. No total, o país asiático registra mais de 36 mil casos e 536 mortes por Covid-19.

Cerca de 75% das novas infecções se concentram em Seul, de acordo com a Agência Coreana de Controle e Prevenção de Doenças.

Por esse motivo, o prefeito da cidade, Seo Jung-hyup, determinou que estabelecimentos que ainda não haviam sido limitados pelas restrições de âmbito nacional impostas no final de novembro devem fechar as portas às 21h a partir deste sábado (5).

A medida se aplica a todo tipo de lojas, além de teatros, bibliotecas e repartições públicas. Nos horários noturnos, o transporte público de Seul também passará a operar com 70% da capacidade.

O primeiro-ministro sul-coreano, Chung Sye-kyun, afirmou que a situação epidemiológica do país é crítica e que o governo estuda aplicar medidas mais restritivas no domingo (6).

Sob as regras impostas em 24 de novembro, karaokês e cafés, que costumam concentrar os adolescentes sul-coreanos, só podem funcionar com público limitado e até as 21h. Estima-se que existam cerca de 40 mil estabelecimentos desse tipo em todo o país.

O próximo nível de restrições que está sendo considerado pelo governo pode fechar os karaokês, limitar qualquer tipo de reunião a no máximo 50 pessoas, impedir a presença de torcedores em eventos esportivos e estabelecer limite de 20 pessoas em cultos religiosos.

Depois de o país ser considerado um bom exemplo de resposta à pandemia, as autoridades sul-coreanas já falam em "terceira onda" de casos. Entre fevereiro e março, a Coreia do Sul viveu seu pior momento de crise na saúde pública.

De abril a julho, a propagação do coronavírus parecia sob controle, até que voltou a subir em agosto. O novo aumento de casos, à época, foi tratado como uma segunda onda de infecções, mas diminuiu durante os meses de setembro e outubro.

Em novembro, a curva voltou a subir e agora está "irrefreável", de acordo com o primeiro-ministro, a despeito das restrições reimpostas pelo governo.

As autoridades também estão preocupadas que os exames de admissão das universidades sul-coreanas, que movimentaram quase 500 mil estudantes nesta quinta-feira, possam se tornar outra fonte de contágios.

A este alerta, somam-se os pelo menos 207 mil alunos que farão novas provas neste fim de semana e outros 192 mil no próximo.

"Não é exagero dizer que a segurança da Coreia do Sul depende dos participantes dessas provas", disse o ministro da Educação, Yoo Eun-hae.

A pandemia também teve impacto político na Coreia do Sul. Nesta sexta, o presidente Moon Jae-in reformulou seu gabinete em resposta à queda recorde em seus índices de aprovação. Além das mudanças nos ministérios do Interior, Terra e Habitação, e Gênero, Moon também substituiu o titular da Saúde.

No lugar de Park Neung-hoo, especialista em políticas de bem-estar social criticado por sua falta de experiência em saúde pública, o presidente sul-coreano nomeou Kwon Deok-cheol, funcionário de carreira do ministério que desempenhou um papel considerado fundamental quando o país enfrentou a epidemia de Mers (síndrome respiratória do Oriente Médio), em 2015.

Com poucos novos casos, China rastreia carnes congeladas

A China tem adotado uma abordagem de tolerância zero a novos riscos de infecção, rastreando carnes e frutos do mar congelados importados e fechando comunidades sempre que ocorrem novas transmissões.

Nesta quarta (2), o órgão regulador do país publicou uma nota em seu site afirmando que vai aumentar, mais uma vez, a fiscalização e a inspeção de empresas importadoras, supermercados e restaurantes para evitar a disseminação do coronavírus por meio de produtos congelados vindos de fora do país.

“A atual situação de prevenção e controle da epidemia ainda é complexa e austera, e o risco da doença entrar está maior continuamente à medida que o intercâmbio de pessoal e bens internacionais também aumentou” disse a nota.

A China detectou repetidamente o vírus nas embalagens de produtos que vão de camarão equatoriano até frango brasileiro, desencadeando proibições de importação, mesmo que a Organização Mundial da Saúde diga que o risco de pegar Covid-19 de alimentos congelados é baixo.

O governo também pediu às autoridades que tenham todos os frigoríficos registrados até o final do ano, segundo o comunicado. Os produtos alimentícios importados não podem ser vendidos sem um relatório mostrando que eles foram submetidos a um teste de ácido nucléico.

O país que foi o berço da pandemia e chegou a registrar número recorde de 15.136 novos casos e 1.290 mortes num único dia, contabilizou 108 infecções e 1 óbito nas últimas 24 horas desta sexta-feira (4). Os dados indicam uma redução de 99% em relação aos números recordes de abril.

Desde o início do surto, a China acumula 93 mil casos confirmados e 4.745 mortes —o país, porém, tem sido acusado de não ser transparente em relação à gravidade da pandemia, escondendo parte dos casos.

Nas Filipinas, polícia pode bater em quem violar distanciamento social

O general Cesar Binag, comandante da força-tarefa filipina contra o coronavírus, disse nesta sexta (4) que a polícia e os soldados vão patrulhar Manila, capital do país, portando um tipo de vara com um metro de cumprimento para medir o distanciamento físico mínimo exigido como forma de proteção.

O objeto, entretanto, também pode ter outra finalidade. "Pode ser usado para bater nos cabeças-duras", disse Binag, acrescentando que as "patrulhas de distanciamento social" se concentrarão em áreas de grande fluxo de pessoas, como mercados e terminais de transporte público.

O general não deixou claro se, de fato, esta é a orientação às forças de segurança das Filipinas, e o país tem sido alvo de críticas de defensores dos direitos humanos devido à abordagem militarista como resposta à pandemia.

Usando máscaras e viseiras de proteção, filipinos se aglomeram em mercado de rua em Manila, capital das Filipinas - Eloisa Lopez - 3.dez.20/Reuters

Desde março, o governo de Rodrigo Duterte prendeu, advertiu e penalizou cerca de 700 mil pessoas por violarem medidas como distanciamento físico e uso obrigatório de máscaras.

O país teve seu pico de casos e mortes por Covid-19 em agosto e setembro. Nas últimas semanas, os números têm sido distantes das fases mais críticas, mas as autoridades monitoram com atenção as aglomerações em decorrência da temporada natalina que, nas Filipinas, começa em setembro.

Com 108 milhões de habitantes, o país registrou até esta sexta (4), mais de 436 mil casos e 8.509 mortes.

Morte de médico na Indonésia faz soar alarme de colapso em hospitais

Na última terça-feira (1º), o médico indonésio Sardjono Utomo, 60, foi internado junto com a esposa em um hospital em Java Oriental devido a complicações da Covid-19.

Pouco mais de 24 horas depois, enquanto outros médicos ligavam de hospital em hospital em busca de um respirador em Surabaya, a segunda maior cidade do país, o casal não resistiu e seus nomes se somaram aos de outras mais de 17 mil vítimas do coronavírus no país, incluindo cerca de 180 médicos.

"Parece que a atual situação de sobrecarga [em hospitais] é a pior de toda a pandemia de Covid-19 na Indonésia", disse Halik Malik, porta-voz da Associação Médica Indonésia, à agência de notícias Reuters.

Vista aérea de área cedida pelo governo para sepultar vítimas do coronavírus em Jacarta, capital da Indonésia - Willy Kurniawan - 24.nov.20/Reuters

Questionado sobre o motivo pelo qual um médico não conseguiu receber o tratamento de que precisava, o pneumologista Syaiful Hidayat, responsável pelo atendimento ao casal, disse que simplesmente não havia espaço suficiente e reiterou um dilema bioético vivido por muitos profissionais de saúde na pandemia.

"Qual [dos pacientes internados] você quer expulsar ?", perguntou. "Você não pode fazer isso. Isso mostra que a Covid-19 está aqui e é real. Pode acontecer com qualquer pessoa e não teremos camas suficientes."

A curva de novos casos na Indonésia, quarto país mais populoso do mundo, com 270 milhões de habitantes, tem batido recordes de crescimento nos últimos dias. Nesta quinta (3), foram confirmados 8.369 casos, mais que o dobro que vinha sendo registrado até o fim de outubro.

No total, o país acumula 563 mil casos e mais de 17 mil mortes por coronavírus.

Número de casos na Índia dá sinais de queda, mas ainda assusta pelo volume

Os dados mais recentes de novas infecções por coronavírus na Índia indicam uma redução de 62,6% em relação ao recorde de 97.894 casos confirmados em 16 de setembro.

As 36.595 infecções registradas na quinta (3) marcam o quinto dia consecutivo em que o país conseguiu manter o número de casos abaixado dos 40 mil, mas o volume de contágios ainda gera preocupação.

Passageiros fazem fila para checagem de temperatura em estação de trem em Mumbai, na Índia - Francis Mascarenhas - 26.nov.20/Reuters

A ausência de saneamento básico aliada à altíssima densidade populacional cria um ambiente propício para disseminação de doenças contagiosas, configurando uma crise de saúde que antecede e é agravada pela Covid-19.

Atrás apenas dos EUA no ranking de países com maior número de casos, a Índia registrou 9,5 milhões de infecções até esta sexta. As mais de 139 mil mortes confirmadas só são menores que os números registrados entre os americanos (mais de 276 mil) e no Brasil (mais de 175 mil).

Premiê do Japão incentiva viagens e preocupa especialistas diante de nova alta de casos de Covid-19

O primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, defendeu nesta sexta-feira (4) uma campanha de turismo doméstico que, dizem grupos de médicos e especialistas, pode agravar o que está sendo considerado uma "terceira onda" de casos de coronavírus no país.

Em sua primeira entrevista coletiva desde o novo surto de infecções registrado em novembro, Suga incentivou os japoneses a viajarem dentro do país como forma de aquecer a economia dos pequenos negócios mais afetados pela pandemia.

O premiê, entretanto, ressaltou que a "maior responsabilidade do governo é proteger as vidas" das pessoas, razão pela qual a campanha foi interrompida em duas regiões, e idosos foram desencorajados a viajar para Tóquio, capital do país que concentra a maior quantidade dos novos casos.

O primeiro-ministro do Japão, Yoshihide Suga, durante entrevista coletiva em Tóquio - Hiro Komae - 4.dez.20/AFP

Em novembro, o Japão registrou a maior quantidade de infecções desde o início da pandemia. O recorde foi de 2.679 casos no último sábado (28), quase mil a mais que a maior marca alcançada anteriormente, em julho.

As 33 mortes registradas nesta quinta (3), apesar de representarem um número baixo em relação aos 126 milhões de habitantes do país, também estabelecem um novo recorde de óbitos causados pela Covid-19 entre os japoneses.

No total, o Japão registrou mais de 158 mil casos e 2.210 mortes pelo coronavírus até esta sexta (4).

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