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Primeiras pesquisas no Chile mostram vantagem da esquerda sobre ultradireita no 2º turno

Boric aparece à frente de Kast em duas sondagens, invertendo pequena vantagem obtida na apuração oficial

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Buenos Aires

Uma semana depois do primeiro turno da eleição presidencial no Chile, as primeiras pesquisas de intenção de voto, divulgadas neste domingo (28), mostram o candidato de esquerda Gabriel Boric à frente de José Antonio Kast, invertendo a pequena vantagem que o ultradireitista conquistou na apuração oficial.

Faltam 20 dias para os chilenos voltarem às urnas e escolherem seu novo presidente e, de acordo com a sondagem do instituto Pulso Ciudadano, Boric lidera com 40,4%, contra 24,5% de Kast.

No levantamento, 15,6% dos entrevistados disseram que ainda não escolheram um candidato, 12,8%, que não irão votar —o voto no Chile não é obrigatório—, e 6,9%, que votarão nulo.

Gabriel Boric, candidato presidencial de esquerda, acena para apoiadores em Santiago - Martin Bernetti/AFP

Segundo a pesquisa do Cadem, o esquerdista também supera Kast, com 54% contra 46%. Boric ficaria com 38% do eleitorado do economista Franco Parisi, do Partido de La Gente, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno. Já 23% devem migrar para o candidato da ultradireita, e 39% disseram que estão indecisos.

Parisi, surpresa do primeiro turno da eleição por ter obtido um bom resultado mesmo sem ter comparecido ao primeiro turno e à fase final da campanha por estar nos Estados Unidos, teve uma excelente votação no norte do país, região mais impactada pela chegada massiva de imigrantes.

O discurso do economista agradou eleitores por ser muito claro em relação às propostas anti-imigração e pelo foco na economia. Embora Kast também proponha interromper o fluxo de imigrantes, sua postura conservadora não convence a região, que tem histórico de ativismo político e sindical. É no norte que se encontram as principais companhias de mineração e onde os trabalhadores são mais organizados.

Ainda segundo o Cadem, 53% dos eleitores do governista Sebastián Sichel —que terminou o primeiro turno na quarta posição— disseram que pretendem votar em Kast, 16% em Boric, e 31% ainda não se decidiram.

Questionados sobre quais são os principais temas do país em debate nesta eleição, os entrevistados listaram direitos sociais (37%), saúde, educação e moradia (23%), reforma do sistema de aposentadorias e pensões (18%), direitos da mulher (18%), crescimento econômico (16%), narcotráfico (11%), conflito na região de Araucanía (11%), imigração (8%), emprego, inflação (8%) e coronavírus (2%).

Nos últimos dias, Kast obteve apoio de algumas figuras do governo do atual presidente, Sebastián Piñera, como a subsecretária de Saúde Paula Daza. Já Boric atraiu o partido Democracia Cristã, que integra as forças de centro-esquerda chilenas e foi parte importante da aliança Concertação.

Kast já se candidatou à Presidência em 2017, mas, naquele ano, obteve apenas 8% dos votos. Seu desempenho durante o atual ciclo eleitoral vinha sendo parecido com o do anterior, até que ganhou força nos últimos meses, ao defender uma agenda antiglobalista, anti-imigração e anticomunista.

O advogado de 55 anos defende a redução do número de ministérios, o envio de tropas para militarizar a região sul do país, onde ocorrem disputas entre grupos indígenas e fazendeiros, e a construção de um muro no norte, para impedir a entrada de imigrantes de modo ilegal.

Boric, 35, por sua vez, surgiu no cenário político chileno nos protestos estudantis de 2011, que pediam gratuidade na educação superior. A partir da atuação nas manifestações, foi eleito deputado em 2013 e reeleito em 2017. Ele defende a desconstrução do sistema de aposentadorias privadas e maior presença do Estado na economia e no acesso à saúde e à educação.

O advogado também é favorável ao reconhecimento da soberania e da cultura dos indígenas, que representam 9% da população. É visto como um esquerdista moderado, hábil no diálogo e na negociação com políticos de outras colorações ideológicas. Entre seus apoiadores, porém, estão forças de esquerda mais radicais, como o Partido Comunista, que defende os regimes ditatoriais de Cuba e Nicarágua.

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