EUA pedem diálogo em raro contato com ditadura da Nicarágua após deportação de presos políticos
Chefe da diplomacia americana defende conversa como crucial para futuro melhor a nicaraguenses
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O chefe da diplomacia americana, o secretário de Estado Antony Blinken, conversou nesta sexta-feira (10) com o ministro das Relações Exteriores da Nicarágua, Denis Moncada, e discutiu a importância de um diálogo entre as duas partes para melhorar a situação da população do país centro-americano.
O telefonema ocorreu um dia depois de mais de 200 prisioneiros políticos da ditadura nicaraguense serem libertados e deportados para os Estados Unidos. Quase todos eram críticos do governo e haviam sido detidos durante a repressão comandada por Daniel Ortega à dissidência nos últimos anos.
Washington descreveu a decisão de Manágua como "positiva e bem-vinda" e acrescentou que continua firme em encorajar medidas para "restaurar as liberdades civis e a democracia ao povo nicaraguense".
Segundo os EUA, a libertação foi uma decisão unilateral do governo Ortega e Washington se limitou a "facilitar o transporte dessas pessoas uma vez libertadas". Todos foram obrigados a assinar um documento dizendo que concordavam em viajar voluntariamente. Dois deles se recusaram, um dos quais o bispo católico Rolando Álvarez, condenado nesta sexta-feira a 26 anos de prisão.
Descritos por Manágua como "traidores da pátria", os dissidentes podem permanecer nos Estados Unidos por motivos humanitários durante dois anos, período no qual receberão assistência médica e jurídica.
Eles foram privados de seus direitos políticos, despojados de sua nacionalidade —a Espanha ofereceu cidadania aos ex-presos políticos— e enviados para os EUA em um momento em que Ortega está sob pressão devido ao crescente autoritarismo de seu governo.
Ele negou que a libertação em massa tenha sido resultado de uma negociação com os Washington, que impôs sanções a Manágua pela repressão aos protestos antigovernamentais iniciados em 2018.
A libertação dos opositores atende em partes a uma das principais demandas da sociedade civil desde que o país passou a perseguir e prender quem se opunha ao regime de Ortega, no poder desde 2007.
No final dos anos 1970, ele foi um dos líderes da Revolução Sandinista que derrubou a ditadura dos Somoza. Depois, participou da primeira junta que liderou o país, entre 1979 e 1990, quando deixou o poder pacificamente. Ele voltou a governar no final dos anos 2000 e desde então tenta inviabilizar a oposição.
Nas eleições de 2021, quando foi reconduzido ao cargo pela quarta vez consecutiva, os sete postulantes de oposição estavam presos, acusados de lavagem de dinheiro e traição à pátria.
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