Ditadura da Nicarágua prende 5º candidato de oposição em 3 semanas
México e Argentina anunciam retorno de embaixadores para avaliar situação
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Em meio à perseguição política promovida pela ditadura de Daniel Ortega, a polícia da Nicarágua prendeu mais um pré-candidato à Presidência. O jornalista Miguel Mora, 57, foi detido na noite deste domingo (20).
Segundo as autoridades policiais, Mora foi preso por “realizar atos que minavam a independência, a soberania e a autodeterminação do país”, além de “incitar interferência estrangeira em assuntos internos”.
A detenção se deu sob a lei 1.055, sancionada em dezembro e apontada por órgãos internacionais como um mecanismo legal para barrar críticos e opositores de Ortega nas eleições presidenciais de 2021.
Pré-candidato pelo Partido Restauração Democrática (PRD), Mora é fundador e dono do canal de televisão 100% Noticias. Esta é a segunda vez que ele é preso pela ditadura do país. A primeira foi em dezembro de 2018, ao lado da também jornalista Lucía Pineda Ubau. Na ocasião, ambos foram acusados de "incitar o ódio”. Lucía afirmou ter passado por sessões de tortura psicológica em que foi interrogada mais de 30 vezes na tentativa de persuadi-la a gravar um vídeo pedindo desculpas ao líder do país.
Em razão do trabalho na mídia independente, os dois jornalistas receberam, em 2019, o Prêmio Internacional de Liberdade de Imprensa, organizado pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).
Mora é o quinto pré-candidato à Presidência detido sob o guarda-chuva da lei 1.055 nas últimas três semanas. A primeira a ser presa foi a jornalista Cristiana Chamorro, em 2 de junho, que agora segue em prisão domiciliar. Também foram detidos o ex-embaixador Arturo Cruz, o acadêmico Félix Maradiaga e o economista Juan Sebastián Chamorro, primo de Cristiana.
Além deles, vários outros líderes opositores foram presos poucos meses antes das eleições presidenciais, marcadas para 7 de novembro —Ortega tentará se reeleger pela terceira vez consecutiva.
Frente ao avanço da repressão, comunicado conjunto das representações diplomáticas de México e Argentina no país, divulgado nesta segunda (21), anunciou que os embaixadores vão retornar a seus países para avaliar a grave situação em curso no país centro-americano. O documento diz que as embaixadas seguem acompanhando a situação nicaraguense e “promovendo o pleno respeito à promoção dos direitos humanos, das liberdades civis, políticas e de expressão de todas as pessoas”.
O avanço do autoritarismo no país, acentuado desde 2018, é criticado por organizações internacionais, adversários de Ortega e mesmo ex-aliados do ditador. Líder da revolução sandinista, que em 1979 derrubou a autocracia de Anastasio Somoza no país, Ortega vem desmontando as instituições democráticas, cerceando a liberdade de imprensa e sufocando a oposição.
Em 2018, mais de 320 pessoas, a maioria dos quais manifestantes, morreram em protestos contra o governo. Também naquele ano, fechou-se o cerco a ambientalistas, alçando o país a um dos líderes em assassinatos de defensores do ambiente e da terra.
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters