Descrição de chapéu Governo Biden China

Blinken, dos EUA, encontra com diplomata da China após crise dos balões

Reunião ocorre horas após representante de Pequim chamar resposta dos EUA ao objeto de histérica e absurda

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São Paulo

Após a crise dos balões chineses motivar o cancelamento de uma visita do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, a Pequim, o responsável pela diplomacia americana se reuniu neste sábado (18) com o principal diplomata da China, Wang Yi.

O encontro ocorreu em Munique, durante o principal fórum global sobre segurança. Segundo Washington, Blinken repetiu ao chinês declarações semelhantes às dadas pela Casa Branca, como a de que a presença do balão em território americano é uma violação da soberania do país que "nunca mais deve acontecer".

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, durante reunião em Munique
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, durante reunião em Munique - Petr David Josek/Pool - 18.fev.23/Reuters

Mais cedo, Wang havia criticado, e em certa medida ironizado, a resposta americana ao balão, que envolveu derrubar o objeto e aprimorar seu sistema de radar para identificar itens do tipo. O chinês chamou a atitude de absurda e histérica, "um abuso do uso da força".

"Existem tantos balões em todo o mundo, e vários países os têm; os EUA vão derrubar todos eles?", questionou durante a Conferência de Munique, que, com destaque para a Guerra da Ucrânia, reúne representantes da diplomacia mundial desde a última sexta-feira (17).

Segundo a agência de notícias estatal Xinhua, Wang acusou Washington de usar o incidente do balão para atender a necessidades políticas domésticas. "Os EUA ignoram fatos básicos, abusam da força. Essa abordagem mostra que o preconceito e a ignorância em relação à China atingiram um nível absurdo."

De acordo com Ned Price, porta-voz da pasta chefiada por Blinken, Wang não manifestou um pedido de desculpas de Pequim, por óbvio. O secretário americano, por outro lado, teria dito que Washington não quer um conflito com a China, tampouco uma nova Guerra Fria.

Os EUA reiteraram não ter dúvidas de que o balão, que a China diz ser um instrumento de estudo para fins meteorológicos, seria um objeto de espionagem. Por ora, não há uma nova data marcada para a ida do diplomata americano ao gigante asiático —a visita estava marcada para o início de fevereiro.

A viagem era vista como um importante passo para acalmar as relações entre os países, inflamadas nos últimos anos em meio à chamada Guerra Fria 2.0. Blinken disse que vai reagendar a visita "quando as condições permitirem".

Os EUA disseram nesta sexta que concluíram os esforços de recuperação dos restos do balão chinês de alta altitude, abatido por um caça americano no último dia 4, na Carolina do Sul, e que analisam o conteúdo. Junto ao Canadá, o país também anunciou o cancelamento das buscas por três óvnis, objetos voadores não identificados, abatidos nos últimos dias.

O presidente americano, Joe Biden, afirmou durante a semana que os três óvnis derrubados não parecem ter sido usados para um suposto sistema de espionagem de Pequim e que, provavelmente, pertenciam a empresas privadas ou instituições de pesquisa.

Wang foi nomeado o principal assessor para política externa do líder chinês, Xi Jinping, em janeiro. Nas últimas semanas, visitou a França e a Itália e, após passar por Munique, irá à Rússia de Vladimir Putin.

O tema, de certo modo, permeou a conversa com Blinken. Os dois falaram sobre a Guerra da Ucrânia, um assunto caro para a diplomacia de Washington, mas em relação ao qual Pequim tem buscado se abster. De acordo com Price, Blinken alertou o chinês sobre as "implicações e consequências" caso a China forneça apoio a Moscou.

Com Reuters

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