Siga a folha

Lei que barra candidaturas de opositores entra em vigor na Nicarágua

Legislação pode impossibilitar participação de críticos da ditadura na eleição de 2021

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Manágua | AFP

Entrou em vigor na terça-feira (22) a lei que pode barrar das eleições presidenciais de 2021 críticos e opositores do ditador nicaraguense, Daniel Ortega.

A legislação, batizada de lei da “defesa dos direitos do povo à independência, soberania e autodeterminação para a paz”, foi publicada no diário oficial da Nicarágua após ser aprovada na segunda-feira (21) e é alvo de críticas de entidades internacionais e pedidos para revogação.

O ministro das Relações Exteriores da União Europeia, Josep Borrell, afirmou que o objetivo da medida é “impedir as candidaturas da oposição” e que é “mais um ato de intimidação contra o povo nicaraguense, afastando o país do Estado de direito”.

Manifestante segura cartaz comparando o ditador Daniel Ortega ao ditador Anastasio Somoza em protesto contra violência da polícia e o governo de Ortega, em Manágua - 23.abr.18/Reuters

A legislação, promovida pelo próprio ditador Ortega e aprovada pelo Congresso de maioria governista, determina que “aqueles que pedirem, exaltarem ou comemorarem a imposição de sanções contra o Estado da Nicarágua” não poderão se candidatar a cargos eleitorais. Além disso, serão considerados “traidores da pátria” e podem ser processados por infrações penais.

A ideia seria barrar pessoas suspeitas pelo regime de financiar tentativas de golpe contra Ortega, principalmente oposicionistas que pressionam por sanções contra integrantes do governo desde a repressão violenta contra os protestos que tomaram conta do país a partir de 2018.

A lei entra em vigor a menos de um ano das eleições gerais, e a oposição não descarta que o sandinista Ortega, 74, candidate-se a um quarto mandato consecutivo à Presidência —cargo que assumiu em 2007.

Borrell exortou o governo a "alinhar" a legislação às obrigações internacionais e pediu “um diálogo urgente e inclusivo” com a oposição sobre reformas eleitorais para restaurar a confiança.

A nova lei se soma a outras que restringem investimentos estrangeiros, consideram críticas ao governo pelas redes sociais “delitos cibernéticos” e preveem prisão perpétua para “crimes de ódio”, que incluem críticas de opositores.

Na segunda-feira (21), a Organização dos Estados Americanos (OEA) afirmou que a lei viola a Carta Democrática e nega aos nicaraguenses o direito de eleger livremente seus governantes, transformando a eleição de novembro de 2021 “em uma imposição, em vez de uma eleição”.

O órgão multilateral instou Ortega a “revogar” a lei e fazer reformas eleitorais que garantam “eleições livres, justas e transparentes” .

O subsecretário de Estado americano para o hemisfério ocidental, Michael Kozak, afirmou que a lei de Ortega “é mais uma tentativa tosca de se manter no poder”.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas