Siga a folha

Descrição de chapéu África

Incêndio em hospital mata 11 recém-nascidos no Senegal

Tragédia traz à tona situação precária de centros de saúde no país; ministro da Saúde é demitido

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Tivaouane (Senegal) | Reuters

Três semanas atrás, Ramata Gueye morreu após dar à luz um filho, Mohamed, depois de sete meses de gravidez. Nesta quinta-feira (26), seu marido enlutado, El Hadj Gueye, soube que Mohamed foi um dos 11 bebês mortos por um incêndio na ala neonatal do hospital em que nasceu.

O casal tentava engravidar havia sete anos, disse Moustapha Cisse, primo do pai da criança, um dos familiares dos bebês mortos reunidos em frente ao hospital na cidade senegalesa de Tivaouane. "É de partir o coração vê-lo perder a esposa e agora o filho", disse. "Não posso nem olhar nos olhos dele."

Familiares de bebês mortos em incêndio em setor neonatal choram em frente a hospital Mame Abdoul Aziz Sy Dabakh, em Tivaouane, no Senegal - Seyllou/AFP

O prefeito da cidade, Diop Sy, disse à rádio RFM que um curto-circuito causou o incêndio na noite de quarta-feira (25), com as chamas se espalhando em menos de cinco minutos. Ele contou que duas enfermeiras escaparam, mas não conseguiram salvar os bebês em suas incubadoras.

Após o episódio, que gerou críticas sobre o estado dos hospitais do país, alvos de uma série de incidentes mortais, o presidente Macky Sall declarou três dias de luto nacional. Depois, demitiu o ministro da Saúde senegalês, Abdoulaye Diouf Sarr.

"É o plano de Deus ou são apenas falhas dos hospitais do Senegal? Precisamos colocar essa questão ao governo", afirmou Moustapha Cisse.

No ano passado, quatro bebês morreram em um incêndio num hospital da cidade de Linguere. Em abril, as vítimas foram uma mulher e seu bebê, após uma cesariana ter sido negada durante o trabalho de parto prolongado. "Pedimos que todas as medidas sejam tomadas para evitar que uma tragédia semelhante aconteça outra vez", disse em nota a coalizão de oposição Yewwi Askan Wi, em relação às mortes em Tivaouane.

O ministro do Interior, Antoine Felix Abdoulaye Dione, afirmou que o presidente ordenou a abertura de uma investigação sobre o incêndio, bem como uma auditoria das unidades neonatais em todo o país.

Pandemia e sobrecarga

Especialistas em saúde pública vêm alertando para uma grande sobrecarga, devido à pandemia de Covid, em muitos hospitais africanos, que não conseguem manter padrões de segurança aceitáveis.

Amadou Kanar Diop, especialista em segurança que inspecionou o hospital incendiado, disse que as paredes estavam carbonizadas e que a equipe de plantão parecia estar sobrecarregada. Tivaouane, 120 km a leste da capital Dacar, é uma cidade sagrada que atrai peregrinos muçulmanos de todo o país.

Diali Kaba, cuja filha de duas semanas estava na ala neonatal, foi acordada na quinta-feira pela mãe, que soube do incêndio. As duas mulheres correram para o hospital, e Kaba foi autorizada a entrar para descobrir se seu filho estava entre as vítimas, enquanto a mãe esperava ansiosamente do lado de fora.

Alguns minutos depois, ela emergiu em lágrimas. Sua filha estava entre os mortos. As duas mulheres se abraçaram, ambas chorando, até que Kaba foi ajudada a entrar em um carro e levada para casa em luto.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas