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Vice do Paraguai acusado de corrupção pelos EUA desiste de renúncia

Hugo Velázquez havia anunciado decisão no mesmo dia de pronunciamento de Washington

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Assunção | AFP

O vice-presidente do Paraguai, Hugo Velázquez, decidiu permanecer no cargo, seis dias depois de ter anunciado que renunciaria em meio à acusação, por parte dos Estados Unidos, de que ele estaria envolvido em "esquemas significativos de corrupção".

"Quando dei minha palavra de renunciar, presumi que havia uma investigação contra mim, mas ontem [quarta-feira, 17] recebi um parecer do Ministério Público que indica que não há causa contra mim", disse Velázquez em entrevista coletiva nesta quinta (18).

Segundo ele, o presidente Mario Abdo Benítez respeitou sua decisão. O vice é considerado homem de confiança do poderoso ex-mandatário Horacio Cartes e em 2018 foi integrado à chapa de Marito, como ele é conhecido, como parte de um acordo entre as diferentes alas do Partido Colorado.

O vice-presidente do Paraguai, Hugo Velázquez, prepara mate antes de entrevista coletiva na qual disse que desistiu de renunciar - Norberto Duarte - 18.ago.22/AFP

"Muitos setores me pediram para que eu interrompesse minha renúncia. O povo merece saber pelo menos o motivo pelo qual eu me demiti do cargo, para que não fique na história que o fiz por corrupção", disse.

O político também era pré-candidato da ala de Cartes para as eleições presidenciais de 2023 —não há reeleição no Paraguai, daí a impossibilidade de Marito concorrer. Ao saber das notícias vindas de Washington, Velásquez anunciou que sairia da corrida. Na ocasião, o presidente disse que lamentava o caso e via o vice como um amigo. "Mas, dadas as circunstâncias, manter a candidatura seria inaceitável."

Na tarde desta quinta, o segundo a imprensa paraguaia, o órgão eleitoral do país acatou solicitação que indicou Arnoldo Wiens, ex-ministro de Obras, para substituir Velásquez como pré-candidato à Presidência pelo movimento Força Republicana.

No último dia 12, o Departamento de Estado americano impôs sanções a Velázquez, impedindo o político de entrar nos EUA, "por sua participação em atos de corrupção significativos, incluindo o suborno de um funcionário público e a interferência em processos públicos", segundo comunicado oficial.

Washington acusa o ex-promotor Juan Carlos Duarte, ligado a Velázquez e a Cartes, de tentativa de suborno a uma autoridade, com uma oferta de US$ 1 milhão (R$ 5,1 milhões) para travar uma investigação.

Milionário e proprietário de bancos, fábricas de tabaco e cadeias de supermercados, Cartes lidera um grupo que na prática se opõe a Marito. O político, porém, deve favores ao antecessor, desde que teve um recente processo de impeachment interrompido devido a uma costura de congressistas ligados a Cartes.

O ex-presidente também foi alvo de um pedido de prisão no Brasil, por suposto envolvimento em casos investigados na Operação Lava Jato. Em novembro de 2019, porém, o Superior Tribunal de Justiça derrubou a ordem e lhe concedeu um habeas corpus.

O nome de Cartes havia surgido na delação do doleiro Darío Messer, que ficou foragido no Paraguai e foi preso em São Paulo, em meio a apurações sobre um suposto esquema de lavagem de dinheiro internacional.

No último dia 22, o próprio ex-mandatário havia sido acusado de corrupção pelos EUA, que também impuseram sanções, incluindo proibição de entrada no país, a ele e seus filhos Sofia, Juan Pablo e María Sol.

O embaixador americano no Paraguai, Marc Ostfield, afirmou que a divulgação de uma lista de políticos corruptos por parte do Departamento de Estado é uma maneira de "promover a prestação de contas de funcionários do governo envolvidos em casos de corrupção".

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