Siga a folha

Com variante se espalhando, Portugal impõe restrições de circulação em Lisboa

País enfrenta alta de casos após reabertura a turistas estrangeiros

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Lisboa

Para tentar conter a disseminação da variante delta, cepa mais transmissível do coronavírus e identificada inicialmente na Índia, o governo de Portugal proibiu os cidadãos de entrarem ou saírem da área metropolitana de Lisboa no próximo fim de semana.

Entre as 15h de sexta-feira e as 6h de segunda-feira, ninguém pode entrar ou sair da região, que atualmente concentra mais de 70% dos novos casos de Covid-19 no país.

Homem olha rio a partir da praça do Comércio, em Lisboa - Pedro Nunes - 11.mai.21/Reuters

Após vários meses de controle da pandemia, Portugal vive hoje um aumento de casos. Nesta semana, o país de 10 milhões de habitantes voltou a ultrapassar a marca de mil novos casos diários. Na última quarta (16), foram 1.350 novas infecções em 24 horas, a cifra mais elevada desde o fim de fevereiro.

Para muitos especialistas, a disseminação da variante delta pode estar relacionada ao crescimento dos casos no entorno da capital. Ao anunciar as medidas de restrição em Lisboa, a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, fez referência explícita à presença da cepa, mas afirmou que ainda é preciso esperar os números oficiais da vigilância epidemiológica.

“Aparentemente, há uma prevalência maior da variante delta neste território e também na região do Alentejo”, afirmou. “É difícil a explicação e a tomada destas medidas, mas é uma condição que nos pareceu fundamental neste momento para não alastrar todo o país à situação que vive Lisboa."

Embora os números oficiais da presença atual da mutação ainda não tenham sido publicados, reportagens na imprensa portuguesa afirmam, citando fontes ligadas ao levantamento, que a variante delta já é responsável por mais de 50% das infecções na região de Lisboa.

No último relatório, publicado em 31 de maio, ela era responsável por apenas 4,8% dos casos em todo o país.

Na próxima semana, a capital portuguesa deve ser alvo de mais restrições. Além de não avançar para a última etapa do desconfinamento, a cidade deve ser obrigada a retroceder um passo no plano, com limitações mais estritas de horários e de serviços, sobretudo aos finais de semana.

Lisboa já ultrapassou a linha vermelha estipulada pelo governo, de 240 novos casos por 100 mil habitantes em 14 dias. Pelas regras atuais, no entanto, o retorno das restrições só acontece se o mau resultado se repetir por duas semanas. Diante da rápida evolução dos casos, alguns especialistas pediram publicamente para que a situação na capital fosse revista antes do prazo, o que foi negado pelo governo.

Lá Fora

Receba toda quinta um resumo das principais notícias internacionais no seu email

Também com um rápido aumento de casos, o município de Sesimbra optou por não aguardar o prazo estipulado para a revisão do status e, voluntariamente, decidiu não avançar no desconfinamento.

Os hospitais já sentem a pressão, com aumento do número de internados e dos pacientes nas unidades de terapia intensiva. Vários estabelecimentos voltaram a ampliar a oferta de leitos para Covid-19.

“Na prática, já estamos numa quarta onda pandêmica”, diz Carlos Antunes, professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, em entrevista ao Diário de Notícias. Mesmo diante desse cenário, especialistas ressaltam que a situação ainda está distante da do começo de 2021.

Foi justamente alegando preocupações com essa variante que o governo britânico acabou retirando, no começo de junho, Portugal de sua lista verde. Assim, voltou a ser obrigatória uma quarentena de 14 dias para quem esteve em território lusitano. Por outro lado, embora o Reino Unido tenha também uma alta prevalência da variante delta, Portugal optou por liberar –apenas com um teste negativo para a Covid-19 na hora do embarque– a entrada de turistas britânicos.

No fim de maio, o país recebeu mais de 12 mil viajantes do Reino Unido para a final da Liga dos Campeões, realizada no Porto. Embora o governo tenha anunciado que os torcedores ficariam em uma espécie de bolha, isolados, a realidade foi bem diferente. Correram o país as imagens de britânicos aglomerados, sem máscara e bebendo nas ruas: tudo o que está proibido para os residentes em Portugal.

Inicialmente considerado um bom exemplo na gestão da pandemia, Portugal viu a situação sair de controle em janeiro. O aumento da circulação da variante identificada no Reino Unido e o afrouxamento das restrições de aglomeração e circulação no período de Natal foram um coquetel explosivo para o país.

À época, o país chegou a ultrapassar a marca de 15 mil casos de Covid-19 em 24 horas. No dia 15 daquele mês, Portugal voltou para o estado de emergência, com a implantação de um novo lockdown que durou quase três meses. Para tentar impedir um novo confinamento, o governo tenta agora investir na capacidade de testagem e em respostas mais adaptadas às regiões.

As autoridades também tentam acelerar a vacinação. Mais de 45% da população já recebeu ao menos uma dose da vacina, e 23,8% têm a imunização completa. De março de 2020 até agora, Portugal já teve 861.628 casos e 17.057 mortes por Covid-19.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas