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Repórteres são condenadas a 2 anos de prisão por filmar protestos na Belarus

As duas jornalistas da TV Belsat cobriam manifestações contra a ditadura belarussa, após a morte de um morador espancado pela polícia

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Bruxelas

Duas jornalistas belarussas foram sentenciadas nesta quinta (18) a dois anos de prisão por terem filmado, em novembro do ano passado, a repressão violenta a um protesto contra a ditadura de Aleksandr Lukachenko.

As repórteres Daria Tchoultsova, 23, e Katerina Andreieva Bakhvalova, 27, foram presas quando cobriam ao vivo, para a rede de TV Belsat, uma manifestação que tomou as ruas de Minsk após a morte de um pintor de 31 anos, Roman Bandarenko.

Bandarenko foi preso pelas tropas de choque de Lukachenko ao tentar impedir que eles arrancassem fitas brancas e vermelhas amarradas no pátio de seu edifício —um sinal de protesto contra a ditadura. Vídeos divulgados naquela noite em redes sociais mostraram o pintor sendo espancado por policiais à paisana e levado em uma van sem identificação, para uma delegacia de polícia.

As repórteres Katerina e Daria na cela dos réus, durante o julgamento por cobrir protestos contra a ditadura, em Minsk - Reuters

Duas horas depois, ele foi transferido para um hospital de Minsk, com traumatismo craniano, entrou em coma e morreu em seguida, segundo a mídia belarussa. Para prender as jornalistas no dia do protesto, a polícia arrombou a porta do apartamento no qual elas gravavam as imagens.

A promotoria acusou as repórteres de “incitar a população a se manifestar ilegalmente por meio de suas reportagens, o que minou gravemente a ordem pública” —na Belarus, manifestações são proibidas sem autorização do regime, e jornalistas têm sido presos por cobri-las, mesmo que estejam trabalhando, identificados e credenciados.

Em seu pronunciamento final no tribunal, antes da sentença, Bakhvalova afirmou que estava com a "consciência limpa": “Todos os dias arrisquei minha vida e minha saúde para fazer meu trabalho”.

É a primeira vez que jornalistas são condenados criminalmente desde o começo dos protestos diários contra Lukachenko, em 9 de agosto de 2020. Mas, "se não houver intervenção do Ocidente, haverá muitos outros", afirmou Hanna Liubakova, que trabalhou para a Belsat e cobre política na Belarus.

Mais de 400 repórteres já foram detidos, dos quais boa parte foi condenada administrativamente a penas de detenção de até 25 dias. Onze estão presos à espera de julgamento. Correspondentes estrangeiros foram expulsos e credenciais, cassadas.

Jornalistas e ativistas de direitos humanos se tornaram os principais alvos da repressão de Lukachenko nos últimos meses. Dezenas de sites independentes foram fechados e, na terça, o regime fez buscas em vários escritórios, entre eles o da Associação de Jornalistas da Belarus.

O governo afirmou que as entidades são acusadas de “apoiar os protestos e agir como agentes estrangeiros, organizando e financiando protestos sob o pretexto de atividades de direitos humanos”.

Nesta quarta (17), começou em Minsk o julgamento do ex-banqueiro Viktor Babariko, o mais promissor candidato de oposição a Lukachenko na eleição presidencial do ano passado, antes de ter sido preso pela ditadura. Babariko pode pegar até 15 anos de prisão sob acusação de lavagem de dinheiro e suborno.

Maria Kalesnikava, ex-chefe de campanha de Babariko e líder da campanha de oposição ao lado de Svetlana Tikhanovskaia, está na cadeia desde setembro, quando frustrou uma tentativa da polícia secreta de tirá-la à força do país.

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