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China reage a fala de Biden e diz que não há espaço para concessões em Taiwan

Presidente americano afirmou que EUA estão comprometidos com defesa da ilha em caso de ofensiva de Pequim

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Baltimore (EUA) | Reuters

A China reagiu nesta sexta-feira (22) à fala do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e reafirmou sua posição histórica de alegada soberania sobre Taiwan. Segundo a diplomacia de Pequim, não há espaço para compromissos ou concessões em relação à ilha que o regime considera uma província rebelde.

A fala do porta-voz da chancelaria chinesa, Wang Wenbin, é uma resposta à declaração de Biden de que os EUA estão comprometidos em defender Taiwan em caso de eventual ofensiva da China.

"Quando se trata de questões relacionadas à soberania e integridade territorial da China e outros interesses fundamentais, não há espaço para fazer compromissos ou concessões", afirmou Wang, durante entrevista coletiva. "E ninguém deve subestimar a forte determinação, firme vontade e grande capacidade do povo chinês de defender sua soberania nacional e integridade territorial."

O presidente dos EUA, Joe Biden, durante programa da CNN americana em que falou sobre China e Taiwan - Jonathan Ernst - 21.out.21/Reuters

Wang disse ainda que Taiwan é parte inalienável do território chinês e um assunto interno que não permite intervenções estrangeiras. Segundo ele, os EUA devem "ser cautelosos com suas palavras e ações e não devem enviar quaisquer sinais errados às forças separatistas da independência de Taiwan, de modo a não prejudicar seriamente as relações China-EUA e a paz e a estabilidade no estreito de Taiwan".

Em meio às tensões entre os dois países, que travam uma espécie de Guerra Fria 2.0, a fala do presidente americano foi dada durante um evento transmitido pela rede CNN na noite desta quinta-feira (21), no qual o democrata respondeu a perguntas da plateia.

Além de afirmar o compromisso em defender Taiwan, Biden recorreu a um discurso de demonstração de força. Para ele, as pessoas não deveriam se preocupar com a força americana porque "China, Rússia e o resto do mundo" sabem que os EUA são "os militares mais poderosos da história mundial".

"Algo com o que vocês têm que se preocupar é se eles vão ou não se engajar em atividades que os colocariam em uma posição na qual possam cometer um erro grave", continuou o presidente.

Biden ainda tentou contornar o assunto dizendo não querer "uma guerra fria" com Pequim, mas, como a diplomacia chinesa faria em seguida, reafirmou uma posição irredutível de Washington. "Apenas quero que a China entenda que não vamos recuar, não vamos mudar nenhum dos nossos pontos de vista."

Em Taipé, capital de Taiwan, um porta-voz da presidente Tsai Ing-wen disse que os EUA têm demonstrado apoio à ilha por meio de ações concretas e que os 23 milhões de taiwaneses não cederão a pressões.

"Taiwan mostrará nossa firme determinação em nos defender e em continuar a trabalhar com países com valores semelhantes para dar uma contribuição positiva à paz e à estabilidade da região no estreito de Taiwan e do Indo-Pacífico", disse Chang Tun-han.

China e Taiwan se separaram durante a guerra civil em 1949. Trinta anos depois, os EUA cortaram relações diplomáticas com Taipé. Embora não conteste formalmente a alegação de soberania de Pequim, Washington está comprometida por lei a tratar as ameaças à ilha como temas de "grave preocupação" e a garantir que ela possa se defender —uma abordagem conhecida como "ambiguidade estratégica".

Após a entrevista de Biden à CNN, a Casa Branca disse que as declarações do presidente não representam mudança na política em relação à ilha, o que foi reiterado nesta sexta. "Manteremos nosso compromisso sob a lei [de Relações com Taiwan], continuaremos a apoiar a autodefesa de Taiwan e continuaremos a nos opor a quaisquer mudanças unilaterais no status quo", afirmou um porta-voz da Presidência.

Ainda nesta sexta, Lloyd Austin, secretário de Defesa dos EUA, defendeu uma diminuição das tensões entre os países em relação ao Taiwan e disse que ninguém quer ver uma escalada de conflitos na região. "Certamente, não o presidente Joe Biden, e não há razão para que isso aconteça", afirmou.

Sob o regime de Xi Jinping, a China tem intensificado a pressão sobre Taiwan em aspectos políticos, diplomáticos e militares. No início deste mês, Pequim conduziu a maior incursão aérea de sua história contra as defesas taiwanesas, em uma operação que incluiu quase 150 aeronaves.

Dois dias depois, o ministro da Defesa de Taiwan disse que a China terá plenas condições de invadir a ilha em 2025, embora tenha de "pensar nos custos e nas consequências de começar uma guerra". Para ele, a situação atual é a mais dura em seus 40 anos de vida militar.

O embaixador da China na ONU, Zhang Jun, disse na quinta que seu país está buscando uma "reunificação pacífica" e respondendo às "tentativas separatistas" do Partido Democrático Progressista, que governa a ilha. "Não somos os causadores de problemas. Pelo contrário, alguns países —os EUA em particular— estão tomando atitudes perigosas, levando a situação no Estreito de Taiwan a uma direção perigosa."

Para Zhang, o movimento internacional deveria ser no sentido de pedir que Washington pare com essa prática. "Arrastar Taiwan para uma guerra definitivamente não é do interesse de ninguém. Não vejo o que os EUA vão ganhar com isso."

Por meio do acordo de fornecimento de armas e outros tipos de assistência à ilha, os EUA, por sua vez, têm reforçado o apoio a Taipé —uma postura que o porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price, descreveu como "sólida como uma rocha".

Na quarta-feira (20), o diplomata nomeado para ser o novo embaixador dos EUA em Pequim, Nicholas Burns, disse durante sua audiência de confirmação no Senado que os legisladores devem ter confiança na força de Washington em lidar com a ascensão da China.

Ele ecoou a posição do governo Biden de trabalhar em cooperação com Pequim sempre que possível, mas condenar pontos sensíveis, como as políticas em relação a Taiwan e a Hong Kong —o território vive um cenário de repressão crescente em decorrência de uma rígida e controversa lei de segurança nacional.

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