Descrição de chapéu Governo Biden

Biden condiciona investimento de US$ 6 bi na Irlanda do Norte a resolução de impasse político

Ascendência irlandesa do presidente americano causou polêmica no Reino Unido por suposta posição anti-britânica

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São Paulo

Os US$ 2 bilhões (R$ 9,9 bilhões) injetados por investidores americanos na Irlanda do Norte nos últimos dez anos podem triplicar caso o país europeu resolva a crise política que o impede de formar um governo executivo e coloque o Legislativo em plena operação, disse nesta quarta (12) o líder dos EUA, Joe Biden.

"A verdade simples é que a paz e a oportunidade econômica andam juntas", afirmou o presidente americano, em recado ao Partido Unionista Democrático (DUP).

O presidente dos EUA, Joe Biden, faz selfie com estudantes na Universidade Ulster, na Irlanda do Norte
O presidente dos EUA, Joe Biden, faz selfie com estudantes na Universidade Ulster, na Irlanda do Norte - Kevin Lamarque - 12.abr.23/Reuters

Pelas regras do histórico acordo de paz da Irlanda do Norte, a sigla —pró-Reino Unido e identificada com os protestantes— é obrigada a compartilhar o poder com a outra grande força política do país, o nacionalista Sinn Féin, eleito no pleito de maio do ano passado. O DUP, no entanto, recusa-se a cumprir as formalidades acordadas há 25 anos para que o governo assuma e o Legislativo tenha um presidente.

"Levou longos anos de trabalho duro para chegarmos aqui", disse Biden na Universidade Ulster, em Belfast. O democrata disse que a capital se transformou desde que a visitou pela primeira vez, como senador. "Belfast hoje é o coração pulsante da Irlanda do Norte e está pronta para gerar oportunidades econômicas sem precedentes. Há dezenas de grandes corporações americanas querendo vir investir."

Biden chegou à cidade na terça (12), onde se encontrou com o premiê britânico, Rishi Sunak, e viajará nesta quarta para County Louth, onde seu bisavô nasceu —ele se encontrará com parentes no condado de Mayo na sexta. O tataravô de Biden, Owen Finnegan, um sapateiro de Louth, foi para os EUA em 1849.

Sunak disse ter conversado com Biden 0obre "oportunidades econômicas incríveis" para a Irlanda do Norte e as expectativas de que o sistema de compartilhamento de poder seja restaurado o mais rapidamente possível. O britânico descreveu os dois países como "parceiros muito próximos".

As raízes de Biden suscitaram polêmicas entre os norte-irlandeses. Na terça, a ex-líder do DUP e ex-primeira-ministra Arlene Foster disse ao canal GB News que o presidente americano "odeia o Reino Unido".

A acusação foi repetida por um correligionário de Foster, o parlamentar Sammy Wilson, que disse a um jornal que Biden era "antibritânico", afirmação negada pela diretora do Conselho de Segurança Nacional dos EUA para a Europa, Amanda Sloat. "O presidente é um irlandês-americano muito orgulhoso. Mas também é um forte apoiador de nossa parceria bilateral com o Reino Unido", afirmou ela.

Um dos arquitetos do Acordo da Sexta-Feira Santa, o ex-premiê irlandês Bertie Ahern disse que era uma "grande pena" que a Assembleia da Irlanda do Norte não estivesse funcionando para receber Biden.

O acordo de paz de 1998 foi apoiado pelos EUA e encerrou 30 anos de derramamento de sangue entre nacionalistas católicos e protestantes sindicalistas partidários do domínio britânico. Mas o progresso político foi prejudicado por uma série de disputas —a mais recente foi a do brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia, que também estremeceu as relações entre Londres e Washington.

O elo entre Reino Unido e EUA é conhecido há muito como "relacionamento especial", mas o fracasso em chegar a um acordo de livre comércio após o brexit decepcionou alguns políticos britânicos.

Biden disse que o sistema de compartilhamento de poder continua fundamental para o futuro da Irlanda do Norte. "Espero que a Assembleia e o Executivo sejam restaurados em breve. Isso é um julgamento para vocês fazerem, não para mim, mas espero que aconteça", disse ele a uma audiência que incluiu os líderes dos cinco principais partidos políticos da Irlanda do Norte.

O DUP se tornou um dos principais focos da viagem devido ao seu boicote político —a sigla diz que não será pressionada a mudar de posição com a visita de um presidente dos EUA.

Com Reuters

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