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Rússia intercepta avião da Alemanha em operação corriqueira, mas sensível

Ação de Moscou no mar Báltico ocorre após expansão de fronteiras da Otan, aliança militar da qual Berlim faz parte

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São Paulo

A Rússia interceptou nesta quarta-feira (12) um avião de patrulha da Alemanha que se aproximou de seu espaço aéreo no Báltico, segundo a agência estatal de notícias Tass. A ação ocorreu uma semana depois da expansão da Otan, a aliança militar ocidental antagônica a Moscou e da qual Berlim faz parte.

O Ministério da Defesa da Rússia informou que um caça russo Su-27 decolou para identificar o alvo e "evitar a violação de fronteira". A tripulação teria avistado a aeronave espiã P-3C Orion, da Força Aérea alemã. "Depois que o avião militar estrangeiro se afastou, o caça russo voltou com sucesso à base."

Caças russos Su-27 (em primeiro plano), modelo igual ao usado na interceptação desta segunda (16), e Su-24 durante invasão do espaço aéreo sueco no Báltico em março passado - Força Aérea Sueca - 2.mar.22/AFP

Esse tipo de interceptação é comum, em especial com o congestionamento do espaço aéreo sobre as fronteiras europeias desde que Moscou invadiu a Ucrânia, em fevereiro de 2022. A praxe é que os adversários testem a capacidade e o tempo de resposta dos inimigos, sem invadir seu espaço aéreo.

O momento, porém, é sensível. As forças russas na Ucrânia não tiveram avanços significativos nos últimos meses e, na semana passada, Vladimir Putin sofreu um dos maiores reveses com a entrada da Finlândia na Otan. Um dos objetivos declarados pelo russo para iniciar o conflito foi o de evitar a entrada de Kiev na aliança, o que permitiria o posicionamento de forças hostis junto à sua fronteira.

O Artigo 5 da Otan garante o chamado princípio de defesa coletiva, de proteção militar a qualquer membro do bloco. Por esse mecanismo, um ataque a um país é considerado um ataque contra todos da aliança.

Em janeiro, outro avião semelhante da Alemanha foi interceptado pelos russos no mar Báltico. Mas o incidente mais grave entre aeronaves da Rússia e da Otan desde o começo da Guerra da Ucrânia aconteceu no mês passado, quando um drone dos EUA caiu no mar Negro após uma colisão com um caça de Moscou. À época, Washington acusou os russos de conduta antiprofissional e de tentar interferir na operação do modelo de vigilância que operava na área, mas não de deliberadamente derrubar o aparelho.

A Alemanha vem adotando postura mais contida. Em janeiro, Christine Lambrecht renunciou ao cargo de ministra da Defesa depois de enfrentar críticas relacionadas à cautela de Berlim na guerra devido à reticência sobre o envio de equipamentos militares a Kiev.

Apesar das queixas dos ucranianos, que enxergam Berlim como leniente com Moscou, a Alemanha é o segundo país mais comprometido com ajuda aos ucranianos, somente atrás dos EUA. Segundo o Instituto para a Economia Mundial de Kiel, com estudo divulgado em fevereiro, Berlim havia doado à Ucrânia US$ 14,2 bilhões (R$ 70,2 bi) —cerca da metade na forma de repasses à UE que acabaram em Kiev.

No mês passado, a ajuda militar ocidental ao governo de Volodimir Zelenski ganhou outra proporção após a Polônia anunciar o envio de caças para Kiev empregar contra os invasores russos, numa decisão sem precedente na guerra.

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