Descrição de chapéu Coronavírus

Singapura e Coreia do Sul têm mais sucesso em deter coronavírus

Não há receita exata a ser seguida, mas é fundamental reconhecer tamanho do problema e agir logo no começo da epidemia

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São Paulo

No universo de respostas possíveis à pandemia de Sars-CoV-2, o novo coronavírus, há diversos exemplos de como lidar com a questão. Alguns países até têm conseguido frear a epidemia; outros, por causa da demora em agir e por escolhas incorretas, experimentam o que a doença tem de pior a oferecer.

Não há uma receita exata a ser seguida, mas há um consenso de que reconhecer o tamanho do problema e monitorar de perto os primeiros casos faz a diferença.

Essas diferenças se evidenciam quando se analisa o curso da epidemia em cada lugar. Irã, Itália e Coreia do Sul têm evolução especialmente rápida se comparada à de Singapura, Hong Kong e Japão, por exemplo.

A baixa velocidade do avanço em Singapura e em Hong Kong é atribuída ao estrito controle nas possíveis aglomerações. Celebrações religiosas, por exemplo, foram suspensas. Singapura fechou as fronteiras para pessoas vindas da China; em Hong Kong, os visitantes chineses têm que passar por quarentena.

No Japão, escalado para sediar a Olimpíada de 2020, em Tóquio, a curva também progride devagar. Se, por um lado, medidas como suspender aulas e colocar um navio repleto de passageiros em quarentena podem ter tido algum efeito, há a discussão de que a testagem demasiadamente criteriosa de casos suspeitos promovida pelo país poderia camuflar a real situação.

Nos EUA, o presidente Donald Trump afirmou que a Europa tardou a tomar medidas como a restrição da entrada de chineses e proibiu a chegada de viajantes europeus por 30 dias.

O país já contabiliza mais de 1.300 casos e 66 mortes. A curva da epidemia já passou da etapa inicial, quando as medidas de isolamento e barreiras sanitárias têm maior impacto na dinâmica.

Entre os piores exemplos também há discrepâncias. Enquanto na Itália há 15.100 casos e 1.016 mortes, a Coreia do Sul tem perto de 8.000 casos e 66 mortes, de acordo com informações desta quinta (12).

Trabalhador desinfeta estação de metrô em Seul, na Coreia do Sul; país tem tido sucesso em evitar mortes causadas pela covid-19 - Yonhap/AFP

O exemplo italiano ficou famoso após o episódio que ficou conhecido como uma falha de um hospital próximo de Milão no diagnóstico e tratamento de um paciente, que teria contaminado diversas pessoas.

Na Coreia do Sul, a busca ativa por pessoas infectadas é intensa, com milhares de testes diagnósticos feitos diariamente. Os pacientes são identificados frequentemente no começo dos quadros infecciosos e só aqueles que realmente precisam recebem cuidados hospitalares.

O Irã tem tido especial dificuldade em lidar com a covid-19. Duas semanas atrás, o governo negou que a doença fosse um problema. Agora, com mais de 400 mortos, nem se sabe ao certo o tamanho da epidemia, que começou na cidade de Qom, por onde passam muitos peregrinos diariamente.

Não foram adotadas medidas de forma precoce, e diversas autoridades iranianas foram infectadas, inclusive o vice-ministro da Saúde.

Entre os países aos quais o vírus ainda não chegou (ao menos oficialmente) estão El Salvador e Uruguai.
O país sul-americano estuda adotar medidas para evitar a transmissão em escolas e monitora viajantes que vêm de países onde há transmissão sustentada, como China, Itália, Coreia do Sul e Irã. Além disso, é solicitado aos turistas que apresentem sintomas típicos (como febre e dor de garganta) que fiquem em casa.

A exemplo de Trump, o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, decidiu colocar o país inteiro em quarentena, impedindo a entrada de estrangeiros por três semanas, para tentar manter o vírus longe do país. Eventos com mais de 500 pessoas foram proibidos.

Além de evitar aglomerações, como jogos de futebol e cultos religiosos, entre as medidas mais eficazes para evitar mortes está o isolamento domiciliar de pessoas acima dos 50 anos, que são mais afetadas pela doença.

Depois que o vírus se instala e chega a um determinado limiar, que pode ser de 50 ou 100 casos, por exemplo, a depender da análise, é possível comparar os gráficos de trajetórias das epidemias entre os diferentes países.

O eixo das ordenadas (na vertical) mostra uma escala logarítmica. Nesse contexto, as curvas epidêmicas se apresentam como quase retas —na verdade, são curvas exponenciais.

A importância de tentar frear a epidemia logo no começo —e deixar essas “retas” menos inclinadas— se explica por causa da seguinte relação matemática: quanto mais casos forem evitados no presente, menos casos existirão num instante futuro.

Isso tem um impacto enorme em saúde pública, já que reduziria o número de pessoas simultaneamente em estágio grave, permitindo um melhor cuidado para elas, inclusive com itens críticos, como respiradores e leitos de UTI.

Com agências de notícias

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