Um alto funcionário do governo americano indicou que os Estados Unidos têm muitas ressalvas ao "clube da paz" para a Ucrânia que será apresentado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em encontro com o líder americano, Joe Biden, em reunião no Salão Oval da Casa Branca nesta sexta-feira (10).
A jornalistas ele disse que, no entendimento de Washington, esforços para promover a paz precisam reconhecer que há uma violação da integridade territorial e da soberania ucranianas pela Rússia e devem seguir os critérios da Carta da ONU, organização que, lembrou, tem o Brasil entre seus fundadores.
Como a Folha antecipou, Lula pretende apresentar a Biden a proposta de um grupo para negociar uma saída para o conflito na Ucrânia, que incluiria países como Índia e China —rival dos americanos.
Lula quer reunir países que, para o governo brasileiro, não estão diretamente envolvidos na guerra e poderiam discutir uma visão de longo prazo para solucionar o conflito. O Brasil reconhece que a Rússia foi o agressor ao invadir a Ucrânia, mas argumenta que sanções e envio de armas não ajudarão para a paz.
Assim, Lula mantém a política do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de evitar interferência mais direta no conflito. Por isso, negou recente pedido da Alemanha para envio de munição a tanques do lado ucraniano.
Já o governo americano articula um novo pacote de armamentos para Kiev na casa de US$ 1,75 bilhão, além dos bilhões de dólares que já destinou aos ucranianos. Ainda de acordo com o funcionário do governo americano, Lula e Biden devem compartilhar a visão de que é preciso promover o diálogo e a paz, mas que isso passa pelo respeito à autonomia e ao livre arbítrio do povo ucraniano, reconhecendo que a guerra decorre de uma agressão injusta de um país contra outro.
Além de discutir a guerra, os EUA anunciarão a intenção de injetar recursos no Fundo Amazônia, a principal iniciativa de arrecadação de recursos para conservação e combate ao desmatamento, segundo uma versão do comunicado conjunto negociado entre os dois países na quinta-feira (9).
O texto ainda trará uma condenação do extremismo político, o apoio americano à expansão do Conselho de Segurança da ONU e falará da Guerra da Ucrânia sem uma condenação direta à Rússia.
Até a noite desta quinta, o material não condenava diretamente a Rússia pela invasão da Ucrânia, após objeções dos negociadores brasileiros à linguagem mais específica sobre a agressão russa.
O funcionário da Casa Branca afirmou que o objetivo principal da visita não são anúncios concretos, mas preparar o terreno para futuros encontros de alto nível e reforçar os laços entre os líderes.
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