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Biden fará discurso no Capitólio com público reduzido e medidas de segurança reforçadas

Presidente falará nesta quinta (29) na Câmara dos Representantes para apenas 200 pessoas em lugar das 1.600 habituais

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Luke Broadwater
Washington | The New York Times

As autoridades do Congresso intensificaram a segurança e limitaram drasticamente o número de pessoas que estarão presentes para o primeiro discurso que o presidente Joe Biden fará para as duas câmaras do Congresso nesta quarta-feira (28), preparando o Capitólio para o tão esperada fala sob restrições impostas por uma pandemia e o nível de risco elevado desde o ataque mortífero de 6 de janeiro.

Dentro do recinto cavernoso da Câmara dos Representantes, Biden discursará para apenas 200 pessoas em lugar das 1.600 habituais, em conformidade com os protocolos especiais de segurança e saúde pública. Apenas uma pequena parte dos deputados e senadores –alguns escolhidos por sorteio, outros por ordem de chegada—recebeu convites, e apenas um grupo pequeno dos dignitários de praxe de outros setores do governo estará presente.

O presidente dos EUA, Joe Biden, tira os óculos escuros enquanto caminha para falar em entrevista coletiva em frente à Casa Branca - Brendan Smialowski - 27.abr.21/AFP

O juiz presidente John Roberts será o único membro da Suprema Corte presente, segundo um porta-voz da Corte. Em lugar de todos os membros do Estado-Maior Conjunto, haverá apenas o general Mark Milley, presidente do Estado-Maior, e o secretário de Defesa, Lloyd Austin.

Privados de seu privilégio tradicional de trazer um convidado para acompanhar o discurso na galeria da Câmara, alguns legisladores recorreram a convites remotos. A convidada especial da presidente da Câmara, Nancy Pelosi, é uma médica que comanda um centro de saúde comunitário para americanos de ascendência asiática e das Ilhas do Pacifico em sua cidade, San Francisco. A deputada democrata da Califórnia Sara Jacobs convidou uma funcionária que cuida de crianças.

O próprio Capitólio estará mais vazio do que jamais esteve para o discurso. O sargento de armas da Câmara pediu a todos que não tenham um convite para o discurso, incluindo parlamentares, que saiam do Capitólio até as 17h de quarta-feira (28), horas antes da chegada prevista de Biden. O discurso já foi adiado por meses desde a data originalmente prevista, enquanto Casa Branca e líderes tratavam das preocupações de segurança e saúde pública nas primeiras semanas de Biden na Presidência.

Yogananda Pittman, chefe interina da polícia do Capitólio, depôs em fevereiro dizendo que grupos milicianos envolvidos no ataque de 6 de janeiro queriam explodir o Capitólio e matar parlamentares no primeiro discurso formal de Biden ao Congresso.

Na ausência da maioria dos membros do gabinete, não haverá necessidade de outro ato de praxe: a revelação feita anualmente, geralmente faltando apenas alguns minutos para o discurso, do chamado “sobrevivente designado” –uma autoridade que é instruída a não comparecer ao Capitólio.

A ideia é que, na eventualidade de um ataque catastrófico ser lançado contra o recinto, seja garantida a sobrevivência dessa pessoa para comandar o governo. O Salão das Estátuas, geralmente um ponto de encontro confuso e barulhento onde se reúnem multidões de jornalistas tentando entrevistar parlamentares após o discurso para saber suas reações, este ano ficará vazio e silencioso.

Pelosi disse que confia que as medidas de segurança vão proteger o Capitólio tanto contra extremistas como os que atacaram o edifício em janeiro quanto do coronavírus, que continua a fazer centenas de mortos. Ela disse ter recebido um “briefing muito contundente” do sargento de armas da Câmara, William Walker, e de Yogananda Pittman sobre os preparativos que estão fazendo.

“Eu queria ter recebido esse briefing antes do dia 6 de janeiro”, disse Pelosi, aludindo ao ataque lançado ao Capitólio por uma multidão pró-Trump que passou por cima da polícia e deixou cerca de 140 policiais feridos. “Fizemos questão de saber todos os detalhes.” A polícia do Capitólio disse que fechará seções de 17 ruas para ajudar a garantir a segurança do edifício antes e durante o discurso de Biden.

Chuck Schumer, líder da maioria democrata no Senado, também recebeu um briefing e teria transmitido as precauções detalhadas que estão sendo adotadas a seu caucus em uma reunião na hora do almoço.

“Sinto-me muito seguro estando no Capitólio”, disse Schumer. “Falei isso a meus colegas. Fizeram um ótimo trabalho. Há muitos diferentes níveis de segurança.”

O Capitólio continua a funcionar sob um esquema de segurança intensificado. O acesso de visitantes é restrito desde a primavera do ano passado devido ao vírus. E, depois do 6 de janeiro, autoridades de segurança convocaram a Guarda Nacional e ergueram cercas protetoras em volta do edifício.

Algumas dessas cercas estavam apenas começando a ser removidas quando, neste mês, um homem jogou seu carro contra dois policiais no complexo, matando um que fazia a guarda.

“No complexo do Capitólio, o nível de ameaças existenciais ao Capitólio e a área em volta continua a subir”, disse Pittman a um comitê do Senado na semana passada. A polícia do Capitólio registrou um aumento de quase 65% nas ameaças feitas a parlamentares nos primeiros quatro meses de 2021, em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo Pittman. Ela disse que o total de ameaças dobrou desde 2017 e que a imensa maioria dos suspeitos reside fora da região da capital.

A polícia do Capitólio solicitou uma verba adicional de mais de US$ 100 milhões (R$ 534 milhões) para fazer frente aos problemas de segurança. O sargento de armas do Senado está pedindo um aumento de US$ 50 milhões (R$ 267 milhões) em seu orçamento.

Senadores disseram na quinta-feira (22) que confiam que o Capitólio estará em segurança, mas nem todos conseguiram uma vaga para assistir ao evento, aberto apenas a quem recebeu um convite.

“Eu não ganhei um convite dourado”, comentou a senadora democrata Kirsten Gillibrand, de Nova York, explicando que seu nome não foi sorteado. “Sou grata à corajosa Polícia do Capitólio e à nossa Guarda Nacional aqui presentes. Eles farão tudo e mais um pouco para garantir que estejamos protegidos.”

A equipe da senadora informou mais tarde que ela conseguiu um convite de uma lista de espera.

O senador republicano Ron Johnson, do Wisconsin, partidário fervoroso do ex-presidente Donald Trump, disse que não pretende comparecer ao discurso, apesar de ter ganho um convite. Disse que dará seu convite a alguém “que queira ir mais" do que ele.

Mas o senador Lindsey Graham, republicano da Carolina do Norte, disse que assistirá ao discurso pessoalmente, em parte por respeito pela Presidência e em parte “porque não tem mais nada a fazer”.

“Quero ouvir o presidente”, disse Graham. “Acho que devemos ir, por respeito à Presidência e a ele.”

Tradução de Clara Allain

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