Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia

Ataque da Rússia atinge 'Castelo do Harry Potter' na Ucrânia e mata ao menos 5

Bombardeio em construção emblemática que abriga academia de direito deixou 32 feridos, incluindo uma criança

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Odessa (Ucrânia) | Reuters

Um ataque de míssil da Rússia em Odessa, na Ucrânia, atingiu na segunda-feira (29) uma popular construção em estilo gótico conhecida localmente como "Castelo do Harry Potter", matando pelo menos cinco pessoas e ferindo 32, segundo autoridades locais.

Além de quatro mortos no momento do ataque, uma pessoa sofreu um derrame devido ao bombardeio, segundo Oleh Kiper, governador da região de Odessa, onde fica a cidade homônima. Em um comunicado no aplicativo de mensagens Telegram, o político disse ainda que oito dos feridos estavam em estado grave, incluindo uma criança.

Kiper relatou ainda um ataque a míssil no porto de Odessa nas primeiras horas desta quarta (1º), no horário local, que matou três pessoas.

Prédio de instituição educacional pega fogo após ataque russo, em Odessa, na Ucrânia - Serguei Smolentsev - 29.abr.2024/Reuters

Nesta terça (30), 23 pessoas continuavam no hospital, segundo o site Kyiv Independent. Imagens da agência de notícias Reuters mostram o telhado do prédio praticamente destruído após o ataque.

O "Castelo do Harry Potter", como a construção é chamada na cidade devido à semelhança com o cenário dos filmes da saga escrita por J.K. Rowling, é uma casa de recepção da Academia Nacional de Direito de Odessa. Extraoficialmente, porém, o prédio é considerado propriedade e moradia do reitor da universidade, Serhii Kivalov, segundo uma reportagem de 2015 da Deutsche Welle.

Segundo a emissora pública Suspilne, Kivalov estava entre os feridos. Em 2004, ele foi chefe da comissão eleitoral que declarou o político pró-Rússia Viktor Ianukovich presidente da Ucrânia. A votação seria anulada pela Suprema Corte do país após a onda de protestos conhecida como Revolução Laranja, que alegava fraude no pleito que o levou ao poder.

Ianukovich chegou à Presidência apenas em 2010, mas foi deposto quatro anos depois, quando manifestações que foram chamadas de Euromaidan derrubaram o político após sua aproximação com Moscou.

"Monstros. Bestas. Selvagens. Escória. Não sei mais o que dizer", disse o prefeito da cidade banhada pelo mar Negro, Hennadii Trukhanov, em um vídeo publicado no Telegram. "As pessoas vão passear à beira-mar, e [os russos] estão atirando e matando", afirmou.

Uma estudante que se identificou pelo primeiro nome, Maria, disse que o incêndio foi causado quando o míssil foi interceptado. "Um míssil foi derrubado diante dos meus olhos, bem na minha frente. Minhas portas quebraram e o vidro tremeu", disse ela à Reuters, apontando para o prédio em chamas. "Antes, queríamos descer para passear, mas graças a Deus não estávamos lá quando aconteceu."

O porta-voz da Marinha ucraniana, Dmitro Pletentchuk, afirmou que o ataque foi realizado por um míssil balístico Iskander-M com uma ogiva de fragmentação. Odessa tem sido alvo frequente de ataques de mísseis e drones russos, especialmente em infraestruturas portuárias.

A cerca de 570 quilômetros dali, em Kharkiv, bombas russas mataram pelo menos uma pessoa e danificaram uma ferrovia nesta terça, segundo autoridades locais. De acordo com o governador regional, Oleh Sinehubov, dois distritos da cidade foram atacados e ao menos nove pessoas ficaram feridas. Edifícios administrativos e civis, além de alguns carros, também foram atingidos. A vítima, que estava na casa dos 20 anos, era um funcionário da empresa estatal de ferrovias.

Assim como outros locais no leste da Ucrânia, Kharkiv, que fica a cerca de 30 quilômetros da fronteira com a Rússia, tem sido alvo de ataques de Moscou há muito tempo. Nos últimos meses, porém, a ofensiva se intensificou, especialmente contra a infraestrutura civil e energética.

Nesta terça, por exemplo, a Rússia tentava interromper as entregas de armas dos Estados Unidos com o ataque, segundo afirmou à agência de notícias Reuters um membro do setor de inteligência de Kiev. O ministro da Defesa da Rússia já havia dito que Moscou aumentaria ataques a centros logísticos.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, citou ambos os ataques em uma publicação na rede social X e prestou condolências aos familiares das vítimas.

"Os ataques regulares de mísseis da Rússia, bem como os esforços da força ocupante para destruir o maior número possível de posições ucranianas, podem ser interrompidos", afirmou o político. "Para isso, as Forças Armadas ucranianas devem ser apoiadas por um apoio suficiente dos parceiros", continuou, antes de pedir a seus aliados por mísseis de defesa Patriot e obuses de 155 mm.

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