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Ditadura da Belarus condena jornalista crítico a Lukachenko e aumenta tensão com Polônia

Andrzej Poczobut recebeu pena de 8 anos por crime contra segurança nacional; Varsóvia chama sentença de desumana

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São Paulo

O governo da Polônia rechaçou nesta quinta-feira (9) a condenação do jornalista polonês e belarusso Andrzej Poczobut, 49, após ele ter feito reportagens críticas ao regime da Belarus. O caso piorou a relação diplomática entre os países, que têm posicionamentos opostos em relação à Guerra da Ucrânia.

Poczobut foi sentenciado a oito anos de prisão. Ele foi declarado culpado por envolvimento em "ações que prejudicam a segurança nacional" e por "incitação ao ódio". O jornalista, que está preso desde 2021, trabalhava como correspondente do jornal polonês Gazeta Wyborcza, um dos mais importantes do país. À época, ele recusou assinar um pedido de perdão ao ditador da Belarus, Aleksandr Lukachenko.

O jornalista Andrzej Poczobut, condenado à prisão após reportagens críticas ao regime da Belarus - Leonid Shcheglov - 16.jan.23/Belta/AFP

"Não tenho ilusões, aceitarei a sentença calmamente e com a consciência tranquila vou para a prisão", escreveu Poczobut em carta publicada pelo seu jornal antes da condenação.

Segundo Varsóvia, a sentença é injusta e tem motivação política. "É um veredicto desumano do regime da Belarus e mais um ato de perseguição ao povo polonês no país", escreveu nas redes sociais o premiê Mateusz Morawiecki, acrescentando que o governo fará de tudo para ajudar o jornalista.

Mais tarde, o governo da Polônia anunciou que fechará a partir desta sexta (10) uma importante passagem de fronteira com Belarus na região de Bobrowniki —um dos principais pontos de travessia entre os países. Em comunicado, o ministro do Interior, Mariusz Kaminski, limitou-se a dizer que a decisão foi motivada por "interesses de segurança de Estado", sem mencionar o caso de Poczobut.

Kaminski também afirmou que pedirá mais sanções contra pessoas ligadas Lukachenko. A sentença foi criticada por ativistas dos direitos humanos. A líder da oposição da Belarus no exílio, Svetlana Tikhanovskaia, disse que o veredicto é uma "vingança pessoal" do líder.

A Belarus tem laços estreitos com a Rússia. As duas nações aumentaram seus treinamentos militares conjuntos em meio à especulação de que Moscou usaria a ditadura vizinha como ponto de partida para um novo ataque à Ucrânia pelo norte.

No mês passado, Lukachenko acompanhou pessoalmente a chegada de um trem com blindados e soldados russos a uma base próxima da fronteira ucraniana. Na ocasião, o ditador ouviu de um comandante russo que as forças "estavam prontas para suas tarefas".

Até aqui, belarussos forneceram seu território para movimentação de forças, instalação de mísseis e operação de aviões e helicópteros pelos russos. O avanço russo fracassado contra Kiev no começo da guerra, que parecia decidir o conflito em poucos dias, saiu de lá. Minsk, porém, nega que entrará na guerra.

A Polônia, por sua vez, tem alguns dos líderes mais vocais contra a ação de Vladimir Putin na Ucrânia. Em junho do ano passado, o presidente do país, Andrzej Duda, chegou a comparar o líder russo ao ditador nazista Adolf Hitler (1889-1945).

Em novembro, duas pessoas morreram em uma explosão na pequena cidade de Przewodow, no leste da Polônia, a seis quilômetros da fronteira com a Ucrânia. A hipótese de um ataque da Rússia contra o país, que é membro da Otan, fez aumentar a tensão e a possibilidade de desdobramentos mais graves no conflito que se desenrola no Leste Europeu há mais de oito meses. Investigações posteriores apontaram que a explosão foi provavelmente causada por um míssil de defesa aérea da Ucrânia.

Com Reuters e AFP

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