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China diz que não há planos de armar Rússia e que EUA lucram com a guerra

Pequim rebate alegações americanas e afirma querer diálogo para resolver conflito, que se aproxima de um ano

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Budapeste | Reuters

A China classificou de falsas as alegações americanas de que Pequim considera enviar armas à Rússia para ajudar o país na Guerra da Ucrânia e reiterou o desejo de diálogo para encerrar o conflito, que completará um ano na próxima sexta-feira (24).

"São os EUA, não a China, que estão constantemente enviando armas para o campo de batalha", afirmou Wang Wenbin, porta-voz da chancelaria chinesa, nesta segunda-feira (20), referindo-se a algo que é um fato. Ele também pediu que Washington refletisse sobre suas próprias ações.

Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China - Noel Celis - 8.ago.22/AFP

"A posição da China sobre a questão da Ucrânia pode ser resumida em uma frase: encorajar a paz e promover o diálogo", reiterou. As respostas do governo do gigante asiático vêm após o chefe da diplomacia dos EUA, o secretário de Estado Antony Blinken, afirmar em entrevista no domingo que há o temor de que a China envie apoio letal à Rússia para sua ofensiva contra Kiev.

A invasão da Ucrânia promovida por Moscou é uma questão difícil para Pequim, que tem buscado se posicionar como um país neutro, mas dá apoio diplomático ao Kremlin, ao final um aliado estratégico.

No sábado, os chineses anunciaram a apresentação de uma proposta para encontrar uma "solução política" para a guerra, com o chanceler chinês, Qin Gang, afirmando que seu país está do lado do diálogo.

Na Conferência de Segurança de Munique, encerrada no domingo, Blinken já havia emitido alertas sobre possíveis consequências de a China ajudar a Rússia. Na cúpula, o americano se reuniu com o alto diplomata chinês Wang Yi, numa conversa descrita pela diplomacia dos EUA como "franca e direta".

Na ocasião, Wang Yi disse que os EUA têm todos os motivos para buscar uma solução para a guerra, em vez de atiçar o conflito ou lucrar com ele, segundo disse o porta-voz da chancelaria em entrevista coletiva.

Para o líder ucraniano, Volodimir Zelenski, em entrevista ao jornal alemão Die Welt, um eventual apoio da China à Rússia levaria a uma guerra mundial. "Gostaria que [a China] estivesse do nosso lado. Hoje, porém, não acho que seja possível. Mas vejo uma chance para fazer uma avaliação pragmática", acrescentou.

"Porque se a China se aliar à Rússia, haverá uma guerra mundial, e a China está ciente disso." A oferta de armas chinesas a Moscou arriscaria uma escalada da guerra para um confronto direto entre, de um lado, a Rússia e a China, e, do outro, a Ucrânia e a aliança militar da Otan, liderada pelos Estados Unidos.

Até aqui, a principal ajuda militar externa para a guerra vem sendo despejada por países-membros da Otan. Os EUA, líderes da lista, já enviaram ao menos US$ 28 bilhões para Kiev, o Reino Unido, US$ 3,7 bilhões, a Polônia, US$ 1,8 bilhão, e a Alemanha, US$ 1,19 bilhão, segundo a consultoria alemã Statista.

Wang Yi deve visitar Moscou nos próximos dias e até se encontrar com o presidente russo, Vladimir Putin. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, confirmou a visita, mas não deu uma data para a viagem. Na pauta dos encontros devem constar, claro, os elos dos dois países e uma solução política do conflito na Ucrânia.

A China estaria num "clube da paz" proposto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), fórum que incluiria países não diretamente envolvidos na guerra para discutir sua resolução e uma perspectiva de longo prazo. O Brasil reconhece que a Rússia foi um país agressor ao invadir o território ucraniano, mas defende que a imposição de sanções e o envio de armas ou munições não ajudarão a chegar à paz.

A proposta foi apresentada pelo petista ao premiê alemão, Olaf Scholz, e ao presidente francês, Emmanuel Macron, além de ao líder americano, Joe Biden, durante visita do brasileiro à Casa Branca, em Washington, no último dia 10. Os EUA, como já era esperado, manifestaram ressalvas diante da proposta de Lula.

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