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Pequim acusa EUA de demonizarem China durante visita de enviada de Biden

Wendy Sherman, número dois da diplomacia americana, encontrou vice-chanceler de país asiático

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Pequim | Reuters e AFP

A China acusou os Estados Unidos de “demonizarem” o país, adotando um tom de confronto durante a visita da secretária assistente de Estado americana, Wendy Sherman, para raras conversas entre altas autoridades das duas potências.

O governo americano, por sua vez, descreveu o diálogo entre os dois países como “uma discussão franca e aberta” e afirmou que Sherman se mostrou "muito enérgica" com seus interlocutores.

A número dois da diplomacia americana chegou no domingo (25) à cidade portuária de Tianjin, no norte da China, para reuniões com o ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, e seu vice, Xie Feng. O momento é de tensão entre os dois países, no que diz respeito a temas como cibersegurança e direitos humanos.

A secretária assistente de Estado dos EUA, Wendy Sherman, em encontro com o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, em Tianjin - Secretaria de Estado dos EUA via Reuters

Foi o primeiro grande encontro entre autoridades das duas principais economias mundiais desde as discussões realizadas no estado americano do Alasca em março, que culminaram em ataques mútuos.

A reunião desta segunda-feira não terminou com resultados concretos, e a possibilidade de um encontro entre o presidente dos EUA, Joe Biden, e o líder chinês, Xi Jinping, não foi discutida, afirmaram conselheiros do governo à agência de notícias Reuters após a conversa, que durou cerca de quatro horas.

A imprensa estrangeira foi mantida longe da sede do encontro, que foi marcado fora de Pequim devido a protocolos da pandemia, mas a mídia chinesa pôde entrar no edifício.

De acordo com um comunicado divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores chinês, Xie disse a Sherman nesta segunda-feira (26) que os EUA querem “reacender o senso de propósito nacional colocando a China como um inimigo imaginário” e mobilizam seu governo para sufocar Pequim.

"A esperança pode ser que, ao demonizarem a China, os Estados Unidos poderão de alguma maneira (...) culpar a China por seus próprios problemas estruturais", afirmou, segundo o comunicado, acrescentando que a relação bilateral se encontra "estagnada e enfrenta sérias dificuldades".

Pequim apresentou ainda uma lista de exigências, entre elas a suspensão das sanções contra autoridades e das restrições de vistos a estudantes e o fim do que classificou como supressão de empresas chinesas, afirmou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Zhao Lijian, a jornalistas.

Xie também solicitou o fim dos pedidos de uma nova investigação sobre as origens do coronavírus na China, em mais uma advertência para que "parem de pisar nas linhas vermelhas".

“Instamos os Estados Unidos a mudarem sua mentalidade equivocada e sua política perigosa", acrescentou o comunicado.

O vice-ministro afirmou que a população de seu país "vê a retórica antagonista dos Estados Unidos como uma tentativa mal disfarçada de conter e suprimir a China".

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No Twitter, Sherman disse ter abordado "o compromisso dos Estados Unidos com a concorrência saudável, a proteção dos direitos humanos e dos valores democráticos".

Segundo o Departamento de Estado americano, a subsecretária mencionou a preocupação do governo Joe Biden com diversos assuntos, de violações dos direitos humanos da China em Hong Kong, Tibete e na região de maioria muçulmana de Xinjiang a supostos ciberataques chineses.

"A subsecretária foi muito enérgica ao esclarecer para os chineses as informações factuais que temos para apoiar o que estamos falando —seja sobre os direitos humanos, seja sobre as violações de promessas feitas pela China, como o alto grau da autonomia de Hong Kong", afirmaram fontes do departamento.

Segundo comunicado oficial do governo americano, Sherman discutiu com seus interlocutores "maneiras de criar termos para uma gestão responsável da relação EUA-China".

"A secretária assistente ressaltou que os Estados Unidos apreciam a competição saudável entre os dois países —e que pretendemos continuar a fortalecer nossa própria competitividade—, mas não queremos conflito com o Partido Comunista Chinês", diz o texto.

Na véspera da chegada de Sherman, o chanceler Wang prometeu "dar uma lição aos Estados Unidos sobre como tratar os países com equidade", antecipando um início de visita tumultuado.

"A China não vai aceitar a superioridade autoproclamada de nenhum país", afirmou ele, citado em um comunicado no sábado (24).

A visita à China foi adicionada de última hora ao itinerário de Sherman em sua viagem pela Ásia, que inclui paradas no Japão, na Coreia do Sul e na Mongólia.

Além de Sherman, John Kerry, enviado especial de Washington sobre o clima, havia sido o único funcionário de alto nível do governo Biden a visitar a China, em abril. As duas partes se comprometeram a cooperar no tema das mudanças climáticas, apesar de suas múltiplas diferenças.

Biden manteve a política de firmeza com a China adotada por seu antecessor, Donald Trump, enquanto Washington busca construir uma frente unida de "aliados democráticos" contra Pequim.

Na semana passada, Estados Unidos e China trocaram sanções iniciadas por Washington em resposta ao que os EUA consideram como a repressão de liberdades em Hong Kong. Washington emitiu ainda uma advertência às empresas que operam no território sobre a deterioração da autonomia da cidade.

Também nesta última semana, os Estados Unidos condenaram os ciberataques em larga escala procedentes da China.

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